Sâmella Raissa 02/02/2016Resenha exclusiva para o blog SammySacionalO segundo livro da saga Doce Sonho Alado começa a partir de alguns meses à frente de onde terminara o primeiro livro, deixando o leitor com um ponto de interrogação sobre o que de fato havia acontecido anteriormente e como ele havia influenciado no presente momento. Agora, Evie e seus amigos retornam ao instituto para o sétimo ano do fundamental, bem como aos mistérios e questionamentos corriqueiros nos quais os professores e toda a instituição permanecem envolvidos. Somado à isso, uma nova aluna aguarda para adentrar ao instituto, vinda de um colégio rival do A. W. Sigma, que definitivamente irá causar alvoroço entre os estudantes e levantar ainda mais suspeitas sobre sua transferência repentina. Mas uma vez retomando o mistério do paradeiro de Christofer, após sua fuga no livro anterior, Evie e seus amigos se veem em um mistério cada vez mais abrangente e intrínseco, onde os pequenos detalhes podem fazer toda a diferença - para o bem ou para o mal.
A saga de Sheila Lima Wing havia chegado para mim, no ano passado, de forma despretensiosa, mas ao mesmo tempo intrigante por incitar o leitor a descobrir quais mistérios rodeiam a grande instituição de Último Wing e o que mais pode estar encoberto no passado dessa família. Se o primeiro livro, ainda que um tanto introdutório, já me deixou com um gostinho de 'quero mais' ao seu desfecho, com uma avaliação total de quatro estrelas, este segundo livro, no entanto, conseguiu ser ainda mais imprevisível e instigante, abrangendo cada vez mais mistérios e segredos que podem ou não estar direta ou indiretamente interligados à trama principal, e cabe à jovem Evangeline e seus amigos desvendarem, aos poucos, cada um deles.
“— Sabem, garotas, as pessoas desejam ser imortais, ou poder ficar invisíveis, ou voar sem a ajuda de aviões, ou ler a mente alheia; mas o melhor e mais perigoso superpoder será sempre a inteligência.”
Com uma avaliação final de cinco estrelas, Doce Sonho Efêmero me surpreendeu tanto quanto seu antecessor, ao aprofundar um pouco mais sobre os personagens, tanto os protagonistas bem como alguns dos secundários, como os amigos de Evie, e nos dar uma visão mais ampla da vida pessoal de cada um deles, levando o leitor à identificar-se senão com vários, mas ao menos um deles. Gostei principalmente, ainda, de ver que, não importa o quão certas realidades entre eles sejam distintas, a união do grupo como um todo permanece forte e, numa junção maravilhosa de personalidades diferentes, temos um conjunto de personagens que não apenas cativam o leitor, mas que são, também, muito autênticos e marcam uma presença muito firme no enredo, cada um a seu modo e a seu tempo.
Como citado anteriormente, o mistério apresentado no primeiro volume permanece mas, agora, com ainda mais abrangência por entre outros segredos escondidos, seja entre os professores da instituição, bem como a recém-chegada do Regium Alas, Morine McAndrews, e mesmo o próprio Último Wing. Novas indagações surgem em momentos inesperados, levando nossa protagonista a meter-se, cada vez mais, em uma trama ainda mais delicada e perigosa, ao passo que muitas das respostas requeridas exigem explorar um passado que muitos dos envolvidos anteriores desejam esquecer. E isso foi algo que, em determinado ponto, muito me agradou, por retratar personagens como Último Wing não como um completo vilão, mas como um ser humano comum que, porém, esconde segredos, assim como a mãe de Evie, Aurora, e que não deseja relembrá-los ou envolver-se em nada mais do que já está envolvida. No fim das contas, personagens como eles são tão simplesmente humanos, que o enredo e seu desenvolvimento tornam-se ainda mais naturais e mesmo críveis.
“Sonhos são, acima de tudo, a perdição daqueles que fogem da realidade e a força daqueles que tem a legítima coragem de lutar por eles.”
Mas conhecendo bem a Evie, isso não era toda a ponta do iceberg. Uma outra parte dela, não satisfeita, continua metendo-se, também, em encrencas no próprio instituto, chegando a bater de frente com Último e arriscar sua estadia no colégio e sua bolsa de estudos. Mas, uma vez determinada, ela permanece irredutível de suas ações e, mesmo compreendendo os riscos que ela corre em geral, Evie não abaixa a cabeça e se mantém ainda mais atenta e desconfiada à qualquer pista ou descuido ocasional. Admito que, por causa disso, diversas vezes tive vontade de gritar com ela para refrear-se um pouco mais e agir menos na impulsividade, porque por vezes as coisas pareceram sair de verdade dos trilhos, mas a verdade é que nossa protagonista, por mais criança que ainda possa ser, tem mais maturidade para enfrentar os fantasmas do passado dos que a rodeiam do que eles mesmos, e aos poucos, ganhando a confiança de mais alguns adultos em meio a instituição, ela acaba por desencadear uma verdadeira comoção atrás de respostas, ainda que de forma inicialmente tímida e sutil.
O desfecho, por outro lado, vem para estilhaçar as emoções do leitor, com algumas revelações inusitadas e acontecimentos inesperados que resultam em um único questionamento: o que vem a seguir? Se o primeiro livro já havia me deixado curiosa por este segundo, Doce Sonho Efêmero terminou da forma mais surpreendente possível, e eu não poderia estar mais ansiosa pelo terceiro volume da saga, Doce Sonho Letal, ainda sem previsão de lançamento. Definitivamente, Sheila Lima Wing não apenas evoluiu sua escrita, tão ágil e fluida quanto no primeiro livro, como, também, aprofundou ainda mais o pano de fundo geral do enredo e o que vejo a seguir é um mistério mais intrínseco do que o anteriormente imaginado, mas não menos bem construído e desenvolvido. Leitura da saga mais do que recomendada, sem dúvidas!
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