Naty__ 07/12/2014Para compreender melhor o que o segundo livro retrata, é necessário que você leia a resenha do primeiro. Mão de Ferro é o segundo volume da trilogia Coração de Pedra. Enquanto no primeiro livro temos a presença do protagonista George lutando para sobreviver, sendo injustiçado por um aluno e seu professor; além de ter que enfrentar estátuas que querem tirar sua vida e outras que querem ajudá-lo. No segundo livro o que predomina é a relação entre as pedras, deixando enredo bastante fascinante e a história eletrizante.
Logo no início da obra, somos apresentados a uma verdade nua e crua sobre o pai de Edie, isso me sensibilizou de maneira profunda. O autor enfatiza isso e pude captar que nem sempre devemos julgar as pessoas pelos seus atos. O que a garota vivencia é algo bastante forte; o que ela precisou fazer jamais deve ser apontado e julgado. Cada um tem suas razões e o autor enfoca isso de maneira implícita.
Na realidade, Fletcher mostra que nem tudo é o que parece. Os atos de filantropia podem surgir de qualquer espécie, tanto de humanos quanto de estátuas. Aqueles que estão atuando como maus, não quer dizer que o sejam o tempo todo; assim como aqueles que estão praticando a bondade, não quer dizer que façam em tempo integral. Esse é um dos pontos que chamou a minha atenção na obra.
“Então, ela cuspiu em seco na mão e deixou o punho de bronze se fechar sobre ela. Ficou surpresa em sentir como o metal era macio, quente e suave. [...] E por um instante ela se perguntou se tinha inconscientemente traído George de alguma forma” (p.127).
Enquanto no primeiro livro o trio estava sempre junto, neste segundo isso não acontece com frequência. Edie fica sozinha de um lado, George do outro e o Artilheiro também. Embora George não queira deixar Edie, já que todos estão enfrentando seus medos e confiar em alguém é uma questão de correr riscos, em alguns momentos da obra isso era necessário. Isso fez com que o livro ficasse com mais suspense, porque enquanto o foco de personagem é alterado, eu ansiava para saber o que aconteceria no instante seguinte. Eles passam por vários momentos de tensão, o que deixa o leitor ansioso para o desfecho.
Fletcher tem um jeito único de descrever os cenários e podemos percorrer Londres sem sair do lugar. Sua descrição é incrível, ele disseca de modo que adentramos na história e não queremos mais sair dela. Essa descrição minuciosa torna a narrativa um pouco lenta, porém, não minimiza a qualidade da história.
Neste livro, novas ameaças surgem, como já era de prever. Eles deparam-se com armadilhas perversas do brutal Caminhante, assim como precisam enfrentar o Touro Matador. As provas são desafiadoras e é preciso muita garra para enfrentar o que vem por aí. Não apenas Edie e George passarão por isso, o Artilheiro também atuará e ajudará seus amigos nessa longa estrada.
“- Mas agora que tenho uma fagulha e uma Mão de Ferro, poderei atravessar o obstáculo que há três séculos vem me impedindo de abrir as portas do Espelho” (p.283).
Achei os personagens bem trabalhados assim como no primeiro livro. O ritmo de leitura é um pouco lento, em alguns momentos, como mencionei. Porém, senti que as ações tiveram o mesmo clima do livro anterior, o que é um grande ponto para o autor. Os personagens, mesmo fatigados, precisam lutar para salvar a própria vida e essa adrenalina é passada de forma magnífica. Dá vontade de entrar na história e salvar todos eles. Contudo, como não é possível, fiquei na torcida enquanto lia.
A capa do livro é muito gamante e dá vontade de ficar olhando para ela por horas. Tem relevo, brilho e um efeito completamente diferente de tudo que já vi. A primeira capa da trilogia é bonita, mas não chega nem aos pés desta do segundo volume. A diagramação segue o mesmo padrão. O tamanho da fonte, o espaçamento, a margem e as folhas amareladas proporcionam uma leitura agradável e que não cansa a visão.
O final do livro deixou um gostinho de quero mais e só me resta esperar um bom tempo para o final dessa trilogia fantástica, já que este segundo volume acaba de ser lançado. Não perca tempo e adquira os dois livros e embarque nessa aventura você também!
“O Artilheiro aguardava pela morte certa. Sua parte humana permanecia entorpecida com o horror iminente do afogamento. A claustrofobia do tubo castigava. A terrível impossibilidade de um último suspiro... Sua parte estátua sabia que o dia estava terminando, e que sua morte como um cuspido estava por vir” (p.317).