Luiza Helena (@balaiodebabados) 19/07/2017Originalmente postada em https://balaiodebabados.blogspot.com.br/Porque, apesar do que aprendi e do que fiz, ainda sou a garota de Cinco Lagos que quer liderar e ajudar meu país. E ainda há muito por fazer.
E é com essa citação que termina A Formatura e chegamos ao fim da distopia mais injustiçada que encontrei na vida.
A Formatura começa no exato momento que terminou Estudo Independente. O começo do livro pode ser um tanto parado, se comparado com tudo que aconteceu na reta final do anterior. Mas quando os tiros começam, saí de baixo que eles não vão parar tão cedo.
À Cia foi da uma missão bem no estilo mesmo de missão impossível. Ela pondera sobre aceitar ou não realizar, mas no fundo já sabe sua decisão. E é nessa decisão que vemos o quanto a personagem mudou desde o começo da história.
Cia ainda é aquela menina que saiu de Cinco Lagos com o propósito de ajudar a reconstruir Comunidade Unida, mas depois de tudo que ela e seus amigos passaram, ela também nutre um desejo de vingança a todos os responsáveis pelas atrocidades que viveram. E esse desejo é o que a move para realizar certas ações.
Para realizar o que lhe foi pedido, ela terá que ir contra o conselho de seu pai: não confiar em ninguém. Mas Cia sabe que ela não pode e não é capaz de realizar tudo sozinha, então ela confia em seus instintos e coloca sua confiança - e sua vida - nas mãos de alguns personagens.
A única pessoa que ela pode contar em Tosu City é Tomas. Apesar da relação deles estar um pouco balançada no livro anterior, aqui ela pondera e entende o porquê de Tomas ter escondido algumas coisas dela. Depois de tudo que eles passaram juntos desde que saíram de Cinco Lagos, não é fácil viver e relembrar de alguns acontecimentos.
Volto a repetir que Cia é uma das melhores mocinhas de distopias que já li. Em certos momentos, ela me lembra bastante June (Legend) com seu raciocínio rápido e capacidade de separar o emocional do racional. Com toda a experiência que viveu n'O Teste e o que passou depois que entrou na universidade, ela tem que tomar algumas decisões que vão contra seus princípios, mas sabe que se não o fizer, várias outras pessoas irão continuar sofrendo o que sofreu.
Outro fato que gostei bastante foi seu romance com Tomas. Desde o primeiro livro, ele ficou em segundo plano. Apesar de amar Tomas, Cia não deixa esse sentimento influenciar em suas decisões. O melhor de tudo é que Tomas, mesmo não concordando com algumas, respeita as suas decisões.
Nesse livro, outros personagens tiveram um maior destaque. Dentre eles, alguns protagonizaram surpresas de cair o queixo. Assim como Cia, por conta da narração em primeira pessoa, ficamos na dúvida se aquele personagem está sendo sincero ou não.
Perguntas que foram surgidas desde o primeiro livro são respondidas, principalmente sobre a criação d'O Teste. Afinal, como eles puderam criar algo tão cruel e viver com isso? Será que as pessoas sobreviventes realmente serão os líderes que Comunidade Unida precisa?
O final do livro foi do jeito que eu pensei que seria, mas em certos momentos fiquei com medo que fosse outro e com certeza não iria me agradar. Ele não é necessariamente aberto, mas deixa brecha para que a Joelle explore mais esse mundo distópico que criou.
Diferente de outras trilogias, Joelle não foca somente no cenário político, mas também no cenário ambiental. Os Sete Estágios da Guerra não só acabaram com o sistema político de um país, mas também todo seu ambiente e essas consequências ainda se fazem presente. Em várias passagens, Cia descreve como esses estágios da guerra afetaram e ainda afetam a natureza na Comunidade Unida. Essa revitalização ambiental é um dos focos dos líderes a serem formados.
No geral, essa trilogia foi uma ótima experiência. Provavelmente teria sentido o mesmo se tivesse lido na época que as distopias estavam no seu auge e creio que esse foi o maior problema pelo reconhecimento da história.
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