Rascunho com Café 10/02/2015
Meu primeiro contato com a literatura de Neil Gaiman
Apesar de já conhecer a figura de Neil Gaiman, presentear pessoas queridas com seus livros, ter lido várias entrevistas, assistir filmes baseados em suas obras e segui-lo no twitter (rs) eu nunca tinha lido nada do Neil Gaiman. Até então eu o admirava muito como pessoa, especialmente porque sou muito fã do Stephen King e eles são amigos (sou dessas). Por ter outros livros na fila e a série do Sandman, que eu mais tinha e tenho curiosidade de ler, sempre estar com o preço nas alturas (deve ser por isso que ele e o King são amigos, porque olha, pense num outro autor mercenário, mas juro que compensa), nunca tive a oportunidade de ler nada dele.
Mas, por um milagre, ganhei de presente a história em quadrinho “Sandman - Noites sem Fim”, que já adianto pra vocês, é uma obra prima. Com o texto de Neil Gaiman, a quadrinho dá ao leitor a chance de conhecer os Perpértuos, sete irmãos (Sonho, Morte, Desejo, Destino, Destruição, Desespero e Delirium), protagonistas da série Sandman, que Gaiman, em seu prefácio, introduz como não deuses.
“Vale ter em mente que os Perpétuos não são deuses. Pois deuses deixam de existir quando as pessoas deixam de acreditar neles; mas enquanto existir gente para viver, sonhar e destruir, para desejar ou se desesperar ou maravilhar ou perder a cabeça, para viver a vida e afetar uns aos outros, os Perpétuos estarão lá.”
O texto de Gaiman é impecável e cheio de enigmas, em vários momentos durante a leitura me vi refletindo sobre temas como a loucura, crueldade, inveja, luxúria, egoísmo e vários outros temas que normalmente não paramos para refletir, e acredito que essa seja a ideia principal por trás de cada Perpétuo: refletir sobre o que torna o ser humano em humano, tanto seu lado positivo, como negativo.
Gaiman convidou sete grandes artistas plásticos para se encarregarem de cada capítulo, foram eles: Craig Russel (Morte), Milo Manara (Desejo), Miguelanxo Prado (Sonho), Barron Storey (Desespero), Bill Sienkiewicz (Delirium), Glenn Fabry (Destruição) e Frank Quitely (Destino).
Eu particularmente amei a experiência de ler essa quadrinho, além da riqueza textual, o traço diferenciado de cada história e a maneira que o próprio desenho se relaciona com o personagem é incrível. Um exemplo claro disso, está no capítulo da Desespero, em que o traço é grotesco, desconexo e melancólico como o próprio sentimento de desespero, passando ao leitor a intensidade de cada página.
A apresentação que se tem dos personagens não é necessariamente “Fulano se originou de tal jeito”, e sim cada perpétuo na ativa. As que mais gostei foram a da Desejo, especialmente por causa da arte do Milo, e a da Desespero, pela intensidade e misto de emoções. Mas todas são muito ricas em significado, seja sobre a dores e falhas da humanidade ou sobre a personalidade de cada personagem.
Pra quem nunca leu nada da série do Sandman, e morre de vontade de ler, assim como eu, Noites sem Fim é uma ótima opção, tanto pelo preço, quanto por introduzir ao leitor cada Perpétuo, facilitando a assimilação na hora de ler a série principal. Quem não tem o hábito de ler HQ, só digo que está perdendo a oportunidade de ter uma obra de arte em mãos, a experiência visual é muito interessante e super recomendada.
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