Resenhas - Te Tratarei Como Uma Rainha

Ladyce 21/11/2014

Maravilhosa como sempre
Antes de mais nada friso que, há algum tempo, sou fã de Rosa Montero. Desde que me conquistou com a "História do Rei Transparente", a escritora se tornou única no meu horizonte de ficcionistas: não só consegue se metamorfosear, como não tem me decepcionado a cada nova obra.

"Te tratarei como uma rainha" (originalmente publicado em 1983) em tom e temática se alinha com "Instruções para salvar o mundo" (2008). Vinte e cinco anos os separam. E ainda que as histórias sejam muito diferentes, há alguns paralelos significativos: as vidas pequeninas dos frequentadores de bares sórdidos; as decepções não mitigáveis das pessoas comuns; a solidariedade inesperada e quase aleatória entre os que sofrem; a vida à beira do abismo emocional de todos na trama. Estamos no mundo Montero, um mundo quase real, sem firulas e sem grandiosidade. Não há heróis. Sobreviver é um ato de determinação e rendição ao destino.

Adaptar-se à realidade dos sonhos desfalecidos, aos sofrimentos inesperados é um ato de coragem, nem sempre bem sucedido, quase sempre doloroso, principalmente para aqueles que descobrem que os anos passaram. Um dia acordam, veem seus ansejos escorridos nos ralos, desintegrados no esgoto emocional da sobrevivência: pobres, feios, gordos, velhos, drogados, desiludidos. Sós. Explorados pelos espertos, refugiados em seus ninhos baratos, sem aconchego, menosprezados, segurando-se aos poucos fios que ainda os mantêm com algum amor-próprio. Por fim, se encontram nos bares à noite, com um vago senso de comunidade. A decadência lhes é conhecida. Reconforta. Esta é a vida moderna no mundo de Rosa Montero.

E, no entanto a prosa se adequa ao realismo, perfeitamente objetiva. Não derramamos uma lágrima. A nós cabe contribuir com os sentimentos. Testemunhamos silenciosamente as limitações desses heróis do cotidiano. Acende-se a compaixão. Mas não há exploração emocional. Não fazemos parte de uma produção hollywoodiana que atrela sentimentalismo à narrativa. Ficamos conhecendo a dor do desapontamento, a frustração dos pequenos desejos insatisfeitos e o desespero que leva a acreditar naquela última e bem-vinda chance de realização. Um raio de esperança, um futuro um pouco mais benevolente. Todos esses sentimentos encontram eco em nosso âmago. Também já passamos por situações semelhantes. Quem nunca? Os personagens se humanizam e nós também.

Não há dúvida de que Rosa Montero se preocupa com a condição da mulher. É considerada uma escritora essencialmente feminista. E a consistência de seu anseio com a índole das mulheres que retratou em suas obras justifica esse rótulo. Não é diferente neste texto. O que agoniza é vermos que nada mudou nos mais de 30 anos desde que "Te tratarei como uma rainha" foi escrito. São três, as principais mulheres delineadas no romance. Cada uma representante de diferentes inquietações, todas, no entanto, na expectativa de realização através de uma ligação amorosa: a maturidade de Bela, a virgindade de Antonia e a procura por segurança de Vanessa. E elas sofrem. No fundo são ingênuas, mesmo as mais experientes. E acreditam. Acreditam nos homens que as cercam. Mas eles também são figuras tristes. E mesmo que sejam causadores, de fato, de muito sofrimento, são por sua vez merecedores da nossa compaixão: são limitados, têm a mente estreita e a braguilha perpetuamente aberta. São patéticos.

É difícil acreditar que 198 páginas concisas possam despertar a complexidade de considerações sobre a sobrevivência emocional no ser humano. Acredito que o mundo de hoje não seja nem um pouco diferente do de nossos antepassados. Os sofrimentos parecem ser semelhantes. Somos violentos com aqueles a quem mais amamos, esperamos mais da vida do que muitas vezes ela pode dar, limitamos nossas possibilidades às regras extrínsecas ao nosso bem-estar. É desolador perceber que pouco muda. Mas são histórias como essa que nos fazem pensar e quem sabe dar um passo a frente para que haja, no futuro, um maior equilíbrio entre sonho e realidade. Definitivamente um livro para ler. E ponderar.

Yamaai 04/01/2022

É ruim e não recomendo ?
Esse livro parece novela/série é meio estranho de entender, eu não recomendo, e se você vai lê, leia só o começo e o final, por que o resto, praticamente não importa, conta muita coisa desnecessária que podia ser resumida em 3 páginas de livro. Minhas conclusões são: NÃO LEIAM, VOCÊS VÃO SE ARREPENDER (minha opinião :3 )

Eliane 27/05/2023

Rosa Montero
Segundo livro da autora que leio. Divertido e surpreendente. Amei! ????????????????????????????????

Cristiano.Goes 22/03/2020

Bom divertimento
Rosa Montero nos brinda com mais uma obra agradável. Seu estilo de contar histórias encanta e diverte.

Zelinha.Rossi 26/01/2017

Brilhante
“Te tratarei como uma rainha” prende a atenção do leitor do início ao fim por meio de uma trama bem arquitetada, inter-relacionada e inusitada. A história se inicia pelo fim, através de uma reportagem sobre um suposto assassinato de um homem sério e honrado (Antonio Ortiz) por uma violenta cantora de bolero (Bela). Só isto já nos deixa inúmeras indagações: quem são Antonio e Bela? O que a teria levado a jogá-lo do quarto andar de um prédio? O crime seria passional (uma vez que a reportagem relata que Antonio iria se casar com uma bela jovem)?
Quando a história realmente se inicia, mais uma surpresa: a primeira narração não é sobre as personagens envolvidas no incidente, mas sobre Antonia, uma mulher de meia idade solitária, religiosa e pudica, a qual descobrimos, a seguir, ser irmã de Antonio,.
Aos poucos, percebemos que todas as personagens da história (tanto principais quanto secundárias) têm alguma relação com pelo menos outra personagem. Antonia havia conhecido Bela em sua infância e adolescência (por terem morado na mesma cidade), Bela havia sido namorada de Antonio, Pouco (um velho romântico por quem Bela se apaixona ao longo da história) é pai de Menéndez (o ranzinza dono do bar Desiré, onde Bela trabalhava).
O livro é excelente por se tratar de uma obra de desconstrução e de desilusões. Além de desconstruir a linearidade dos fatos, “Te tratarei como uma rainha” vai desconstruindo as personagens ao longo da trama: Antonio não era nada honrado; pelo contrário, era um esnobe funcionário público que humilhava seu subordinado Benigno e iludia inúmeras mulheres casadas infelizes para viver com elas romances breves que o satisfizessem sexualmente; Bela não era nada violenta, apenas uma mulher de meia idade maltratada pela vida, por todos os seus sonhos desfeitos e pela dura realidade do dia-a-dia, desiludida do amor por conta dos homens violentos, aproveitadores e dissimulados que havia conhecido; Antonia nutre inúmeras fantasias sexuais até passar a se envolver com um adolescente (Damián). Menéndez era apenas um homem revoltado pelo fato do pai haver abandonado a ele e à sua mãe quando criança. Pouco se mostra um homem mentiroso que não pensa em construir uma história de amor com Bela, mas sim em ficar com Vanessa, uma menina de 18 anos aparentemente vulgar que pretendia usar de sua beleza e juventude para conseguir o que queria. Vanessa queria apenas um homem bom que a protegesse e a amasse verdadeiramente, o que acreditava ter encontrado em Antonio.
O livro também desconstroi os sonhos e as ilusões das personagens – o que o caracteriza como livro das desilusões. Desilusões de Bela, que acreditava ser verdadeiramente amada por Pouco, e fica desnorteada quando descobre suas mentiras e quando tem a certeza de que ele, na verdade, amava Vanessa. Desilusões de Antonia, a qual se recusou a acreditar que Damián havia abandonado-a, mesmo quando o mesmo tentou lhe dizer que não queria mais vê-la, culpando o irmão pela separação dos dois.
E, por fim, o livro desconstroi nossas expectativas. A motivação do crime não tem qualquer relação com alguma ligação entre Antonio e Bela (até porque esta ligação só existiu quando ambos eram adolescentes) – o que levou Bela a fazer o que fez foi o estado de desnorteamento em que se encontrava ao descobrir que suas ilusões (de ainda alcançar sucesso como cantora e de ser feliz ao lado de Pouco) desmoronaram. E, como última surpresa, há a descoberta de que Antonio, na verdade, não morreu com a queda.
Por tudo isso, este é mais um brilhante romance de Rosa Montero, intrigante e surpreendente do início ao fim.

isa.dantas 18/04/2019

Um livro em que todos os personagens estão ligados por um sentimento: a solidão. Ao término dele, é possível sentir a mesma melancolia de seus personagens...

nicole 14/01/2023

estou impactada!
Rosa montero como sempre servindo horrores, muito queen!!
Te tratarei como uma rainha se tornou muito controverso pra mim, pois no momento em que iniciei a leitura sabia que iria gostar, a forma em que a narrativa intercalada é construída é muiiito interessante, os personagens fogem dos clichês, são complexos, profundos, defeituoso e tristes. o livro é sobre solidão, é sobre frustrações, é sobre indignação, arrependimentos e corações partidos.
o plot do livro entrega muiiiito sem prometer, as últimas páginas são chocantes e um turbilhão de emoções.
eu dados momentos a escrita da Rosa me incomodava por ser muito rebuscada, mas faz parte e a riqueza de detalhes de certos momentos também tornou-se uma escrita arrastada pra mim, mas o livro soube reverter bem isso e logo eu me senti imersa novamente.
por fim, indico esse pra aqueles mais excêntricos e que já possuem certa maturidade emocional para tentar compreender as profundidades das tramas, Rosa Montero não é para os fracos.

Clara.Duarte 09/09/2021

te tratarei como uma rainha - rosa montero
pra mim foi um pouco entediante. na sinopse parecia que seria um livro bastante agitado que falaria sobre um crime e a vida noturna de Madrí, mas esse não é o foco. talvez eu tenha criado muitas expectativas e elas foram frustradas.