@fabio_entre.livros 28/06/2020
Perfeito equilíbrio entre roteiro e arte
Se há uma dupla que combina perfeitamente nos quadrinhos, além de Batman e Robin, é o premiado roteirista Jeph Loeb e o desenhista sul-coreano Jim Lee: o roteiro vertiginoso e cheio de camadas de Loeb não poderia estar em melhores mãos do que as de Lee, com sua arte detalhista e dinâmica. “Silêncio” é uma obra de arte visual que com certeza merece ser conferida, por menor que seja o grau de nerdice do leitor ou seu conhecimento sobre o universo do Homem-Morcego. Isso porque, apesar de a história ser brilhantemente construída e trazer vários personagens – de heróis a vilões – Loeb insere na narração “resumos” sobre quem são tais personagens à medida que eles aparecem ou são mencionados; isso facilita bastante a compreensão da cronologia dos fatos ocorridos antes dessa história (como, por exemplo, a ordem e o destino dos Robins). Outro ponto fascinante nessa graphic novel é a forma como Loeb e Lee trabalham com as memórias e as lembranças do Batman. Para quem conhece um mínimo do herói, sabe o quanto seu passado (sobretudo sua infância) tem influência sobre quem ele se tornou.
A história é um thriller frenético que começa com o aparentemente casual sequestro de um jovem herdeiro de uma indústria química pelo Crocodilo, que exige um resgate milionário pelo garoto. Batman intervém e confronta o vilão, mas, nesse ínterim, o dinheiro do resgate é roubado pela Mulher-Gato. Na perseguição à felina, Batman sofre um acidente gravíssimo, necessitando de uma cirurgia craniana; um velho amigo de infância de Bruce Wayne, agora um respeitado neurocirurgião, é convocado para tal missão e consegue salvá-lo. Já recuperado, Bruce/Batman investiga os acontecimentos envolvendo seu acidente e descobre que o sequestro, o roubo e seu acidente estão conectados a um misterioso personagem denominado “Silêncio”, o qual tem usado os inimigos (e até alguns amigos) do Batman como peças de um intrincado jogo criminoso. Daí a presença – além do Crocodilo e da Mulher-Gato – da Hera Venenosa, Arlequina, Coringa, Espantalho, Charada, Cara-de-Barro, Ra’s al Ghul e até o Super-Homem. A dinâmica da trama se constrói nos desafios que o herói é forçado a enfrentar para chegar até Silêncio e desvendar sua identidade.
Há muito mais a falar sobre a história, mas o risco de maiores spoilers me aconselha a parar por aqui. Contudo, preciso enfatizar o desfecho da obra; mesmo já conhecendo a animação baseada nesta obra, ela não me preparou para este desfecho. Gostei muito do filme, mas via muita gente que leu a HQ criticando: agora entendo por quê. O final desta graphic novel é significativamente diferente, muito mais impactante, de cair o queixo. Em suma, um primor narrativo de ação e suspense.