Resenhas - Açúcar amargo

Clio0 29/09/2023

Do Trabalho e do Direito

É difícil dizer exatamente o quanto os jovens leitores da atualidade conseguiriam entender a realidade dessa obra de Luiz Puntel. O escritor, mais acostumado a contextualizar o quotidiano da década de oitenta, ainda tem um trabalho atual, porém sua escrita demanda, hoje em dia, de um saber específico que foi ainda mais marginalizado.

No mundo de hoje, quantas crianças sabem o que é um boia-fria? Tiveram suas casas sujas pelo picumã? Ou, em tempos de Jovem Aprendiz, entendem o valor e a dificuldade de estudar e trabalhar?

Açúcar Amargo retrata, através da jovem Marta, a luta por uma carteira assinada e pela brancura nos orçamentos feitos pelas usinas de cana-de-açúcar. É uma obra triste ainda que seja mais voltada para a informação.

Não sei se recomendo justamente por achar que qualquer um abaixo da idade de dezoito anos e/ou fora da região canavieira precisará, no mínimo, de um suplemento editorial.

ana beatriz 03/05/2021

Necessário!
Tipo de livro que a gente julga pela capa e não dá nada. Traz temáticas extremamente necessárias e de forma fluída. Me fez refletir muito.

Marcos Aurélio 13/08/2021

Uma história entre tantas semelhantes, do povo brasileiro
Marta é uma adolescente que mora em Catanduva, interior de São Paulo, com a família. O pai Pedro é trabalhador, e governa a família com mão forte, autoritárismo.

O Proálcool estava entre a segunda e a terceira fase do programa, que começou com a crise do petróleo, em 1973.

Os "gatos" eram agentes usados pelos usineiros para não pagar os direitos trabalhistas aos boias-frias. Os "gatos" exigiam produtividade alta, e obrigavam os trabalhadores a comprar ferramentas em locais determinados, além da roupa para trabalho. Muitos trabalhadores e trabalhadoras morreram em acidentes causados pelo transporte precário.

Luiz Puntel teve a coragem de tocar em assuntos polêmicos, a luta de classes, no fim da década de 80, que ainda respirava o ar de 21 anos de ditadura militar.

Marta, estudante dedicada, menina geniosa, forte, sonhadora e idealista. Não poupa esforços para ajudar a mãe, doente.

Pedro é administrador de um sítio, mas o fazendeiro requer a propriedade para plantio de cana e despeja a família, que se muda para Bebedouro, para trabalhar na colheita de laranja.

Pedro e Altair, único filho homem, trabalham na roça. Um dia Marta acorda atrasada para fazer a marmita do pai e do irmão, e atrasa a saída de ambos que precisam trocar de condução para chegar ao trabalho.

No caminho, um acidente mata vários trabalhadores, dentre eles Altair. Pedro culpa Marta pela morte do filho. Para fugir da lembrança, e com entressafra da Laranja, ele decide mudar com a família para Guariba, onde vai trabalhar como boia-fria nos canaviais.

Marta conhece Agenor, por quem se apaixona, e Tânia uma professora dedicada e compreensiva, de quem se torna amiga da menina.

A adolescente encontra uma forma de provar ao pai seu valor, estudando e trabalhando. A família se engaja na luta por melhores condições de trabalho e outro acidente os une definitivamente.

O plot twist acontece quando o mineiro “Mudinho” começa a trabalhar no canavial.

A história é excelente, bem escrita, carregada de sentimento. Dor, amor, paixão e o perdão.

Lembrei-me de quando ouvi pela primeira a expressão boia-fria. Foi uma reportagem apresentada no Canal 5, e a cena jamais me sairá da memória.

Uma mulher, com lenço amarrado na cabeça, camisa e calça comprida, e luvas. Nas mãos uma marmita de alumínio, com arroz, farinha e feijão, somente.

Duda 03/05/2021

Preferido
Eu amo muito esse livro, apesar de pouco conhecido, gostaria que todos pudessem ter a oportunidade de lê-lo.
Conta a história de uma família pobre, de boias-frias, fala sobre as raizes patriarcais, o machismo, a violência doméstica e contra os trabalhadores rurais, a realidade dos boias-frias, a desigualdade salarial...enfim, tantos assuntos importantes...
A leitura é super fácil e rápida, leiam já!

mell :) 05/05/2021

Agora é que a história começa
Já havia lido esse livro em 2018 e lembrava que tinha gostado muito. Decidi ler novamente e ver se minha opinião continuava a mesma.
A história se passa em cidades do interior, as quais muitos moradores trabalham como boias-frias. Marta, a personagem principal, é uma adolescente que não se dá muito bem com o pai e só vai a escola como um "favor" dele. Quando sua família precisa se mudar de cidade, sua vida também muda completamente.
Vários assuntos são abordados no livro, como: machismo, a importância de sindicatos trabalhistas e como a população pode reivindicar seus direitos por meio de greves, as transformações da adolescência, entre outros.
Pontos positivos: Mesmo com poucas páginas, há uma grande evolução dos personagens; O leitor consegue entender perfeitamente a situação dos boias-frias em relação aos salários, condições de vida, acidentes e até mesmo com os chamados Gatos; Gostei muito da Marta, que é uma personagem forte e determinada.
Pontos negativos: Acredito que a relação do Agenor e Marta tenha sido um pouco atropelada na história, não teve o desenvolvimento que eu esperava; Queria também ler mais sobre Tião, que aparece bastante no meio do livro e só volta no fim.
Para finalizar, gostaria de mencionar a homenagem que o autor fez para mulheres boias-frias que são símbolos de luta assim como Marta. Foi emocionante.
O livro é ótimo, rápido de ler e com escrita fácil. Recomendo!

Layla.Ribeiro 27/01/2021

Mesmo voltado para o público infanto-juvenil, é um livro que é necessário ser lido por todas as idades, trata de temas como exploração, péssimas condições de trabalhos, violação de direitos humanos, machismo e lutas de classes, se pensarmos no ano em que esse livro foi publicado, percebemos o quanto evoluímos em questão de direitos e principalmente sobre o Estatuto da Criança e Adolescente, criado 06 anos depois. A sensibilidade em que o autor nos apresenta esses temas, é maravilhoso, nos transporta de uma forma que sentimos nas pele os desafios dos boias-frias. Livro curto, podendo ser lido em poucos dias, ele é ideal para ser trabalhado em sala de aula. Super recomendo essa leitura, principalmente se você for o publico alvo do livro ou professor.

Mauricio 18/05/2020

Uma jovem e uma questão social
A história se passa nos anos 1980, portanto antes do advento da colheita mecanizada da cana, quando uma legião de trabalhadores vindos de todas as partes pobres do Brasil se deslocavam para o interior de SP em busca de trabalho na colheita da cana, mas também da laranja. Trata do drama pessoal de uma jovem tendo como pano de fundo a questão social do êxodo rural no estado de São Paulo, o machismo, a exploração do trabalho braçal, as lutas de classe. Uma história simples, escrita fácil, indicado portanto a adolescentes, mas a história por trás é uma dura realidade recente e que ainda hoje merece maiores estudos. Ainda hoje encontramos espalhadas em várias cidades essas pessoas que trabalhavam de bóias frias, como estão hoje? Seus filhos, suas famílias, etc?? Qual teria sido a consequência da revolução tecnológica da colheita mecanizada em suas vidas? - colheita mecanizada que teve maior difusão a partir dos anos 2000, recente portanto. Essa saída tecnológica por parte dos proprietários para uma questão sócioeconômica nem chegou a ser cogitada nesse livro, naquela época isso era uma realidade distante. Estudaram, encontraram empregos de melhor qualificação? Não há dúvidas que houveram melhorias, mas tudo isso são questões que merecem aprofundamentos e quem sabe novos pequenos (ou grandes) romances, mas com questões e dilemas contemporâneos.

Priscila S G 18/04/2009

Quando se é adolescente é bom ler livros sobre adolescentes. E de vez em quando é bom, pra variar, ler sobre adolescentes que estão fora do mundinho futilidade/curtição/inconsequência. "Açúcar Amargo" fala de uma menina que, além de estar às voltas com escola e amor, foi obrigada a ter maturidade e responsabilidade, e sacrificar muitas daquelas horas preguiçosas de que dispomos na flor da idade. Tem muita gente que deveria ler.

Kassia_rp 07/06/2009

Leitura obrigatória na infância!!

Dan Macêdo 30/05/2010

Realidade
Na atualidade, diariamente nos deparamos com a inércia do ativismo Juvenil, acomodação e conformismo, tal fato é gerado a partir da alienação e estereotipação dos costumes.

O nome do Livro decorre, da produção de cana-de-açucar, que gerará o açucar, a partir do suor de milhares de trabalhadores mal remunerados, e que estão presos a esse serviço, esse líquido , advém das almas, e da dignidade desse povo sofrido que respinga no açucar, e o deixa amargo. Sendo o reultado comercializado para produção de riquezas dos latifundiários e exclusão dos brasileiros.

Caso contrastante ocorre no presente livro, na qual, Marta (protagonista) enfrenta diversas emboscadas do destino em seu caminho. Sempre perseverante, a mesma não se deixa abater,levando seus ideais de igualdade, e executando-os para a luta de seus direitos.

O livro apresenta ideais ani-machista e de acesso a educação, retratando a realidade simples de uma cidade interiorana de São Paulo, movida pelo trabalho agrícola. Com a morte de seu irmão mais velho, na queda do Pau-de-arara que levava os boias-frias para a colheta da laranjá, a familia de Marta, passou a culpá-la de toda a situação, pois era mulher e acima de tudo desvalorizada pelo pai, devido não ser do sexo masculino. A partir e tal fato, a família mudou de cidade, passando a trabalhar no corte de cana. Marta por sua vez, reafirma seus valores, trabalhando disfarçada de homem no corte do canavial, trabalhando 10 vezes mais que qualquer outro peão, estuda a noite (contra a vontade de seu pai), e ainda vivencia uma vida amorosa com um peão, que também é seu colega de classe, culminando com a articulação de um maninfesto popular e enfretamento militar para melhores condições de trabalho. Por esses e outros motivos, esse livro está entre os meus favoritos!

"O Mudinho(Marta), pegou um feixe de lenha e quebrou com o joelho, em seguida, ele pegou vários feixes e lenha, e uniu-os, tentou quebrar e não conseguiu."

Art3mis 09/11/2021

Vale demais a leitura
Eu gosto bastante dos livros da série vaga-lume, pois quando era mais jovem comecei por eles. Esse em específico acabou chamando minha atenção pois tem várias características da série vaga-lume, protagonistas jovens, histórias curtas massss os que eu li traziam um contexto mais urbano, falando sobre mistério, romance, aventura e esse foi uma boa surpresa!

O livro se passa no interior de SP, trazendo a realidade dos boia fria (pessoas que trabalham recolhendo cana nos campos) que até então eu não conhecia, com uma protagonista forte que quer estudar porém os pais tem a convicção que estudo não põem comida na mesa. Mesmo com todas essas questões o livro conseguiu ser leve, dinâmico, fluido e meu único problema é que poderia ter tranquilamente 100 páginas a mais pra se aprofundar melhor em todas as questões levantadas, porém esses livros são direcionados a pré adolescentes com 12 anos, então faz sentido ser curtinho e trazer essa leveza e também gostei muito que trouxeram uma protagonista tão forte e inspiradora pra quem tá começando na leitura, mesmo juvenil trouxe assuntos muito importantes e que independente da idade vale a pena dar uma olhada.

Denise 06/09/2015

Emocionante
Foi o primeiro livro que li, emocionante história!

Paulo2093 01/04/2024

A doce e amarga vida de Marta

Um livro Infanto-Juvenil com um conteúdo adulto e sério e que infelizmente o problema acontece até os dias atuais, a difícil vida dos corredores de cana, chamados de: boia fria. E a bóia é fria mesmo, pois se levanta cedo, entro em um caminhão ou ônibus, geralmente em péssimos Estados e para ganharem um salário ou diária que mal dá para sua subsistência e de suas famílias. Hoje temos os maquinário que veio para o campo tirar milhares de empregos e gerando grandes lucros para a classe de empresários deste país, empresários estes que não sabem pegar em um facão, não acordam cedo para a labuta e não sabem a vida que leva um bóia fria.
O livro retrata a vida de Marta e sua família que são obrigados a fazerem parte do grande êxodo rural que existe neste país.Trabalhar e estudar não é fácil, ainda mais quando de trata de trabalhadores braçais, mas é essa a realidade em que vive, é nela que Marta vai perceber o sentido da luta social, o preconceito e o amor.
Um livro que nos emociona do começo ao fim. E com uma lição: a luta continua.

Rômulo Carvalho 29/05/2009

Mais um dos grandes livros da coleção vaga lume. Super interessante e bonita a história desse livro !

Vania :) 27/06/2010

Açúcar Amargo
Dos livros que li no início da minha adolescência, esse é um dos que me lembro bem! Recordo que fiquei impressionada com a situação social retratada no livro, não chegou a ser uma leitura prazerosa, acho que demorei bastante para terminar de lê-lo, mas com certeza foi marcante!