A possibilidade de uma ilha

A possibilidade de uma ilha Michel Houellebecq




Resenhas - A Possibilidade de uma Ilha


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Roberta 25/02/2012

La Possibilite d’une ile – Michel Houellebecq
Daniel é um sujeito sarcástico que usa o humor para filosofar e criticar a sociedade. Suas criações humorísticas são de relativo sucesso, porém não são capazes de obscurecer o entendimento a cerca de si próprio. Daniel critica sujeitos de meia idade que terminam casamentos falidos em troca de relacionamentos emocionalmente corrosivos, e o pior, faz igual.

Durante sua crise de idade, onde suas ações hipócritas não fogem do lugar-comum, ele descobre que a velhice e o abandono, cada vez mais precoces na sociedade, são a morte do espírito do Homem.

Desnorteado, acaba se filiando a uma tal seita elomita e acaba se tornando sua “celebridade propaganda” (algo como Tom Cruise e a Cientologia). E o resultado deste encontro é um diário dos acontecimentos de sua vida.

2000 anos depois, Daniel 24, e Daniel 25, clones da 24a e 25a geração de Daniel 1, continuam seus diários, porém estes são apenas conclusões e divagações dos textos de Daniel 1, que é a fonte de sabedoria da Era da Razão, governada pelos clones daqueles que foram os fundadores da Seita Elomita.

Daniel 24 e 25 vivem num mundo onde a sociedade podre, corrupta, suja e doente já não existe mais. Os que sobraram desta espécie são tratados apenas como primatas selvagens. Será que este foi o caminho certo da evolução?

Os capítulos do livro são intercalados, se em um Daniel 1 comenta algo particular da sua vida, no capítulo seguinte Daniel 24 ou 25 irá comentá-lo. E aí está a grandeza do livro, pois os 2000 anos que separam estas gerações se faz presente na narrativa, o que aumenta e dá validade a experiência.

E o que os capítulos abrangem: a decadência geral da sociedade (economia, moral, religião, ética), o alvorecer e resultado do que seja a Era da Razão.

Apenas um detalhe: para ilustrar os muitos aspectos do Homem durante a narrativa, o sexo é assunto principal para tratar do tema, o que deixa o livro em um limiar entre a análise e a pornografia, porém, nada muito chocante.
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Egídio Pizarro 06/01/2014

Muito interessante
Peguei esse livro sem grandes expectativas - esperava, aliás, que fosse uma grande perda de tempo. E na verdade foi uma grata surpresa, porque o conteúdo filosófico aqui é bem interessante e há várias passagens marcantes.

Vale a pena.
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jota 08/03/2016

Muitas possibilidades...
Todo homem é uma ilha? Pode ser. Nenhum homem é uma ilha. Também pode ser. Embora aqui as questões não sejam exatamente essas, mas a possibilidade de que uma pessoa possa viver a vida eterna.

Especialmente se ela pertencer à seita dos elohimitas, “que acreditam piamente no ser humano como fruto da visita dos extraterrestres Elohim.” E a vida eterna se torna possível através da clonagem, a transformação dos humanos em neo-humanos.

Como ocorre com o narrador Daniel, a princípio um tanto cético e depois um adepto desse modo de vida, que tem características muito estranhas, claro. Grande parte do livro fica então parecendo ficção científica ou algo semelhante. Mas como foi escrito por Michel Houellebecq não poderia deixar de ter também muito sexo (beirando a pornografia várias vezes), religião, política, filosofia, ironia, diálogos afiados etc.

Mesmo depois de transformado num neo-humano, a certa altura Daniel tristemente conclui que “(...) continuava sem renunciar ao que havia sido ao longo de toda a minha carreira: uma espécie de Zaratustra da classe média.” Quer dizer, também tem lá certa dosagem de humor, terreno no qual MH também pisa com firmeza.

Porém A Possibilidade de Uma Ilha não me atingiu tanto quanto eu esperava (embora se recupere bastante nas melancólicas páginas finais, especialmente pelo que acontece ao cãozinho Fox), diferentemente do que havia ocorrido com os outros dois livros de MH que li tempos atrás, Partículas Elementares e O Mapa e o Território, ótimos.

Nem sempre muito animado atravessei as quase 480 páginas dessa história que me provocava lembranças de livros tão diferentes quanto A Ilha e Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley), O Planeta dos Macacos (Pierre Boulle) e Não me Abandone Jamais (Kazuo Ishiguro), e sinceramente não tenho certeza se eles têm mesmo muito a ver com esta obra de MH. Talvez apenas o “climão” futurista, não sei bem. Lembrando que Daniel não fala em futuro mas sim em Os Futuros, com maiúsculas...

Enfim, gostei de algumas partes do livro, não do todo, mas tenho de reconhecer que se trata de um livro provocante, como os demais que MH escreveu, e que ao final é impossível ao leitor sair indiferente da leitura: coisas (perguntas, ideias) ficam martelando nossa cabeça por algum tempo depois da última página...

Lido entre 03 e 08/03/2016. Nota: 3,7.
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Sam 27/05/2016

Romance sobre o futuro da humanidade
Michel Houellebecq nos coloca em um espelho no seu livro. Nos mostra como o Marxismo Cultural criou uma série de viciados em consumo, tanto de produtos quanto de sexo.
Em a Possibilidade de uma Ilha, Daniel, um ser humano normal (tirando o fato de ser rico) nos mostra os efeitos de uma sociedade doente, que vive em função do consumo, em que o sexo é superestimado como redenção e busca por felicidade é o único objetivo. Mostra o declino psicológico de um homem, que se sente marginalizado por estar envelhecendo e o seu apego a “pequenas ilhas” de felicidade e utilidade, como a religião “Elohim”, uma seita derivada da Cientologia que, devido a política egocêntrica da nossa geração, acabou por fazer muito sucesso, com sua proposta de colocar o Deus no Eu. Nessa religião estão os segredos dos clones de Daniel, que em alternância com os diários do primeiro Daniel, nos mostram como esse comportamento generalizado destruiu a humanidade.
Um livro muito atual e realista, é uma leitura pesada para politicamente corretos, pois deixa claro o mal que esse tipo de política trás.
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