Roque Santeiro ou o berço do herói

Roque Santeiro ou o berço do herói Dias Gomes




Resenhas - O Berço do Herói


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Angela 25/07/2021

A história dos bastidores d’O berço do Herói é, por vezes, mais interessante do que a própria peça teatral.
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Escrita em 1963 por Dias Gomes, a peça deveria ser encenada em 1965, mas foi censurada pelo governo militar. Em 1975 o autor resolveu adaptar a obra para a televisão e, novamente, foi proibida. Dez anos depois, 1985, com o país vivendo um processo de redemocratização, a novela Roque Santeiro foi ao ar, e pelo sucesso imediato, a peça foi retrabalhada.

A peça de teatro abordava o mito do herói, o herói militar, um tema delicado e sensível para aquele momento no Brasil. Dias Gomes até tentou burlar a censura dando um novo título a peça, “Roque Santeiro”, como também trocou os nomes de quase todas as personagens, além de transformar o protagonista, um cabo da força brasileira (no roteiro original), num fazedor de santos de barros, um santeiro; mas quando descoberto, Dias Gomes teve a prisão decretada.
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A peça “O berço do Herói” é uma comédia política, dividida em 2 atos e 13 quadros, e satiriza um herói mítico por meio de uma farsa.

Numa pequena cidade na Bahia, o militar Cabo Jorge foi elevado ao posto de herói quando todos acreditaram que ele morreu defendendo a honra da pátria num combate durante a Segunda Guerra Mundial. Desde então, a cidade foi rebatizada com o nome do herói, Cabo Jorge, e o local passou a ser palco de grandes atrações de romeiros; uma casa de prostituição foi criada aumentando a popularidade do local, o turismo tornou-se a principal fonte de renda da cidade Cabo Jorge e a economia se desenvolveu em virtude (também) de exploração da fé dos visitantes. Cabo Roque é visto como um herói cultuado e concebido como um verdadeiro santo. A lenda do herói cresceu tanto que ficou maior que a cidade.

Depois de dez anos, Cabo Jorge aparece em Cabo Jorge, surpreendentemente, após a lei de anistia ter sido aprovada. O grupo dominante da cidade de Cabo Jorge, - o padre, o major, o prefeito, a que se diz viúva do Cabo, o vigário, as beatas e as prostitutas - , descobrem que o herói não morreu, ele fugiu, e quando a verdade fosse descoberta, a lenda e a cidade morreriam. Logo, o grupo pensa numa maneira de reverter aquela situação, mas de um modo positivo para eles, buscando a melhor forma de contar ao cabo que ele arruinou o comércio e a indústria de Cabo Jorge (cidade) e preferiam que ele não tivesse aparecido.
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Eu gostei d’O berço do Herói, é engraçada, por ser uma peça de teatro a obra é construída com muitos diálogos, é fácil de ler, mas (talvez) por ser uma história tão conhecida, não me surpreendeu tanto como “O pagador de Promessas”, uma outra peça de Dias Gomes que eu tenho como livro favorito. Valeu mais a experiência de leitura por conhecer a história por trás da lenda do herói.
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Digas de León 08/08/2023

Falta uma bossa
Dias Gomes e Nelson Rodrigues brigavam pra ver quem era o maior escritor do Brasil. Nelson dizia que Dias não era o maior escritor do Brasil nem na casa dele, já que Dias Gomes era casado com a escritora de novelas Janete Clair. E cá esta a prova que Nelson estava certo... Falta uma bossa, uma graça, um remelexo nesse texto teatral... Coisa que a novela tem de sobra... Sei lá, achei meia boca
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Debby 03/09/2023

Meu segundo Dias Gomes, me encanto e dou boas risadas ao ler suas peças. Enquanto lia comecei a assistir a novela, muito bom conhecer a peça que deu origem. A leitura é rápida e vale muito a pena!
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Ariana87 10/08/2022

Primeiro contato
Meu primeiro Dias Gomes.
E nossa, é muito bom (o meu clube do Castor nunca erra na escolha).
No geral, eu não sou muito fã de ler teatro (exceto Shakespeare e Dante), mas isso aqui me impressionou, na verdade eu finalmente entendi o sucesso das novelas que surgiram a partir daqui.
Cabo Jorge é um personagem que eu gostei muito ele é um "herói" muito humano. Toma atitudes humanas até demais.
Quanto aos demais personagens, nenhum presta, mas não deixam de serem humanos.
Eu fiquei um pouco me questionando sobre o que ocorreu naquela cidade, se é possível mesmo uma cidade crescer em torno da ideia de um pseudo herói e sinceramente acho que isso acontece todo dia, em todos os lugares desse país.
O herói não precisa ser necessariamente do mesmo jeito que o Cabo Jorge, mas criamos mitos diariamente. É a nossa natureza. Precisamos de algo para acreditar e seguir ou acabamos sem norte.
Quanto ao desfecho, eu sabia que aquilo ia acontecer, mas fiquei surpresa quando aconteceu (quem entenderá).
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MF (Blog Terminei de Ler) 17/07/2020

A peça de teatro adaptada para telenovela de sucesso, censurada pela Ditadura Militar, que teve como atriz protagonista uma entusiasta do mesmo regime
Peça “O berço do herói” de Dias Gomes, originalmente publicada em 1965, que posteriormente passou a ser conhecida pelo nome de “Roque Santeiro”, devido ao sucesso de sua adaptação como telenovela pela Rede Globo, entre os anos de 1985 e 1986.

TRAMA

Na peça, durante a campanha militar da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, Cabo Roque, em um surto de nacionalismo repentino, assim interpretado pelos companheiros, em meio a uma batalha na Itália, sai em disparada em direção às tropas inimigas, desaparecendo no meio do conflito e dado como morto.

A notícia de sua morte heroica chega até a pequena cidade onde ele nasceu. Influenciada pelo ocorrido, monumentos passam a ser rebatizados como “Cabo Roque”. A própria cidade é rebatizada com o nome do falecido herói soldado. O ocorrido passa a influenciar, inclusive, o turismo e consequentemente a economia local.

A confusão se instaura quando, cerca de 20 anos depois, Cabo Roque, que não morreu, resolve voltar à cidade e confessa que, na realidade, ele fugiu com medo da batalha, vivendo todo esse tempo na Europa, onde foi acolhido por uma italiana. Quem não gosta nada disso é o prefeito da cidade, Chico Malta, e sua amante, Porcina, que se tornou “viúva” do Cabo Roque sem ter tido um relacionamento, de fato, com ele, apenas por ganância.

CENSURA E TELENOVELA

A peça sofreu com processos de censuras já a partir de 1963. Em vários momentos, montagens foram proibidas de serem encenadas no dia de estreia. O autor, Dias Gomes, precisou, em diversas oportunidades, prestar esclarecimentos aos militares, respondendo a questionamentos burocráticos kafkianos de toda natureza. Em um anexo da edição que tenho em mãos, ele conta boa parte desse processo. Provavelmente, os militares se sentiram incomodados com a retratação do protagonista, um combatente da FEB, como um covarde, em um momento em que os militares assumiam o comando do país de forma criminosa e antidemocrática.

Em meados de 1975, a emissora de TV Rede Globo iniciou a gravação de uma telenovela, adaptando a peça de Dias Gomes. Dirigida por Daniel Filho, teria no elenco Francisco Cuoco no papel de Roque Santeiro (o Cabo Roque), Lima Duarte como Sinhozinho Malta (o Chico Malta) e Betty Faria como viúva Porcina. Entretanto, a censura da Ditadura Militar impediu a exibição da telenovela. A proibição veio no dia de sua estreia, através de um ofício emitido pelo DOPS (1), quando já tinham sido gravados 30 capítulos. Devido a isso, a Rede Globo precisou exibir uma reprise da telenovela “Selva de Pedra” (de Janete Clair), para dar tempo de escrever e filmar outra telenovela, “Pecado Capital” (também de Janete Clair), exibida entre 1975 e 1976.

Dez anos depois, com a Ditadura Militar caminhando para um final melancólico, entregando um país falido e tendo crimes de toda a natureza (inclusive contra a humanidade) nas costas, a Rede Globo tentou lançar uma nova adaptação da peça. Como diretor, saiu Daniel Filho e entraram quatro diretores (Paulo Ubiratan, Gonzaga Blota, Marcos Paulo e Jayme Monjardim). No trio de atores principais, no papel de Roque Santeiro, entrou José Wilker. No papel de Sinhozinho Malta, Lima Duarte continuou no papel. Por sua vez, a viúva Porcina passou a ser interpretada por Regina Duarte.

A segunda versão da telenovela foi um sucesso de audiência (até hoje, a mais assistida da Rede Globo), sendo reprisada em outras oportunidades e, frequentemente, é considerada uma das melhores já feitas. Foi exibida também em outros países.

Por causa desse sucesso, Dias Gomes, em edições posteriores da peça (como a que eu li), incluiu o título de “Roque Santeiro” junto com o título original, “O berço do herói”. Ele também incorporou textos da telenovela na peça, em momentos específicos. Um bom exemplo disso é o bordão “tô certo ou tô errado?”, criado por Lima Duarte para o Sinhozinho Malta.

Não posso deixar de citar, na presente resenha, o fato curioso e repulsivo de que a atriz Regina Duarte, mesmo ciente de todas essas ações de censura (e até intimidação) com colegas de trabalho, sempre defendeu a Ditadura. Filha de um militar, ela recebe mensalmente uma pensão por tal condição. Nas eleições presidenciais de 2002, fez vídeo de propaganda política contra o então candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) Luís Inácio Lula da Silva, que viria a ser eleito. Regina Duarte participou ativamente de manifestações políticas após as Jornadas de Junho de 2013, principalmente nos protestos que culminaram no golpe que derrubou a presidente Dilma Rousseff em 2016. Em anos recentes, apoiou abertamente o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro e, num governo caótico e hostil nas questões culturais, recebeu dele a função de Secretária de Cultura. Na função, teve desempenho pífio e o auge disso foi uma vergonhosa/constrangedora entrevista concedida por Regina Duarte à emissora de televisão CNN Brasil, na qual ela fez pouco caso da Ditadura Militar e os homicídios cometidos, chegando a cantar um dos jingles ufanistas do regime.

UMA REPRESENTAÇÃO DA REALIDADE BRASILEIRA E CONCLUSÃO

Como o título original da peça sugere, o tema que Dias Gomes trabalha é o da formação do herói. Para o autor, o herói é um produto fabricado para atender interesses. Na trama, a construção da figura do herói serve para favorecer os interesses gananciosos de uma elite.

O herói construído favorece os privilégios de vários tipos de componentes da elite: a classe política, a religião predominante e o meio militar. A população fica no meio disso, aceitando a narrativa criada como realidade, sendo refém das consequências da farsa.

Quando toda a realidade é fundamentada em mentiras, a verdade, representada no retorno do Cabo Roque, representa uma séria ameaça. Trata-se de uma ameaça à rede de privilégios criada em torno da mentira, bem como à frágil aliança entre setores criada em torno da mesma.

O texto de Dias Gomes, de certa forma, tenta representar a realidade típica de grande parte das cidades do Brasil, onde temos um pequeno grupo de agentes que determinam os rumos de cada município. Temos a figura do prefeito, geralmente uma pessoa rica e com posses, a figura do padre/pastor que mantem o povo unido, a classe média/rica, que se beneficia do status quo de privilégios obtidos com o restante da população, desinformada, se mantém apática, alheia ao jogo de interesses que permeia as relações da elite, que ditarão os rumos da cidade.

Olhar para a própria realidade injusta é um tema espinhoso. Por isso, provavelmente, Dias Gomes utiliza o humor como alicerce da narrativa, característica que se manteve na telenovela. O fato interessante é que a comédia, nesse sentido, facilita a assimilação da mensagem, principalmente por parte das camadas menos privilegiadas da sociedade. Estaria aí a razão do sucesso de “Roque Santeiro”, visto que o povo se viu representado? Provavelmente sim.

Com texto inteligente e provocativo, mostrando a hipocrisia e o jogo de interesses que rege a realidade brasileira, com uma boa dose de humor e sarcasmo, “Roque Santeiro” ou “O berço do herói” é uma peça necessária, um convite à reflexão e uma experiência literária ótima.

(1) Departamento de Ordem Política e Social foi um órgão do Governo Federal criado em 1924, utilizado durante o regime autoritário Estado Novo e a Ditadura Militar, para a prática de censuras, com a desculpa estapafúrdia de garantir a disciplina e ordem no país.

P.S.: Livro lido em fevereiro. Resenha escrita em maio de 2020.
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Paulascrap 08/10/2022

Para ler em um dia !..
"Não acredito nisso. Não posso acreditar que um homem seja mais útil morto do que vivo " Cabo Jorge

📌 Roque Santeiro foi uma de minhas novelas favoritas e por isso estava bem curiosa por essa leitura, Nunca li Dias Gomes e o formato de peça não dos meus favoritos mas foi uma graça surpresa.

📌 Cabo Jorge foi considerado morto na guerra e com isso a cidade lucrou muito, tudo girava em torno desse heroísmo, do comércio a igreja, e até de uma falsa viúva - Antonieta.

📌 E quando o herói aparece vivo a cidade entra em polovrosa, o prejuízo era coisa certa para todos.. e agora o que eles poderiam fazer para que ele continuasse morto!....

📌 Uma leitura rápida, divertida , uma comédia política explorando a esperteza e mau caráter do ser humano, e no meu caso impossível de dissociar da víuva Porcina e Roque Santeiro, senti falta de uma leitura maior..

#diasgomes #roquesanteiro #oberçodoherói #leianacionais
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Maria - Blog Pétalas de Liberdade 02/12/2015

Cabo Jorge
O livro traz o texto da peça de teatro censurada em 1965. A história se passa na década de 50. Uma pequena cidade do interior passou a se chamar Cabo Jorge, nome de um de seus moradores que foi lutar na Segunda Guerra Mundial e acabou morto em combate após um ato de heroísmo. A cidade ganhou fama pela bravura de seu soldado, e o turismo passou a ser a principal fonte de renda de Cabo Jorge.

Porém, 10 anos depois, eis que o Cabo Jorge aparece em Cabo Jorge, após ser aprovada uma lei de anistia. Ele não tinha fugido, tinha desertado! E o que aconteceria na cidade quando a verdade fosse descoberta? Seria a ruína da economia local?

MAJOR
Atentem nisso: há dez anos que esta cidade vive de uma lenda. Uma lenda que cresceu e ficou maior que ela. Hoje, a lenda e a cidade são a mesma coisa.
ANTONIETA
Que tem isso? Você acha que...
MAJOR
Na hora em que o povo descobrir que Cabo Jorge está vivo, a lenda está morta. E com a lenda, a cidade também vai morrer. (página 82)

O Major (manda-chuva da cidade), o prefeito, Antonieta (que se apresentava como viúva do cabo, mas que não tinha se casado de verdade com ele), o vigário (que aproveitava as datas de nascimento e morte de Jorge para fazer quermesses e arrecadar donativos para sua igreja) e até as prostitutas (que se aproveitavam do turismo para ganhar a vida) seriam os que mais perderiam com a volta do Cabo Jorge e a descoberta da verdade. Por isso, tinham que encontrar uma forma de reverter a situação de forma positiva para eles, mas será que acabaria tudo bem para o Cabo Jorge? O que ele acharia de sua identidade como herói? Quais teriam sido os reais motivos para sua volta?

CABO JORGE
Estou zonzo... não sei como puderam inventar toda essa história. (Subitamente, começa a rir) Herói... virei herói... imagino a cara dessa gente agora, quando me vir. Vão passar sebo nas canelas, pensando que é assombração.
ANTONIETA
(Ri também) Pensando bem, vai ser engraçado. Mudaram o nome da cidade, levantaram estátua, escreveram livro, reportagem, fizeram fita de cinema... e você está vivo. Tanto discurso, tanta festa, tanta coisa... (página 71)

Talvez vocês saibam que O Berço do Herói foi a base para a novela Roque Santeiro, também de Dias Gomes, que iria ao ar em 1975, mas foi barrada pela ditadura e só pode ser exibida 10 anos depois. Eu vi a novela quando reprisou e gostava bastante da história, o que foi um dos motivos que me fizeram querer ler o livro. Ele e a novela tem muitas diferenças, obviamente, na adaptação há outros personagens e tramas paralelas nos mais de 200 capítulos, eu li as pouco mais de 150 páginas de O Berço do Herói em poucas horas.

MAJOR
Você era um soldado.
CABO JORGE
E eu nasci soldado?
MAJOR
Ninguém nasceu. Mas muitos souberam morrer como soldados.
CABO JORGE
Não vai querer me passar sermão agora, vai? Sei que, na sua opinião, o que fiz foi indigno. Talvez tenha feito coisas ainda piores para não morrer. E o que fizeram comigo, em nome da democracia, da liberdade, da civilização cristã e de tantas outras palavras, palavras, nada mais que palavras? Ora, não me venham com acusações porque, eu sim, se quisesse, tinha muito que acusar. (página 75)

Eu gostei muito do livro e recomendo, já havia lido outros que são o texto de peças teatrais e gosto do gênero. O Berço do Herói é dividido em atos e subdividido em quadros, há poucas descrições e muito diálogo, o que torna a leitura rápida, mas sem empobrecer a imaginação dos cenários. Foi uma leitura muito proveitosa, divertida e cativante, com partes bem humoradas mas também com vários pontos que me fizeram refletir sobre até onde as pessoas podem ir por seus interesses.

Apesar de uma pequena suspeita de como a história terminaria, me animei com cada reviravolta que ia surgindo e mostrava a possibilidade de um desfecho diferente ou que me colocava em dúvida sobre o caráter de um determinado personagem. Teve momentos em que eu quis entrar na história e chacoalhar um determinado personagem, para fazê-lo enxergar o que estava para acontecer, de tão conectada a história que eu estava. Admiro muito a capacidade do autor de conduzir tão bem a trama em um livro curto e composto quase que exclusivamente por diálogos.

CABO JORGE
(...) Nisso está o seu grande mérito, e sua valentia, pois é preciso coragem, muita coragem, pra sentir um medo tão grande. Ah!, se todos os homens fossem capazes de um medão assim, não haveria no mundo lugar pros covardes, e a guerra seria enxotada da face da terra. (página 72)

Eu achei a capa do livro bem bonita, especialmente pela cor escolhida, o título e o nome do autor estão em alto-relevo. Não encontrei erros de revisão; a diagramação está ótima, com margens, espaçamento e letras de bom tamanho; as páginas são amareladas (além de O Berço do Herói, a Bertand Brasil lançou edições novas e bonitas de outros livros do autor e outros clássicos).

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2015/12/resenha-livro-o-berco-do-heroi-dias.html
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ricardo_22 05/12/2015

Resenha para o blog Over Shock
O Berço do Herói, Dias Gomes, 6ª edição, Rio de Janeiro-RJ: Bertrand Brasil, 2015, 154 páginas.

Cabo Jorge, morto na Itália durante a guerra, se tornou herói em sua cidade natal, que venera a sua bravura diante dos nazistas. Isso encheu de orgulho o coração da pátria e sua cidade, modesta e perdida no interior do país, adotou o nome de Cabo Jorge, passando a ser um centro turístico e a realizar diversas comemorações em homenagem ao filho ilustre.

Porém, anos depois, o militar reaparece na cidade, como se tudo não passasse de uma grande brincadeira. A verdade é que ele apenas foi ferido em combate e fugiu da luta, mas a volta do Cabo Jorge (o cabo) pode arruinar o comércio e a indústria de Cabo Jorge (a cidade), destruindo os interesses de muitas pessoas.

“(...) Cabo Jorge pertence a esta nossa geração que, muito antes de chegar à idade da razão, recebeu a notícia, jamais dada a outros antes de nós: o homem adquiriu o poder de destruir a humanidade. Num mundo assim, que poderá desaparecer de um momento para outro, ao simples premir de um botão, certos conceitos de heroísmo, de dignidade, lhe parecem absurdos, ridículos (...)” (pág. 52).
Ter em mãos uma obra de Dias Gomes significa apreciar o que de melhor foi produzido no teatro durante a segunda metade do século passado, ainda mais se tratando de O Berço do Herói, peça que deu origem a uma das novelas de maior sucesso da televisão brasileira. Mas no meu caso em especial, ter em mãos uma obra de Dias Gomes significa corrigir o erro de desconhecer por completo a obra escrita de um dos imortais da literatura brasileira.

O Berço do Herói teve sua primeira montagem em 1965 e, embora tenha como pano de fundo a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, não deixa de fazer o seu papel crítico ao tratar a influência militar na sociedade brasileira. Essa crítica acontece quase nas entrelinhas, por isso que, em outros tempos, poderia talvez até ser ignorada, mas na ocasião vivíamos sob um regime militar que anos mais tarde inclusive impediria a exibição da novela “Roque Santeiro” (1975), novela essa que seria regravada dez anos mais tarde.

Mesmo tantos anos depois, é possível afirmar categoricamente que O Berço do Herói é uma obra atemporal. O contexto histórico pode até nos revelar personagens que na teoria não se enquadrariam na atual sociedade, mas ao se aprofundar em cada uma delas ficou claro que representam muito mais do que personagens ficcionais. Mesmo sem todos os recursos de uma obra em prosa, Dias Gomes construiu personagens excepcionais e memoráveis.

Uma dessas personagens não poderia ser outra que não Cabo Jorge. O que de melhor ele tem a passar vem exatamente de todas as personagens que por interesses próprios constroem a imagem de um santo e depois, com a sua volta, precisam encontrar uma solução prática para que nada venha por água abaixo. De herói Cabo Jorge não tem absolutamente nada e em sua essência revela a profundidade que resume bem o que é encontrado de bom e ruim em cada ser humano, sendo assim uma personagem verdadeira a ponto de instigar a essência das personagens que o cerca. Prova disso é o desfecho da história!

site: http://www.overshockblog.com.br/2015/12/resenha-358-o-berco-do-heroi.html
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Mariane 06/12/2015

O Berço do Herói foi escrito na forma de teatro, com 15 personagens (mais alguns personagens neutros que representem o povo da cidade em determinadas cenas) e o cenário envolve 4 locais de ação (praça da cidade, os 2 bordéis e a casa da viúva). A peça é dividida em 2 atos, totalizando 13 quadros e o reaparecimento do Cabo ocorre no início, no 3º quadro.

Salvo algumas modificações no enredo, como nomes de personagens e a ênfase a eventos diversos, as histórias do livro e da representação na novela são próximas em seus conteúdos. As características do discurso nordestino são muito evidentes e tornam a leitura marcante e prazerosa, não só com a presença das gírias locais, mas com o andamento dos diálogos, que são rápidos e entrelaçados.

site: http://estanteinsolita.blogspot.com.br/2015/12/o-berco-do-heroi-dias-gomes.html
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tray 15/12/2017

atualidade do poder
"o texto de Dias Gomes é escandaloso, expõe a alma brasileira, expõe os falsos moralistas, um texto atual, que mostra a falta de caráter de quem está no poder, terceira peça que leio dele e saiu com a sensação de que estou lendo algo super atual."
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EvaíOliveira 16/11/2019

Obra crítica e censurada
Mesmo sendo censurada a peça em 1965 e a novela em 1975, Dias finalmente conseguiu adaptar para a TV em 1985, com várias diferenças de elementos do livro, enfim...
A peça demonstra um povo aproveitador e até certo ponto medíocre em achar que tinham direitos sobre a "imagem" de Roque, de um lado. Do outro lado, tem um prefeito que não manda na cidade, pois vive na sombra do coronel (talvez uma crítica ao coronelismo).
Vale a peça ler.
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Kelly 15/02/2024

Sobre O berço do herói
Um soldado apavorado com a ideia de morrer na guerra resolve fugir.
Na sua cidade natal, chega a informação (errada) de que ele morreu como um herói!
A pequena cidade ganha fama, cresce e recebe recursos do governo, afinal seu conterrâneo é um herói e o turismo só cresce. Prefeito, vigário, major, cafetina, todos lucram muito com o avanço da cidade devido a morte do cabo.
Dez anos depois, o desertor volta e coloca em risco toda a vida boa que os chefões tem, com ele vivo não há mais do que se orgulhar, não há mais progresso, não há mais recursos, qual a solução para não perder a mamata?
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#leitura #livrosvidaelar #diasgomes #obercodoheroi
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Ratinha de Biblioteca 17/11/2020

Brasileiros, leiam!
Se Shakespeare é leitura obrigatória para leitores de língua inglesa, o teatro de Dias Gomes deveria ser leitura obrigatória para brasileiros! Ler esse livro escrito na década de 60 nos faz sentir que o país está parado no tempo.
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Carlos Henri 24/07/2021

Uma sátira com críticas que valem até os dias de hoje, é incrível como ainda se mantém muito atual. Alem de ser muito divertido e rápido de se ler.
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Júlia 03/08/2021

É meio estranho estranho ler uma peça, mas matou minha curiosidade. O mais legal foi descobrir a história da peça e da novela na vida real.
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