O Tocaio

O Tocaio Edison Rodrigues Filho




Resenhas - O Tocaio


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Falando em livro... 15/08/2015

Flávio Moretto conheceu Flávio Fontoura logo na juventude, e se tornaram amigos inseparáveis. Enquanto Flávio com “eme”, o Tocaio, era um menino tímido e mais recatado, seu amigo, Flávio com “efe”, o Biotônico, era mais impulsivo e mais carismático. Apesar dessa grande diferença, os Flávios se completavam. Sempre juntos, aprontaram todas na infância, compartilhavam alegrias, confusões, trapalhadas e falcatruas. E quando a linda ruiva Amanda entrou em suas vidas, também compartilharam a primeira paixão. Porém, quem se saiu melhor nessa situação foi Biotônico, que ganhou o amor da jovem. Deixando assim, um Tocaio apaixonado em segundo plano.

O tempo passa e eles crescem, mas a amizade continua. Tocaio continua nutrindo uma paixão secreta pela ruiva (não tão secreta assim). Fontoura se casa com Amanda, tem uma vida próspera e uma boa condição financeira, e com a chegada da filha do casal, a vida se torna perfeita aos olhos de Tocaio. No fim, seu amigo conseguiu a vida que ele tão secretamente sonhou, fazendo-o cultivar uma inveja profunda. Moretto se tornou professor de literatura, com baixo salário, muito trabalho e poucas alegrias, mas continuou sendo o ombro de seus amigos, Biotônico e Amanda.

No entanto, a vida muda drasticamente, quando em um acidente automobilístico, Flávio Fontoura perde a sua vida. Tocaio fica abalado, mas não desampara a viúva Amanda, e a filha do casal, Juliana. E então, uma chance para sua tão sonhada felicidade aparece, e ele começa a se envolver com seu eterno amor. Flávio entra com tudo na vida que um dia foi de seu melhor amigo, assumindo não só sua família, mas também a cama da bela viúva. Quem não fica muito satisfeita com essa situação, é Juliana, que não aceita de jeito nenhum, que seu padrinho assuma o lugar de seu pai. Mas nada do que Tocaio idealizava, era totalmente realidade, e ele se torna um total estranho em sua própria vida.

Em uma noite, ele começa a ver sua enteada com outros olhos, depois de ver uma cena que não sai de sua cabeça. A partir daí, ele começa a nutrir certa fissura pela jovem, que o leva a refletir sobre diversas situações. E com a chegada de uma estranha que é idêntica a Juliana, ele se vê divido entre uma paixão descabida e o amor de Amanda. Mas nada nesse livro é mais do mesmo, e quando você menos espera, reviravoltas surpreendentes acontecem, sugando você leitor, para dentro da história. E te faz pensar: Será que todo mundo tem um preço? Será que você conhece de verdade aquele que julga ser seu amigo? Será que você se conhece?

O livro conta com 194 páginas de uma leitura contagiante, instigante, surpreendente, fluida e arrebatadora. Uma trama narrada em terceira pessoa, dosando passado e presente, que devo dizer que em alguns momentos deixou a leitura um pouco confusa, mas nada que fizesse perder o brilho da narrativa. A história me fisgou e prendeu a minha atenção desde a primeira página. Li o livro em apenas algumas horas, e não consegui deixar de lado um minuto sequer. A cada novo capítulo somos apresentados a novos acontecimentos, que te faz querer saber o que vai acontecer na cena seguinte. A escrita do Edison é singular, e ouso a dizer que em determinadas partes, até poética. Ele usa uma linguagem mais rebuscada, mas que não deixa de ser acessível. O livro também conta com passagens históricas. Somos levados ao período Collor, aos caras pintadas, as passeatas, a corrupção e aos movimentos sociais na luta política contra o governo.

O livro teve um desfecho surpreendente, que não deixou devendo nada. Os personagens foram bem construídos, são marcantes e intensos, e com certeza, fogem do padrão de perfeição de muitas obras atuais. Os defeitos, os medos, os problemas, as dúvidas e os arrependimentos desses personagens foram bem trabalhados, fazendo com que eles se pareçam mais realistas. Mais parecidos comigo, mais parecidos com você. A história é bem escrita, é inteligente e foi muito bem executada. Somos envolvidos em uma trama de amores, mentiras, descobertas, reviravoltas e várias tensões.


Referente à parte física, o livro conta com uma capa linda e uma diagramação sutil que deixou a leitura mais confortável.

Indico o livro para todos aqueles que gostam de uma leitura inteligente, com um enredo um pouco mais complexo e um romance nada clichê. O Tocaio, sem sombra de dúvidas, foi um livro que me surpreendeu do começo ao fim.

Para ler a resenha na íntegra acesse: http://www.cheirodelivronacional.com.br/2015/08/resenha-o-tocaio-edison-rodrigues-filho.html

site: http://www.cheirodelivronacional.com.br/2015/08/resenha-o-tocaio-edison-rodrigues-filho.html
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Marcos Pinto 11/08/2015

Um livro surpreendente
Surpreendente, essa é a palavra que define O Tocaio, em minha concepção. Há surpresas positivas e negativas, é claro; Contudo, esse livro faz parte das primeiras, sem dúvidas. Esse é um daqueles livros que provam que o romance por ir muito além do que geralmente vai.

Flávio Moretto, o Tocaio, é amigo de infância de Flávio Fontoura, o Biotônico. Desde pequenos os dois compartilham falcatruas, diversões e uma paixão: Amanda. Porém, obviamente, apenas um poderia ganhar o coração da moça, o que deixaria o outro em segundo plano, na função de amigo. Tocaio, para sua infelicidade, ganha essa posição.

Entretanto, tudo muda de uma hora para outra na vida de Tocaio. De um modo inesperado e até estranho, Biotônico morre. Desta forma, ele tem a chance de ganhar Amanda e, pela primeira vez, se tornar protagonista na vida dela. Mas, será isso realmente o certo? E quando uma garota, supostamente menor de idade, entra em sua vida subitamente, a mente de Tocaio fica ainda mais confusa.

“A sala de aula está apinhada de alunos dispersos e inquietos. Uma centena deles, afogados em calor e desleixo. Diante da lousa, o professor fala para poucos, os de sempre, aleatórios, mera condição estatística” (p. 9).

Pela premissa, tudo parece se revestir de um clichê imenso. Porém, as aparências enganam. O livro é inovador e interessantíssimo. Além disso, mergulha em questões sociais, políticas, criminais e morais, o que torna a obra muito mais complexa e atraente para o leitor.

A crítica social que mais me chamou a atenção no livro foi em relação ao sistema educacional brasileiro. É uma crítica dura, mas muito realista. Tocaio é professor da rede pública, então está submergido no controverso ambiente da escola. O protagonista deixa claro como o lugar é muito mais um depósito de alunos do que um centro de aprendizado. Sua fala relata diversos problemas, desde o princípio organizacional do sistema de ensino à falta de interesse por parte dos alunos.

Além disso, como já mencionado, o aspecto político da obra é bem marcante. O livro se passa no período Collor. Então, vemos nitidamente o problema da inflação, a corrupção que era mais do que presente na época – e ainda é até hoje – e a falta de confiança da população. Os movimentos sociais na luta política também são muito bem representados, o que nos dá uma boa visão histórica da época através da obra.

“O efeito imediato de uma eleição e do processo democrático, em geral, é a renovação da esperança. Periodicamente, é preciso renovar os sonhos do cidadão, mas na verdade o poder é um exercício de repetição que não muda nunca sua face perversa, de se ocupar em massacrar lentamente qualquer possibilidade de realização efetiva para o bem da maioria, que dirá de um indivíduo ou categoria profissional” (p. 31).

Além de toda parte social envolvida, Edison Filho ainda brinda o leitor com personagens convincentes, reais e bem construídos. Não existem personagens perfeitos, idealizados, todos eles são problemáticos e complexos. E até por isso o autor parte bastante para o lado psicológico na construção de todos, o que faz o leitor esquadrinhar melhor a profundidade de cada protagonista e da trama.

Para terminar como uma cereja desse bolo literário, o autor possui uma escrita bem diferenciada. Há várias passagens quase poéticas, com jogos de palavras e metáforas, o que faz que o livro fuja do lugar comum. Toda a construção tem aquele ar de “o autor sabe o que está fazendo”.

Quanto à parte física, o livro também não deixa a desejar. A capa é interessante e convidativa, apesar de não passar bem a essência da obra. As folhas são brancas, mas como a fonte é grande e a diagramação é confortável, isso não atrapalha a leitura. Além disso, a revisão está muito boa, o que corrobora para que tenhamos uma experiência agradável.

“Escândalos no Brasil duram quatro dias, são como o Carnaval, desfilam sob os holofotes, chamando a atenção de todos, para na Quarta-feira de Cinzas ninguém lembrar nem do samba-enredo” (p. 188).

Dessa forma, chega até ser redundante indicar o livro. Sem dúvidas ele é mais do que indicado, principalmente quem quer uma obra inteligente.

site: http://desbravadoresdelivros.blogspot.com.br/2015/06/resenha-o-tocaio.html
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