Carol Cristina | @blogacdh 09/02/2015A Lenda é o primeiro volume da série A Grande Aventura, do super simpático autor Luiz Amato. Livro esse que me lembrou aqueles filmes tipo A Lenda do Tesouro Perdido e O Código da Vinci, que eu adoro, aliás.
A história começa quando tremores de terra atingem a Itália, na região da Gruta di Cane. Boatos correm entre os moradores de que esta caverna é mal assombrada e habitada por criaturas amedrontadoras, que capturam almas pecadoras. Esses boatos chegam ao Padre Ângelo da igreja de Roma, onde existe o Setor de Lendas, que cuida de crenças, fenômenos e mitos como esse. A dupla Paulo e Lazlo é chamada para a investigação do caso, e após passarem alguns perigos na gruta, encontram alguns ossos e uma arca com pergaminhos antigos. Depois de analisados, é constatado que estes pergaminhos datam de "antes de tudo". Como eu disse, esse é só o comecinho do mistério, a partir daí tem de tudo nessa história ;)
"A igreja católica em Roma, tem membros com as mais diversas atribuições, como padres que cuidam da parte administrativa, ou pacientes irmãos que escrevem sua história. Padre Ângelo tinha uma atividade bem definida e, do ponto de vista da maioria dos seus "superiores", de suma importância. Era o responsável pelo departamento denominado, nos meios burocráticos, de "estudos equacionais". Porém ele e sua equipe gostavam de tratá-lo por um nome bem mais simples: "Setor de Lendas"."
Nacional surpreendente pra quem gosta de enigmas, mistério, suspense e altas aventuras; A Lenda leva o leitor para épocas e lugares dos mais inusitados. Difícil acreditar que coube tudo em um livro! (apesar de ser uma trilogia, rs)
Com capítulos curtos que facilitam o ritmo e entendimento da leitura, e a narrativa instigante e inteligente do autor, A Lenda foi um livro que me ajudou a ver além das minhas preferências de leitura.
Um elemento diferente do livro que eu gostei muito foi a mistura entre religião e ciência na história, que podia ser simples assim na vida real, haha. Mas ainda acho que a Igreja Católica realmente deve ter algo como o Setor de Lendas XD Outra coisa foi o foco não só no lado histórico das coisas, mas o acréscimo da ficção científica também.
Sabem aquela hora no livro ou filme em que os personagens estão tentando desvendar algum enigma, e aí eles começam a falar um monte de coisas que você não consegue acompanhar o raciocínio, mas têm lógica no final? hahaha Então, admiro quem cria esse tipo de coisa (e cara, imagina a pesquisa por trás disso? :O), e o Luiz faz isso muito bem no livro, ele parece ser muito inteligente e gostar muito de matemática. Dito isso, apesar da "menina de humanas" aqui ter ficado perdida em alguns momentos, a história é muito interessante e te deixa curioso pelas resoluções.
Sobre os pontos negativos, começo falando das descrições. Eu tenho um lado totalmente pessoal que não gosta de páginas e páginas descrevendo um lugar (sendo exagerada) nos livros, o que também afeta meu lado "escritora": faço ótimos diálogos mas sou super objetiva nas descrições, rs. Mas isso é de cada leitor. O problema desse livro é que ele já é descritivo por natureza, mas ainda tem um elemento a mais: as descrições numéricas. Coloquei um exemplo abaixo e isso acontece em vários momentos do livro, principalmente no começo. Enfim, achei um pouco exagerado e acabou me incomodando =/
"As estantes eram dispostas em quatro lances principais de dois metros e meio cada, subdivididas em cinco fileiras de meio metro. Começavam a partir de três metros do piso, totalizando treze metros de altura."
Quanto à edição, A Lenda foi publicado através da Amazon (acho que o Luiz foi um dos primeiros autores a publicar por lá, assim que anunciaram o serviço). O livro tem as páginas amareladas \o/, e a diagramação é simples, com duas falhas que podem ser consertadas na próxima edição: a falta de numeração das páginas e o corpo do texto não-justificado. A capa do livro eu acho condizente com a história, mas igualmente simples. Também encontrei alguns erros no texto.
Já os personagens foram um caso à parte. Como já foi citado existem vários padres na história, e também criaturas estranhas. Eu não consegui me conectar ou me identificar com os personagens do livro, até o doutor Watters e seu companheiro Sahij aparecerem. Foram dois personagens com os quais simpatizei muito, e a partir da entrada deles a história ficou melhor ainda e mais divertida. Acredito que se eles não existissem o livro não seria o que é.
Segundo ponto, muito curioso: a ausência de personagens femininas na história :O Pra não dizer ausência total, tem uma sábia chamada Fratter Tercanjullus que aparece rapidamente, e depois a integrante do grupo chamado "Los Sinistros" (sem explicações spoilerentas kk) chamada Janis B Smith, que é mencionada no final do livro e provavelmente será explorada no segundo, assim como esse grupo. Sei lá, nunca tinha lido um livro com tantos homens e praticamente nenhuma mulher XD
Legal num livro é que quando você pensa que as coisas estão se resolvendo, vem uma reviravolta e mostra que só estão começando. Por esse primeiro volume deu pra perceber que ainda tem muitas descobertas pela frente, foi um livro mais introdutório mesmo. O final te deixa muito ansioso para ler a sequência, até porque nem um terço dos problemas foram resolvidos ainda.
Fazendo uma retrospectiva geral da leitura, fiquei com a impressão de que faltou algum elemento para encantar "de uma vez por todas" o leitor, mas não sei dizer exatamente o quê. Considerando minhas observações e dando crédito pela história super criativa, retirei 1 estrela da avaliação.
Luiz, muito obrigada pela oportunidade de ler seu livro, e leitores, preparem-se para "A Jornada" (vol. 2)!
"Eles começavam a se movimentar. A possibilidade de descobertas deixava o ambiente como que eletrizado. Parecia haver bem mais que os onze padres."
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