Francine 22/07/2015De um jeito suave, a obra aborda a singularidade de cada pessoa.Quando criança, adorava ver as nuvens e identificar suas diferentes formas. Deixei a doce experiência se perder na adolescência e, quando adulta, aprendi que esse fenômeno psicológico se chamava pareidolia. Acho que, enquanto crescemos, adquirimos a terrível mania de dar nomes ou explicar o que é simples.
Ler O menino que lia nuvens teve o gosto agridoce de uma lembrança agradável, porém longínqua. Queria ter aproveitado melhor a descoberta da diversão que as nuvens prometem.
Narrado em terceira pessoa, nesse livro conhecemos Aldebaran, um garoto muito diferente dos outros. Desde pequenino, não chorava ou fazia bagunça. De tão calmo, os adultos o estranhavam. Adorava fixar o olhar nas coisas, observando-as durante horas. Quando encontrou as nuvens, Aldebaran se encantou! Sempre que possível, ele as contemplava.
Por ser tão alheio aos interesses das outras crianças, Aldebaran era vítima de preconceito na escola. Ninguém queria brincar com ele e, sobretudo, ninguém o entendia.
Então, um dia…
Aldebaran leu nas nuvens um acontecimento, que se tornou real.
Ele teve uma previsão, depois outra, e outra. A partir dessa incrível habilidade de ler nuvens, a vida de Aldebaran mudou.
Adorei a leitura! Diria que O menino que lia nuvens poderia ser uma obra de introdução ao gênero sobrenatural para as crianças. O desfecho é fantasioso e agradável.
De um jeito suave, a obra aborda a singularidade de cada pessoa. Aldebaran não era uma criança como as outras, mas era gentil e honesto, o que certamente o tornaria um bom amigo. É possível também conversar um pouco sobre o bullying, especialmente quando as crianças maltratam quem não se parece com elas.
Recentemente, tenho lido pesquisas diversas sobre a importância de ensinar aos pequenos práticas meditativas. Isso porque nossa sociedade agitada acaba por comprometer um desenvolvimento saudável na infância, levando crianças a se sentirem ansiosas e irrequietas. Em O menino que lia nuvens vemos uma diversão calma: contemplar o céu. Quantas crianças fazem isso hoje? Acredito que esse livro pode ser um convite para tal prática.
Algo que também me chamou atenção é o relacionamento de Aldebaran e seu pai. Achei de extrema delicadeza a afetividade que unia esses personagens. Havia uma confiança admirável entre os dois, especialmente porque o pai conhecia seu filho.
Gostei muito de O menino que lia nuvens, mas sinto que faltou maior desenvolvimento. Aos pais desatentos, será uma obra usada apenas para entretenimento, porque até mesmo aos adultos (algumas vezes) falta a sensibilidade necessária para preencher as lacunas adequadamente. É possível que uma criança, sozinha, não entenda a história completamente.
Essa resenha foi publicada no blog My Queen Side [convido a acessá-lo e ver, também, fotos do livro]:
site:
http://myqueenside.blogspot.com.br/2015/07/resenha-101-o-menino-que-lia-nuvens.html