spoiler visualizarJessica1248 17/04/2018
Adorei muito ler esse livro, foi um dos primeiros do gênero e do autor que eu leio.
Acho que não tenho muito a falar no assunto, já que meus relacionamentos sempre foram familiares e de amizade. No entanto sempre é bom começar entender sobre algo que pensava ter conhecimento.
Partes abaixo são todas pertencentes ao livro.
Casais saudáveis se amam com um amor inteligente e não apenas com a emoção.
Relação saudável: estabilidade, aventura, um se curva em agradecimento ao outro, fazer o outro feliz e doa muito e se cobra pouco.
Afeto, diálogo e respeito mútuo.
Pessoas que amamos podem nos ferir nas raízes de nossa emoção.
Podem invadir a nossa psique e fragmentar nosso sentido existencial, imprimir culpa, fazer chantagens, nos deixar nos sentindo inúteis. Nós também, mesmo sem perceber, podemos traumatizar quem mais amamos.
Os maiores sabotadores de nossa qualidade de vida estão dentro de nós. Podemos ser livres por fora, mas algemados em nossa emoção.
O pensamento é o instrumento fundamental para interpretar, julgar, analisar, construir, excluir, incluir, doar-se, ser egoísta, ser seguro, fóbico, alegrar-se, entristecer-se, amar, odiar.
O pensamento consciente por ser virtual pode nos libertar para sermos criativos e nos estimular a construir modelos científicos, prever o futuro, resgatar o passado, criar personagens, mas paralelamente também pode nos aprisionar em cárceres surpreendentes. Seja porque somos criadores dos nossos maiores inimigos, seja porque podemos ser carrascos dos outros, diminuindo-os, julgando-os, excluindo-os.
Casais inteligentes, se conhecerem minimamente os bastidores da sua mente, terão mais facilidade de reconhecer o que distorce a realidade de seu parceiro, podem ter mais coragem para mapear seus erros e pedir desculpas um ao outro.
Casais inteligentes, por saberem como é fácil se prender em armadilhas mentais, falam entre si sobre o essencial, trocam experiências de vida, relatam seus sonhos, pesadelos, lágrimas.
Temos uma tendência enorme de apequenar quem pensa diferente de nós ou tem um modo de vida diferente do nosso. Muitos parceiros diminuem o outro porque não têm o mesmo nível intelectual, rapidez de raciocínio, ousadia, condição financeira.
Se doar, ser flexível, generoso, carismático, empático, não ser autopunitivo, libertar o imaginário, se aventurar e sonhar são experiências vitais para um ser humano ser bem resolvido e emocionalmente saudável.
De todos os lugares em que se praticam injustiças e se imprimem sofrimentos, o ambiente familiar é o mais insuspeito e o mais comum. Parceiros que levantam a voz, pressionam e constrangem o outro se encaixam no rol dessa infâmia. Estão aptos para conviver com máquinas, mas não para construir um romance saudável. RESPEITAR NÃO QUER DIZER SE CALAR. Nas sociedades livres, TEMOS O DIREITO DE EXPOR E NÃO IMPOR AS IDEIAS. REGULE SEU TOM DE VOZ, REGULE A PRESSÃO NAS PALAVRAS, FALE REGRADO PELO AFETO. Se não formos capazes de FALAR COM GENTILEZA, é melhor ficarmos calados.
Colocar-se no lugar dos outros, pensar antes de reagir, a solidariedade, a generosidade, o gerenciamento dos pensamentos.
Os egoístas e egocêntricos são dignos de compaixão, não são saudáveis, contraem a estabilidade e a profundidade emocional. De que adianta ser o mais rico de um cemitério, o mais abastado atolado na lama do mau humor, o mais bem-sucedido afogado nas águas da ansiedade?
Contribuir com nosso parceiro, filhos, alunos, amigos, colegas e a sociedade em que vivemos é vital para que possamos ser saudáveis e estáveis. Investir no outro é uma forma excelente de ser Freemind, de ter uma mente livre.
Conquistar primeiramente o território da emoção para só depois se voltar ao território da razão, a elogiar antes de criticar seus pares, a exaltar os valores antes de apontar os defeitos. Eles abririam o circuito da memória de quem pretendem corrigir. Deixariam de ser “adversários” e passariam a ser colaboradores.
O amor inteligente não pode ser uma praça de competição, mas uma praça de generosidade e de investimento mútuo.
É bom trabalhar e ter independência financeira.
Mas milhões de mulheres optaram por não trabalhar fora de casa para cuidar de seus filhos. São elas inferiores? De modo algum. Mas não poucas se sentem diminuídas quando perguntadas sobre o que fazem. Sentem-se desprestigiadas em relação ao parceiro ou parceira que trabalha fora. Entretanto, elas deveriam dizer, sob os aplausos do parceiro ou parceira, que administram a mais difícil e complexa empresa, a família. E que sua meta é a mais notável: formar filhos pensadores, formar sucessores capazes de construir um legado e não herdeiros imediatistas que exploram os pais e vivem à sombra deles.
Casais inteligentes são especialistas em cooperar um com o outro.
Casais saudáveis são experts em agradecer e ver o lado positivo um do outro.
Relação saudável se doa muito e se cobra pouco.
Atritos, frustrações, decepções, desentendimentos, críticas inapropriadas, erros, atitudes débeis, ainda que diminutas, fizeram, fazem e farão parte do cardápio de qualquer romance, inclusive dos mais poéticos e bem-sucedidos. O problema é a intensidade e a frequência desses estímulos estressantes. Sem reciclá-los não há como sobreviver.
Casais saudáveis se posicionam como eternos aprendizes.
Quando as pessoas radicais e difíceis caem do céu para a terra e aprendem a não ter medo das suas lágrimas nem de esquadrinhar suas falhas e loucuras, têm a grande oportunidade de fazer um ponto de inflexão na trajetória existencial, de reescrever sua história e de construir uma relação saudável. Os brutos também amam, mas sofrem e fazem sofrer quem está ao seu lado.
É muito mais confortável e gratificante ser flexível do que radical, doador do que egoísta, promover os outros do que diminuí-los, pedir desculpas do que dar desculpas, enfim reagir como um ser humano socioemocionalmente inteligente do que uma pessoa teimosa e autossuficiente.
Mas somos seres sensoriais, enxergamos aquilo que salta aos olhos. Não detectamos o intangível, os vampiros emocionais que sugam o melhor de nós e o que nosso parceiro ou parceira, filhos e alunos têm de melhor. Há pessoas agonizando perto de nós e não percebemos. E sequer perguntamos que monstros as asfixiam, que fantasmas as assombram. Desde que elas sorriam por fora, está tudo certo. Gostamos de disfarces.
Nos computadores entramos nos arquivos que queremos. Na memória humana isso é impossível. Entramos pelas vielas das janelas. O desafio é abrir o máximo de janelas para dar respostas inteligentes. Se as janelas não se abrem num determinado foco de tensão, podemos falhar numa prova ainda que saibamos toda a matéria, podemos tropeçar nas palavras quando tensos ainda que sejamos eloquentes, podemos machucar quem mais amamos, ainda que sejamos generosos.
Portanto, se você é impulsivo e tem a intenção de pensar antes de reagir, se é tímido e tem o desejo de ser seguro, se é hipersensível e pretende não sofrer tanto pelo que os outros pensam de você, se é crítico e tem o intuito de ser tolerante, saiba que o “inferno” emocional está cheio de boas intenções. Seus desejos não bastam. Você precisará treinar seu Eu todos os dias para usar as ferramentas aqui propostas.
Tem de haver AMBIÇÃO para se reciclar. Tem de ter ESTRATÉGIAS. Tem também de ter FOCO e CORAGEM. Toda pessoa intensamente traumatizada e que sonha em se reciclar tem de saber que, por mais sucesso que tenha, tem grande chance de recair, tropeçar e sentir-se impotente. E ao recair a atitude mais estúpida e que frequentemente tomamos é nos punir. Um Eu autopunitivo é um carrasco de si mesmo, presta um desserviço para a evolução de sua personalidade. Infelizmente somos mais autopunitivos do que encorajadores de nós mesmos. Alguns pensam em desistir de tudo de tanto que se atormentam e se cobram. Precisam ser mais generosos consigo.
Muitos casais estão dilacerados emocionalmente. Mesmo durante a mais longa tempestade emocional podemos ser treinados, equipados, para desvendar e apressar o mais belo amanhecer. Você domestica os fantasmas das fobias, da compulsão, da impulsividade? Você gerencia sua ansiedade, seu mau humor, seu conformismo? Você trabalha diariamente a impaciência, a intolerância às frustrações e o sofrimento por antecipação? Não há invernos que durem para sempre quando aprendemos a abandonar a condição de vítimas e passamos a reciclar os fantasmas emocionais e reescrever as janelas traumáticas.
O maior de todos os retornos que procuramos é o afeto, a retribuição e o reconhecimento dos outros quando nos doamos. Mas esse retorno nem sempre vem na velocidade e intensidade que desejamos. Por isso, os mais íntimos são os que mais podem nos frustrar, os mais próximos são os que mais podem imprimir as angústias da solidão social.
Se a sociedade nos abandona a solidão é tolerável, mas se nós mesmos nos abandonamos ela é insuportável.
Primeiro percebemos, observamos, apontamos, racionalizamos, assimilamos com os pensamentos, depois canalizamos a emoção. Se o pensamento estiver enviesado, contaminado e distorcido, a emoção também estará. E sinceramente, como veremos na segunda tese, ele sempre está contaminado. Não é possível pensar sem distorcer a própria construção de pensamentos, pois os primeiros dois fenômenos que, como vimos, leem a memória (gatilho e janela) e participam da construção dos pensamentos são inconscientes, de modo que não têm a participação direta do Eu ou da vontade consciente.
Há pessoas que a vida toda são escravas de suas emoções e de seus pensamentos mórbidos. Elas são livres por fora, mas aprisionadas por dentro. O Eu delas é lento e condescendente. O gatilho abriu janelas traumáticas que produzem ideias perturbadoras e sentimentos angustiantes, como raiva, ciúme, inveja, reação de timidez, e o Eu não faz nada, não reage, não impugna. Apenas assiste passivamente. Embarca ingenuamente no comboio de lixo produzido pelos fenômenos inconscientes que iniciam o processo de movimentação dos pensamentos e emoções.
Seus julgamentos nunca serão precisos para avaliar sua esposa e seus filhos, por mais que você seja um gestor maduro da sua mente. Suas críticas, ainda que pertinentes, terão flashes de injustiça em relação ao seu parceiro e aos amigos. Toda vez que julgamos, criticamos, condenamos, nós falhamos, ainda que minimamente.
Da próxima vez que for discutir saiba que VOCÊ NUNCA TERÁ A VERDADE EM SUAS MÃOS, pelo menos a verdade plena. Recolha as armas, pois você DISTORCERÁ A REALIDADE POR MAIS QUE ESTIVER CERTO. DA PRÓXIMA VEZ QUE FOR APONTAR FALHAS DO SEU PARCEIRO, SE NÃO O FIZER COM GENTILEZA, VOCÊ TERÁ GRANDE CHANCE DE PRODUZIR JANELAS KILLER TRAUMATIZANTES.
Você e eu erraremos menos se treinarmos a nos esvaziar dos preconceitos, nos colocar no lugar dos outros e procurar descobrir o que está nos bastidores da nossa mente. Erraremos menos se também usarmos estratégias não para mudá-los, como veremos, mas para influenciá-los para se reorganizarem a si mesmos e a produzir plataformas de janelas saudáveis.
Você percebe o outro virtualmente e não em sua essência, percebe comportamentos, mas não o seu prazer ou dor. Quando nos comunicamos usamos o instrumento da fala e dos gestos que são saturados de códigos, que indicarão nossos sentimentos, sonhos, projetos, expectativas, pensamentos, mas não veiculam nossa realidade. SE VOCÊ NÃO SE COMUNICAR BEM, SE NÃO APRENDER A SE ABRIR, SER SOLTO, TIRAR AS MÁSCARAS, VOCÊ ESTARÁ MAIS ISOLADO AINDA.
O amor está em queda livre quando a linguagem da alienação toma o lugar do diálogo, quando a linguagem dos atritos toma o lugar da compreensão, quando os julgamentos tomam espaço dos apoios. Nesse caso, o casal, que já está ilhado pela virtualidade do pensamento, estará mais isolado ainda devido às falhas na comunicação.
É que você nunca ama a integralidade da pessoa que escolheu para dividir sua história, mas apenas uma pequena parte da personalidade dessa pessoa.
E o pior leigo é aquele que acha que conhece o desconhecido. Nunca diga: “Eu sei com quem eu durmo e convivo!”. O pior cego é o que se atreve a mudar os outros com suas falsas e ineficientes habilidades. Estudaremos que a melhor maneira de piorar as pessoas é achar que somos psiquiatras ou psicólogos de plantão.
Toda emoção prazerosa se desorganizará, enfrentará o caos e se organizará em novas emoções, que pode ser ansiedade ou satisfação.
A mulher mais previsível e tranquila terá seus momentos de imprevisibilidade e tensão. O homem mais sereno e sensato terá suas reações tolas e estúpidas. Meu ponto é: todos nós temos um desequilíbrio psicodinâmico que anima o processo de construção das ideias e das experiências emocionais, mas esse processo não pode ser intenso, altamente flutuante ou seremos instáveis, volúveis e intensamente ansiosos.
Os sensatos também têm suas reações tolas, os tranquilos também são golpeados pela ansiedade. Mas ninguém suporta ganhar flores de manhã e à noite ser bombardeado por rejeições ou golpes de indiferença. Contrai-se a espontaneidade tão preciosa para a saúde emocional e social. É sofrível receber elogios num momento e críticas contundentes no outro. Ninguém é plenamente equilibrado, mas ser intensamente imprevisível é comprometer os alicerces de uma relação saudável.
A cola da paixão não é qualquer garantia de sobrevivência e estabilidade da relação. Faz-se necessário desenvolver habilidades da inteligência socioemocional para transformar conflitos em aprendizados, crises em experiências, perdas em ganhos, frustrações em afetos, enfim, distanciamentos em entrelaçamentos.
Os casais inteligentes se amam com um amor inteligente e não apenas com sentimento ardente. O amor ardente pode ser mais atraente, mas atração e repulsão, paixão e ódio estão muito próximos. Um amor mais calmo, “domesticável”, dosado pode não ser mais atraente, mas é mais estável e tem mais chance de durabilidade.
No psiquismo humano nada é imutável. Mas toda mudança concreta precisa de estratégia, uma nova agenda, caso contrário, como vimos, construiremos janelas solitárias no cérebro. E tais janelas são como cárceres privados. Raramente alguém viverá feliz se estiver confinado em uma residência. Cedo ou tarde ansiará ir para as ruas, frequentar lojas, visitar amigos, correr, respirar novos ares, trabalhar.
Do mesmo modo, viver em uma só janela ou endereço na cidade do cérebro é uma prisão. E o mais estranho é que, por não entendermos os bastidores da mente humana, queremos confinar quem amamos, em destaque o nosso parceiro ou parceira, no cárcere privado de nossas orientações, observações, apontamento de falhas. ACHAMOS INGENUAMENTE QUE, QUANDO CORRIGIMOS O PARCEIRO, NOSSA ESTRATÉGIA FUNCIONARÁ. E, COMO FALHAMOS, PASSAMOS A USAR ESTRATÉGIAS MAIS GROSSEIRAS PARA TENTAR MUDÁ-LO.
Não entendemos que ninguém muda ninguém. Temos o poder de piorar os outros e não de mudá-los.
Nós nunca mudamos alguém, ele mesmo se muda.
Uma vez estressados, usam o tom de voz para intimidar o parceiro ou parceira, filhos, amigos, alunos. Eles os traumatizam.
Uma pessoa frágil constrange os outros quando os corrige, enquanto uma pessoa forte os valoriza ao tentar contribuir com eles. Há pessoas que aumentam o tom de voz porque sabem que o outro é resistente, que não aceitará seus argumentos, reagirá mal, se debaterá. Portanto, essas pessoas entram em cena “armadas”, dominadas pelas janelas traumáticas, esperando as farpas vindas do outro. Tal atitude asfixia o Eu e o impede de abrir o leque da inteligência para encantar o outro.
Muitos casais no começo da relação são poetas da docilidade. Com o passar dos anos começam a elevar o tom de voz, gritar e vociferar. Tais atitudes não refletem o desejo de contribuir com quem amamos, mas sim de diminuí-lo, não desejam libertá-los, mas querem dominá-los, não desejam ensiná-los a pensar, mas querem adestrá-los para obedecer ordens. Toda vez que usamos essa estratégia, excitamos o fenômeno RAM a arquivar janelas killer, formando plataformas traumáticas que, além de não mudar o outro, expandem aquilo que mais detestamos nele.
Muitos homens e mulheres não são religiosos, mas são especialistas em passar sermões. São chatos, repetitivos, entediantes. Dizem as mesmas palavras, fazem as mesmas ameaças, apontam as mesmas advertências. Acham que é pelo excesso de palavras que mudarão o parceiro ou parceira. Não entendem que esses comportamentos fixos e obsessivos geram aversão em seu parceiro ou parceira.
Acreditar que o excesso de palavras muda o outro é tão imaturo como acreditar que sopros podem mudar um grande edifício. Palavras, ainda mais repetitivas, não refazem o edifício da personalidade.
Não existem mentes impenetráveis, mas chaves erradas.
Uma pessoa que repete as mesmas palavras faz com que o parceiro ou parceira se defenda de sua obsessão. Quando ela começa a desferir as primeiras cadeias de pensamentos, o outro se fecha para não suportar o sermão. Mas quando se critica excessivamente alguém não há como ele se defender. As palavras ferinas do excesso de crítica machucam intensamente, inibem, controlam, asfixiam quem amamos…
Jamais sentencie alguém com frases do tipo: “Você não tem jeito”, “Você só me decepciona!”, “Você sempre erra!”, “Já falei mil vezes, mas você não muda!”. Quem profere sentenças radicais ergue um tribunal de inquisição dentro de sua casa, escola, empresa.
Ainda que a pessoa com quem você convive seja difícil, complicada, arredia, teimosa e aparentemente incorrigível, você pode sobreviver com dignidade e até ter uma fonte de alegria se não tentar mudá-la a ferro e fogo. Relaxando e tentando outras estratégias, como a arte do carisma e da empatia, você pode ajudá-la a quebrar o círculo vicioso que a faz repetir determinados comportamentos. Casais saudáveis devem sempre lembrar que toda mente é um cofre, não existem cofres impenetráveis, mas chaves erradas. Não arrombe o cofre das pessoas, aprenda a descobrir as chaves corretas. Uma pessoa inteligente não muda os outros, muda a si mesma.
Nem sempre as comparações são verbalizadas, mas, ainda que sejam silenciosas ou subliminares, não deixam de ser destrutivas.
Ainda que eles sejam melhores em algumas áreas do que as pessoas com as quais convivemos, devemos entender que todo ser humano é como um solo e todo solo tem suas riquezas, umas visíveis, outras no subsolo.
Casais doentes diagnosticam os comportamentos difíceis um do outro, não têm ousadia e habilidade para penetrar em camadas mais profundas para extrair as jazidas soterradas nos escombros do parceiro ou parceira. São peritos em reclamar e atacar e não em garimpar.
Por detrás de uma pessoa que fere há uma pessoa ferida. Casais inteligentes deveriam ser parceiros do prazer, bem-estar, sonhos um do outro. Deveriam lutar pela felicidade de quem está ao seu lado, construir um diálogo inteligente para corrigir rotas e promover o ânimo. Chantagens e pressões esmagam essa possibilidade, retiram a suavidade da relação, asfixiam a confiabilidade. A sua relação é uma fonte de apoios ou um coliseu saturado de disputas?
Mas uma coisa é ser honesto com generosidade com o parceiro ou parceira, outra coisa é carregar nas palavras e ser autoritário, falar como um ditador, elevando o tom de voz, criticando e chantageando. É estranho, todos detestamos viver sob um ditador, mas não poucos o são com o parceiro e os filhos.
Quem pune a parceira ou parceiro de qualquer forma, sexual, financeira, física ou com palavras, está apto para ser um carrasco, um executor de sentenças, mas não para escrever uma bela história de amor.
De todas as estratégias erradas que os casais usam para mudar um ao outro, a mais sutil é fechar a cara, emburrar, acabrunhar, amargurar. Optar por um silêncio mordaz quando se está aborrecido é uma forma de retaliar o parceiro. Calar-se quando se está frustrado ou decepcionado só é uma atitude correta se o clima do casal num determinado momento estiver muito tenso, irracional. Nesse caso, faz-se o silêncio proativo: cala-se por fora, mas “se grita” por dentro, por exemplo fazendo o DCD (duvidar, criticar e determinar), duvidando de tudo o que nos controla, exercendo uma crítica contundente contra o fantasma da raiva, da ansiedade, do ciúme e determinando se autocontrolar.
Lembre que amamos o outro refletido em nós e não o outro em si. Lembre que, devido à consciência ser virtual, o outro, a não ser que nos fira fisicamente, não pode nos ferir emocional e intelectualmente, a menos que permitamos. Quem emburra joga para dentro de seu cérebro o lixo que detesta, materializa os estímulos virtuais, estressa o cérebro inutilmente.
Se não praticarmos um diálogo profundo e aberto para que possamos nos refletir um no outro com maturidade, nosso amor será instável, circunstancial, condicional, doente.
Casais desinteligentes entram em falência não por falta de amor, mas por falta de inteligência, por não saberem proteger a memória e a emoção um do outro. Casais inteligentes não colocam seus conflitos debaixo do tapete do tempo, esperando o conflito passar, crendo que os atritos logo se abrandarão e eles voltarão a ser dois pombinhos. Os conflitos não resolvidos vão para debaixo do tapete do tempo e, ao mesmo tempo, para os bastidores da memória e serão arquivados pelo fenômeno RAM. Essa técnica os torna pombinhos hoje, mas pouco a pouco os converterá em dois felinos que se agredirão drasticamente por pequenas coisas amanhã.
Gatilho da memória e as janelas da memória.
Nos primeiros 30 segundos de tensão, sob a égide de críticas, ofensas, contrariedades, dispara-se o gatilho e abre-se uma janela traumática. Se essa janela tiver um alto volume de ansiedade, o circuito da memória se fechará, levando-nos a reagir como animais, com algumas doses de irracionalidade. A síndrome CIFE-K, por fechar o circuito da memória, leva o Homo sapiens a reagir orientado pelo insano fenômeno da ação-reação, do bateu-levou. Palavras que jamais deveríamos dizer a quem amamos são ditas nesses cálidos momentos. Qual é a sua atitude quando alguém o decepciona? O seu Eu é gerente do seu estresse?
Tudo o que não é utilizado na MUC, se não for substituído, e frequentemente não o é, torna-se a ME (memória existencial ou inconsciente).
A MUC representa uma pequena porém fundamental parte da memória humana, pois seu banco de dados nutre as atividades intelectuais e emocionais diárias. Portanto, a MUC representa o centro consciente.
Mas lembre que o pensamento é sempre contaminado pelo tipo de personalidade (quem sou), pelo ambiente emocional (como estou), pelo ambiente motivacional (o que desejo) e, entre outros, pelo ambiente social (onde estou). Mudando essas variáveis, mudam-se os pensamentos e, consequentemente, os comportamentos. Portanto, não revelamos o que somos em ambientes controlados.
Cuidado! Pequenos atritos hoje, se não forem RECICLADOS, tornam-se grandes ofensas amanhã. Pequenas ameaças de separação hoje causam grandes rupturas amanhã. Pequenas chantagens hoje formam núcleos traumáticos tão grandes que causam a falência do relacionamento amanhã.
A solidão é a mola propulsora da criatividade e das relações sociais. Como comentei, você pode ter se frustrado nas suas últimas relações sociais, mas não deixará de procurá-las, mesmo tendo um alto risco de se decepcionar novamente.
Calam-se porque não sabem transferir o capital das suas experiências. Silenciam-se porque são analfabetos emocionais, não sabem falar de suas lágrimas, intimidade, conflitos.
A CIFE-K ocorre porque fechamos o circuito da memória numa pequeníssima área de leitura, como uma janela killer que contém medo, compulsão, dependência, raiva, frustração. Por sua vez, a CIFE-P não é uma síndrome que bloqueia o processo de leitura imediato nos levando a reagir, a pensar, a nos comportar instintivamente, mas circunscreve a leitura da memória num grupo de janelas que, ainda que não sejam traumáticas, transformam a existência num canteiro de tédio, destituído de aventuras, prelúdio, prazer, criatividade e inspiração.
Todo ser humano ciumento tem um medo exagerado da perda e, portanto, já perdeu.
Perdeu o quê? Sua autoestima, autodeterminação, autoimagem. Alguns têm medo que seu parceiro voe alto, de modo que, em vez de incentivar seus sonhos, lhes corta as asas. Essa atitude insana e inumana faz com que deixem ser admirados e, assim, eles sufocam o romance.
Reitero: uma pessoa conformista fere profundamente seu parceiro sem usar objeto contundente, asfixia o parceiro sem tirar seu oxigênio. Uma relação saudável, profunda e feliz precisa de superação das manias, da timidez, rigidez, fobias, mesmice, precisa ainda de doses de aventura e sonho. O conformista primeiramente é um algoz de si e depois de quem ama.
Casais saudáveis têm a emoção protegida, não são hipersensíveis. Dão descontos quando o outro está irritado, não levam a vida a ferro e fogo. Não se perturbam por picuinhas. Sabem que de vez em quando quem está a seu lado será incoerente, entrará numa janela killer, fechará o circuito da memória e reagirá sem pensar. Sabem também que eles mesmos serão vítimas do mesmo processo.
Não revelam suas mágoas, não falam dos seus conflitos, não segredam seus medos. Não sou contra presentear o parceiro ou parceira, porque isso é uma forma de agradar, mostrar afeto. Mas, se você quiser cultivar o amor no sentido mais pleno, o melhor caminho não é dar presentes, mas dar o seu próprio ser. É falar das suas lágrimas para que seu parceiro aprenda a chorar as dele, pois cedo ou tarde as lágrimas serão choradas. É comentar sobre suas perdas e seus fracassos para que sua parceira entenda que ninguém é digno do sucesso se não usar suas crises para alcançá-la.
Quando um parceiro ou parceira é muito ansioso e não tem habilidade para gerenciar sua ansiedade e proteger sua emoção, ele ou ela pode canalizar a ansiedade no ato de ter, no ato de comprar, no consumismo. O consumismo fecha o circuito da memória, libera endorfina, gera o prazer e, no momento seguinte, fomenta o sentimento de culpa. O ciclo se repete pois é viciante.
O consumismo desestabiliza primeiramente a emoção da pessoa consumista, depois as finanças do casal e em seguida os fundamentos do romance. Eternas discussões e infindáveis reclamações ocupam o espaço da serenidade e do prazer. É fundamental mapear os conflitos, admitir o problema, romper o cárcere da CIFE-P. Quando o consumista tem consciência de seu conflito e a mínima maturidade emocional, ele entrega as finanças ao parceiro mais responsável por cuidar do dinheiro. A paz volta a reinar.
A sexualidade é uma história e não um ato. É um reflexo do amor e não somente do instinto. Antes e durante o ato sexual saudável deve-se promover elogios, segredar afetos, exaltar o valor, a troca, estimular a admiração mútua. O orgasmo emocional vem antes do orgasmo biológico. O texto e as vírgulas vêm antes do ponto final.
Um excelente engenheiro socioemocional tem três níveis: ser agradável, ser admirável e ser encantador. Para ser agradável tem de ser simpático, para ser admirável tem de ser carismático e para ser encantador tem de ir para o terceiro estágio, ser empático.
Engana-se ainda quem pensa que o verdadeiro amor supera espontaneamente temores, crises, ciúmes e conflitos sem a necessidade de apelar para as funções da inteligência. O amor sempre surge em pessoas imperfeitas. E para que o amor seja verdadeiro se faz necessário que as pessoas imperfeitas reconheçam seus erros, corrijam suas rotas, reciclem seu egoísmo, peçam desculpas. Sem esses instrumentos um amor verdadeiro adquire ares de fragilidade.
Todos os dias os casais deveriam se tocar, dar um bom-dia, alegrar-se com a presença do outro.
Os simpáticos são especialistas em relaxar seu cônjuge, veem o lado bom de tudo, inclusive quando eles ou o parceiro erram, tropeçam e quebram a cara. Dão risadas da estupidez um do outro. Não levam a vida a ferro e fogo. Serão eternamente lembrados pelos seus íntimos por sua alegria e espontaneidade. São cultivadores de janelas light.
Viver com alguém simpático é um convite a relaxar, viver com uma pessoa carismática é um convite a se amadurecer. Os carismáticos, portanto, são propagadores da felicidade dos outros.
Um casal deve aprender a elogiar diariamente um ao outro, com palavras como “Parabéns, você foi amável e generoso!”, “Fiquei feliz com sua dedicação!”, “Sua preocupação comigo me encanta!”. Ser carismático é simples e impactante. É usar um poderoso instrumento psicológico inconsciente, é provocar o fenômeno RAM para formar núcleos saudáveis de habitação do Eu nas matrizes da memória. Não é uma técnica que deve ser aplicada raramente, mas deve fazer parte do portfólio existencial e da agenda diária de cada ser humano.
Nunca é demais recordar: os simpáticos são agradáveis, os carismáticos são admiráveis. Os primeiros são poetas do bom humor, os últimos são poetas da promoção. Você é um garimpeiro de ouro no solo das pessoas que ama? Aproveita as oportunidades para admirá-las e tornar-se admirável? Jamais se esqueça de que uma pessoa comum dá presentes em datas esperadas, mas uma pessoa carismática é especial e torna especial quem ama todos os dias.
Ser empático é um passo além de ser simpático e carismático. É ser um distribuidor espontâneo de sabedoria e da arte de surpreender. É ser um transferidor do capital das experiências. Sua voz é branda, mas impactante. Seus comportamentos são generosos, mas penetrantes.
Os empáticos são mentes de rara inteligência, sensibilidade e humildade. Seu objetivo não é ganhar as discussões, mas conquistar as pessoas. São tão sábios que mesmo quando o mundo desaba sobre si estão ensinando a arte de pensar.
Os empáticos não têm a necessidade neurótica de estar sempre certos. São capazes de perguntar: “Onde foi que eu machuquei você e não soube?”. São tão surpreendentes que não têm medo de pedir desculpas nem de dizer: “Eu amo você, dê-me uma nova chance”.
Outro ponto importantíssimo que as mulheres devem atentar é que ser empáticas implica não encerrar o diálogo quando feridas, frustradas, decepcionadas. Se houver clima para falar, se o ambiente não estiver excessivamente estressante, elas devem expor abertamente seus pensamentos e sentimentos. Calar-se nesse caso é um crime contra a solução dos problemas. Mas tanto homens como mulheres devem usar estratégias em ambientes difíceis.
Precisam regular o tom de voz, não carregar nas palavras, não chantagear, não comparar, não ser repetitivos. E, além disso, jamais fazer generalizações do tipo: “Você não tem jeito”, “Você sempre erra!”. Essas generalizações são apelativas e inumanas, humilham o parceiro ou parceira, encerram o diálogo e arquivam janelas killer. Ao contrário, o cônjuge empático deve elogiar antes de expor falhas, ser altruísta antes de tratar de problemas.
Seres humanos empáticos são altruístas, equilibrados e proativos. E por serem proativos saem à superfície das relações sociais e perguntam com frequência para seu parceiro: “O que posso fazer para ajudá-lo a ser mais feliz?”, “Que medos e pesadelos o assombram e eu desconheço?”, “Conte comigo sem receios, estou aqui para compreender e não para julgar”. Eles surpreendem e encantam o parceiro. Por isso, são capazes de dizer frequentemente: “Obrigado por existir!”. Eles se refletem no outro de forma poderosa.
Procurar pelo outro, relacionar-se com ele, sentir amor, respeito, reconhecimento, exaltação, acolhimento, apoio, compreensão são manifestações conscientes saudáveis desses fenômenos inconscientes. Já rejeição, raiva, ódio, ciúme, discriminação, exclusão, humilhação são manifestações conscientes doentias da necessidade vital desse ser ilhado e que procura ser incansavelmente social. Ricos e miseráveis, reis e súditos, psiquiatras e pacientes, enfim, todos nós somos seres sociais não apenas porque o desejamos, mas porque é inevitável sê-lo.
A qualidade das pontes sociais determina a qualidade de nossas relações e de nossa emoção. O vazio, o tédio, a falta de sentido de vida, o humor depressivo, o complexo de inferioridade, a autopunição são manifestações frustradas do desejo incontrolável do ser humano de ser parte do outro, tocá-lo, assimilá-lo.
O que fazer? Desistir? Jamais. Até porque nós também não somos perfeitos. Nós também somos complicados e estressamos os outros. Devemos entender que toda mente é um cofre, não existem mentes impenetráveis, mas chaves corretas. Infelizmente somos especialistas em arrombar o cofre das pessoas. Ser simpático, carismático, empático, superar o cárcere do fenômeno bateu-levou (CIFE-K), superar o cárcere da rotina (CIFE-P), resolver os mais diversos níveis de solidão
E o que é ser um agiota da emoção? São os parceiros que se doam à parceira e vice-versa, mas cobram caro por isso. Exigem distinta atenção, querem um retorno intenso e reconhecimento completo. Têm a necessidade neurótica de que seus colegas de trabalho e, em destaque, seu cônjuge e filhos vivam na sua órbita.
Quem é autor da sua história não cobra excessivamente, não constrange seus pares, não controla quem ama. Cobranças excessivas passam pela utilização das ferramentas erradas já comentadas: aumento do tom de voz, sermões, chantagens, punições, comparações e excesso de críticas. Todas essas estratégias estimulam o fenômeno RAM a arquivar janelas traumáticas, cristalizando características inapropriadas.
É mais feliz quem perdoa mais e cobra menos. É mais saudável quem reconhece a própria estupidez e procura corrigi-la. É mais estável quem investe o melhor do que tem naqueles que pouco têm. As pessoas que você hoje levanta e abraça poderão ser as que um dia o levantarão e abraçarão.
Doe-se sem medo para o seu parceiro ou parceira, mas diminua ao máximo a expectativa de retorno. Lembre que cobrar muito dos outros os traumatiza e esperar muito deles é traumatizante. Ser um agiota da emoção dos outros é ser um carrasco deles, ter expectativas enormes em relação aos outros é ser algoz de si mesmo.
“Meu cofre psíquico não é terra de ninguém. Minha mente é um solo que tem proprietário. Nenhuma exclusão, decepção, traição, humilhação, crise social e financeira vai me tornar um carrasco de mim mesmo”.
Quando eu decepcionei você e não soube?
O que eu devo fazer para tornar você mais feliz?
Como posso irrigar mais os seus sonhos?
Como posso contribuir com sua autoimagem e sua autoestima?
Desculpe-me, eu falhei.
Obrigado por você existir e participar da minha história.