Resenhas - Anatomia do Poder

Isotilia 17/01/2014

Galbraith é um destruidor de ilusões
Conheci este economista canadense lendo "Economia para quase todos". Achei muito interessante, fui pesquisar no Google e descobri que ele escreveu mais de 60 livros durante toda a sua vida. Decidi ler mais uma obra para conhecer mais. E confirmei a minha opinião de que ele é um gênio.
As ideias dele são de que o acionista, o dono da empresa, o presidente, etc não exercem muito poder na sociedade atual. Eles são no máximo, em algumas condições, um poder moderador. O verdadeiro poder está na organização, na estrutura organizacional (que ele chama de "tecno-estrutura") através de sua burocracia, suas reuniões, suas comissões, etc.
Para Galbraith, existem três formas de poder: a personalidade, a propriedade e a organização. E com certeza, a mais proeminentes nos dias atuais é a organização. Para justificar a sua opinião, ele cita estudos de caso como o Exército norte-americano e a Igrejas (interessantíssimos). E ele explica como muitas pessoas tem ilusão de poder e não poder de fato, porque ainda temos resquícios do culto ao poder da personalidade e porque é interessante para o ego de quem serve a alguém (um presidente, por exemplo) ressaltar o seu próprio poder.
Eu me senti muito inocente por só descobrir isso agora, depois de 4 anos numa grande organização. E isso explica muita coisa. Explica porque as pessoas endeusam o vice-presidente de engenharia e efetivamente ele é uma pessoa quase sem poder de decisão. Meu antigo chefe acreditava que o o Fitipaldi era dono da Marcopolo e o Gugu era dono do Graal. E se você pesquisar a fundo vai descobrir que essas organizações não tem dono (no sentido estrito). Elas são controladas por estruturas dentro de outras estruturas. Mas as pessoas precisam acreditar no dono ou no presidente, ter uma personalidade para adorar (devido à resquícios da nossa cultura onde poder estava na personalidade e na propriedade).