Euflauzino 24/02/2015Vozes dos que já se foram
Não sou de fraquejar diante de livro algum, não há abandono mesmo ao me deparar com uma leitura enfadonha ou que tenha me ludibriado. Foi o que ocorreu com A busca pela imortalidade (Rercord, 252 páginas), que me fez acreditar, pela capa, tratar-se de um livro sobre o avanço da medicina em relação à longevidade.
A capa é sensacional, um equilibrista se balançando em cima de uma cadeira, que está em cima de outra cadeira, que por sua vez está em cima de uma mesa no último andar de um prédio (é balançar-se acima de um precipício). Não é a capa original, sendo que esta da Record foi a que me ganhou de cara.
O livro de John Gray não é de ficção e possui citações maravilhosas, como a de Frederick Seidel que nos diz: “Cada buraco de bala é um portal para a imortalidade”, deixando-nos totalmente à mercê de nossa própria reflexão.
Na primeira parte do livro somos arremessados de encontro a pensadores que travaram consigo e com todos sua crença sobre a religião e a vida após a morte. As personagens deste livro são historicamente conhecidas: Darwin, madame Blavatski, Górki, Lenin, Stalin, H.G.Wells, Lamarck, Aleister Crowley. Quem não os conhece, basta dar uma busca pelo Google e ficarão boquiabertos:
“A religião não é um tipo primitivo de teorização científica, nem a ciência é um tipo superior de sistema de crenças. Assim como os racionalistas interpretaram mal os mitos, como se fossem protoversões de teorias científicas, cometeram o erro de acreditar que as teorias científicas podem ser literalmente verdadeiras. Ambos são sistemas de símbolos, metáforas para uma realidade que não pode ser expressa em termos literais...”
É aí que começa a grande guerra entre aqueles que abraçavam o Espiritismo por inúmeras razões e outros que os declaravam um engodo.
“Durante o final do século XIX e o começo do século XX, a ciência transformou-se em um instrumento investido contra a morte. O poder do conhecimento foi convocado para libertar os seres humanos de sua mortalidade. A ciência foi lançada contra a ciência e tornou-se um canal para a magia.”
Darwin é incitado de certa forma a dar sua opinião sobre a morte e ela vem de encontro ao que acredito ou quero acreditar:
“... por que suas vidas deveriam terminar como as dos outros animais, no nada. Se fosse assim, como poderia a existência humana ter algum sentido? Como se poderiam conservar os valores humanos se a personalidade humana era destruída no momento da morte?”
Tenho medo da morte sim, é um medo atávico, sem explicação. O pior é que tal frase me fez ficar pensando em outras questões: o que nos faz melhores que os animais ou que uma formiga, por exemplo? Digo isso em relação à morte. Por que podemos possuir o status de ter vida após a morte enquanto um outro ser não? Mas isso é uma discussão para outro livro.
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