Rose 20/09/2017resenha dupla com o livro 5Gideon e Eva estão juntos e casados, mas por incrível que isso possa parecer, o casamento pode ser justamente o gatilho que faltava para a separação de ambos.
Com feridas que ainda sangram e machucam, o casal continua tendo que lidar com os próprios medos e inseguranças, ao mesmo tempo que são bombardeados por intrigas de todos os lados.
Eles precisam encarar que usar o sexo entre eles para resolverem suas diferenças e problemas é um círculo vicioso que precisa ser rompido, para que no futuro isso não os afaste.
Mas não era só com o sexo, ou a falta dele, que Gideon precisava lidar. Com muitos inimigos a sua volta, Eva acaba se tornando o seu ponto mais vulnerável, e ele não está conseguindo lidar com isso. A pressão crescia a cada dia, assim como o medo de perdê-la.
Do lado de Eva, ela não estava conseguindo furar a armadura de Gideon, e isso era frustrante. Ela não queria ser apenas a esposa amada que precisa de proteção. Ela queria ser também a proteção e aquela que luta lado a lado do seu marido.
Em um ponto crucial da trama, eles percebem que do jeito que estava não ia dar certo. Era preciso muito mais do que o amor e a química que tinham para consolidar o relacionamento deles. Era preciso confiança!
Aos poucos, com um passo de cada vez, eles estavam tentando e conversando. Eles estavam dispostos a fazerem o escudo crescer e se fortalecer, sem precisarem usar o sexo para isso.
Já era hora de Gideon enfrentar seus demônios, e isso o tirava totalmente de sua zona de conforto. Mas se para ter Eva ao seu lado, ele precisaria passar por isso, então estava mais do que disposto.
Enquanto via o esforço que Gideon estava fazendo pelo futuro dos dois, Eva percebe que não adianta apenas saber o que fazer, é preciso também agir e mudar. Pois ser independente e forte não é necessariamente fazer tudo sozinha e a seu modo.
Mas justamente quando ambos parecem está se entendendo e até se comunicando melhor, além de prestes a mostrarem para o mundo o amor deles, uma sombra desconhecida se levanta, e uma mentira pode destruir todo o caminho que o casal construiu até ali.
Decidi falar dos dois livros juntos, pois achei complicado falar deles em separado. São nestes dois volumes que percebemos uma real evolução tanto de Gideon quanto de Eva. Eva está mais forte, mais decidida e centrada, enquanto Gideon está se encontrando. E é justamente por isso que ele começa a se abrir, a princípio para agradar a Eva, mas depois, por ele mesmo.
Achei linda a cena dele com o padrasto, assim como totalmente coerente a raiva do irmão Christopher em relação a Gideon. Um problema que não foi resolvido de imediato, mas passo a passo, o que tornou tudo ainda mais verdadeiro.
Outra cena que me chocou e não de forma positiva por conta da atitude da personagem, foi finalmente o confronto de Gideon com sua mãe. Ali, ele matou seus monstros e retomou sua vida nas mãos. Foi emocionante e forte. É incrível como tem gente que prefere fechar os olhos para a cruel realidade do abuso infantil. Como se jogar para baixo do tapete fosse resolver tudo ou mesmo fazer o problema desaparecer.
É justamente neste ponto que a mãe de Eva fez a diferença na vida da filha, mostrando sua total confiança e amor irrestrito por ela. Aliás, veio dela também a surpresa final da série. Confesso que ainda estou matutando se haveria necessidade disso, mas enfim...
Por conta da evolução dos personagens, e não só de Gideon e Eva, como também do próprio Cary, que as palavras decisivas do último volume foram: "Eu Acredito". Estas palavras tem um peso tão importante na trama como um todo, que são até mais importante que o famoso "Eu Te Amo".
Acreditar na pessoa, e no que ela está falando é imensamente mais importante que o próprio amor. Na verdade, a confiança depositada em alguém é a própria prova de amor, e isso fica muito claro, principalmente em relação a Gideon, que durante anos acreditou que ninguém acreditava nele. Justamente as pessoas que diziam amá-lo tanto, lhe viraram as costas. Justamente por isso, as três cenas mais marcantes deste final, e na verdade de todo a série, foi Gideon ouvindo isso: eu acredito. Quer dizer, pelo menos em duas das três cenas importantes...
O choque de perceber que estão acreditando nele, apenas nas palavras dele, sem provas para corroborar suas palavras, é algo bem nítido para o leitor, e isso me deixou muito impressionada.
Uma série que gostei de ler, ainda mais por tocar no tema do abuso infantil. Apesar disso, acredito que cinco livros foram demais. Quatro até dá para ser, mas três seriam o ideal, mesmo que os volumes fossem maiores. Recomendo sim a série, mas tenho ciência que muitos não gostaram, talvez por conta do conteúdo mais hot, talvez pelo excesso de cenas sexuais... Mas o engraçado é que até isso tem uma boa explicação no enredo. Enfim, para os que já conhecem o trabalho da autora, vale a pena, e para os que querem conhecer, no final, acaba valendo também.
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