Syl 30/11/2015
Para o amor, não existem barreiras!
O que falar sobre o Livro “Possuída pela Paixão”?
Quando comecei a leitura, já fiquei um pouco chocada pela breve introdução do casal no cativeiro e das palavras trocadas entre o casal, pois confesso tenho mania de folhear o conteúdo dos livros antes de lê-los, e eu sabia que a Ester, nossa protagonista não é o tipo de garota que se envolve com alguém de forma apaixonada.
Pois bem, de início não gostei do Henrique, mas ao longo da história, me apaixonei por ele e o entendi profundamente. Desde seu recuo em lidar de coração aberto com as pessoas até o seu motivo por se envolver com drogas. A solidão que ele sentia com relação ao pai e de certa forma a raiva que ele tinha da mãe por ter se casado com o Roberto e não enxergar quem aquele homem era verdadeiramente.
Sobre a Ester, achei ela um pouco mimada de início, aquela garota que faz tudo que o papai manda e que é meio cega em relação ao mundo, confesso que não gosto de protagonistas que se fazem de vitima e que são bobinhas. Na verdade, essa foi apenas a minha primeira impressão, pois a Ester se revelou uma garota forte, que nunca teve oportunidade de conhecer nada da vida, longe daquele mundinho bitolado onde cresceu. Tão distante do mundo real que queria comprar um quilo de farinha, confesso que ri muito dessa cena e que adorei que a personagem tentou se enturmar naquele mundo para salvar o Henrique, maior prova de amor, mesmo com a distancia que os separava.
Sobre Tia Naná e a Nanda, acho que a estória precisava desse clima mais leve que sempre havia quando a narrativa se passava na casa delas. As curiosidades de Nanda sobre a vida puritana da Ester, e a curiosidade da Ester com as coisas da vida da Nanda e da Tia Naná, e o vocabulário popular dessa ultima, me agradaram bastante durante a leitura, me fazendo ver que mesmo quando não se crê numa fé, é possível conviver com respeito, mesmo quando se é uma evangélica fervorosa como a protagonista.
Os outros personagens que formam o núcleo de vilões desse livro, me fizeram ter um nojo imenso, e nesse circulo, eu incluo o asqueroso que abusava da pequena Gigi, e sabemos que hoje em dia isso acontece em todos os lugares, e que muitas Martas existem de verdade. O Caio e o Mundu são desprezíveis. Sim, eles são pessoas que amam fazer o mal as pessoas, mas nada se compara ao Roberto! Gente! Como eu tive Raiva desse crápula o livro inteiro! E o Eduard... Ah! Esse é um garoto maluco que não sabe o que está fazendo da vida! Irresponsável e inconseqüente o define! (confesso que adorei o que a Ester aprontou com ele na lua de mel e que bato palmas ao funcionário que o filmou amarrado e de cueca, ele precisa entender que o mundo não gira em torno dele e que tudo que ele faz tem conseqüências). Sem falar da introdução do assunto BDSM entre a Priscila e o Henrique.
Sobre os “pais” dessa estória... Primeiramente, os da Ester. Apenas digo, coitada! Eles são pessoas que pregam a Deus, mas não o tem no coração. Creio que ao menos souberam ensinar o verdadeiro amor de Deus por nós para a filha, apesar da deturpância em mostrá-la que Deus vê o amor, e o desejo como um grande pecado. Os pais do Eduard são displicentes, não há palavra que os defina melhor. Eles abraçam o mundo e os fiéis da igreja e esquecem do próprio filho. Também sabemos o quanto isso é real hoje em dia. A Susane, uma mulher de fibra, que mesmo depois de tudo que aconteceu ao marido e de sua descoberta, não desmoronou, enfrentou o Roberto e o levou a polícia.
Vale ressaltar a suave menção à corrupção tanto dos policiais que prenderam o Roberto, quanto dos médicos da Clínica e do hospital que tentou matar Ester e Henrique. Sabemos que o Brasil está cheio disso hoje em dia, e achei de bom tom, inserir essa realidade na narrativa do modo suave como foi feito, afinal estamos lendo uma estória de amor, e não um livro sobre corrupção.
Sobre o Amor de Ester e Henrique, ele foi construído aos poucos de uma forma bonita e pura, que me encheu de emoção e ansiedade durante toda a leitura. Os olhares, os breves toques de mão, o primeiro beijo e as sensações que esse sentimento provocava nos dois me deixou encantada. A Ester com toda sua pureza lutava contra o que ela achava ser pecado. E o Henrique, com toda sua malicia e conhecimento dos prazeres da vida, passou a ver que o amor verdadeiro é muito mais do que o físico, vai além... Vem da alma... E mesmo os protagonistas sendo tão diferentes, encontraram sua própria forma de amar.
E agora minha visão geral sobre o livro. Amei a forma como a religião foi abordada, evangélicos, católicos, judeus, espíritas, umbandistas... Tudo de uma forma tão clara e limpa aos nossos olhos que eu preciso elogiar o autor e dizer que ele abordou esse assunto que é tão delicado de uma linda forma, e, com respeito a todas elas. Sabemos que nem todas as igrejas evangélicas são tão rigorosas, como sabemos que nem todas as católicas são tão liberais, e nem todo umbandista vive de fazer “macumbas e trabalhos”, muito menos os espíritas vivem a receber espíritos toda hora. Em cada religião há sua sabedoria, e com toda certeza, a tia Naná me deu lindas lições de vida.
Confesso que o final do livro me deixou boquiaberta e um pouco revoltada. Sim, caro autor, você me levou as lágrimas na penúltima página do livro, mas logo entendi que tudo tem um propósito, e o da Tia Naná estava concluído e muito bem cumprido! Enfim, um livro sensacional, que eu não consegui parar de ler, enquanto não cheguei a ultima página. Envolvente, real e com uma narrativa leve e de fácil entendimento. Se o autor queria abrir nosso coração quanto ao fato “para o amor, não existem barreiras”, ele conseguiu de fato me fazer acreditar nisso. Adorei o livro. Realmente, uma ótima leitura.