Um Lugar Perigoso

Um Lugar Perigoso Luiz Alfredo Garcia-Roza




Resenhas - Um Lugar Perigoso


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Leila de Carvalho e Gonçalves 17/07/2018

A Síndrome De Korsakov
Aos sessenta anos, o psicólogo e filósofo Garcia-Roza decidiu abandonar a vida acadêmica, para dedicar-se exclusivamente a um sonho: escrever romances policiais. Uma estréia tardia que há 18 anos vem angariando rasgados elogios e uma crescente lista de admiradores.

Prova é, "Um Lugar Perigoso", seu décimo primeiro lançamento. Nesse novo livro, o delegado Espinoza está às voltas com mais uma investigação, provavelmente, uma das mais complexas que já esteve envolvido. Para quem não o conhece, ele foge de todos os clichês: trata-se de um lintelectual, leitor refinado, que prima pela vida regrada e uma conduta impecável.

Curiosamente, pela primeira vez, ele não aparece como protagonista. Quem rouba a cena é Vicente Fernandes, um professor universitário aposentado que sofre de um distúrbio chamado síndrome de Korsakov, isto é, uma forma de amnésia que deixa falhas, verdadeiros buracos na memória, que o portador cobre com histórias inventadas que passam a fazer parte de suas lembranças.

O problema é que Fernandes anda desconfiado que possa ser um assassino serial. Em seus delírios, ele vê a imagem de uma mulher mutilada e para piorar, acaba de encontrar uma lista de de nomes desconhecidos que talvez seja um indício de quem são suas vítimas.

Nessa narrativa, o leitor não faz ideia onde acaba a realidade e começa a imaginação do professor que. aparentemente, gasta todo seu tempo, traduzindo contos de terror de Edgar Allan Poe para uma editora. Nada mais perturbador para quem está diante desse dilema...

Mais um bom livro de Garcia-Roza, recomendo.

"É muito mais difícil nos livrarmos dos cadáveres produzidos pela nossa imaginação do que de cadáveres reais que já enterramos." (Delegado Espinoza)
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Márcia de Assis 29/01/2015

Um lugar tedioso
Quem se der ao trabalho de olhar a minha estante verá que sou leitora voraz da obra do Garcia Roza. Seu Espinosa é um personagem que me cativa, mas as tramas em que se envolve são, sem dúvida, o "leimotiv" que me levou a ler seus 11 romances. Gostei muito de todos, até mesmo do "Berenice Procura" que, prescindindo do delegado, não deixou de ser um enredo igualmente fascinante. No entanto, definitivamente, "Um lugar perigoso" não me encantou. Considerei tedioso porque arrastado demais. Até mesmo o delegado Espinosa esteve ofuscado nesse livro. Talvez eu ainda não esteja preparada para, digamos assim, uma trama mais psicológica. Ou, o modo como ela foi conduzida, de fato, pode ter deixado a desejar.
Bruno T. 24/07/2017minha estante
Concordo com você: este é o pior livro de Garcia-Roza, da série dedicada ao delegado Espinosa, conseguindo ser pior e mais arrastado até do ruim "Fantasma". A impressão é que a história anda em círculos, se repetindo incansavelmente. Poderia ser até um bom conto, de trinta ou quarenta páginas, mas como romance é extremamente tedioso. Estou na página 120 e quase abandonando.


Ana Russi 10/05/2018minha estante
Agradecida por essa opinião, também gosto muito do Garcia-Roza, mas achei a trama dessa obra arrastada e com pouca presença do Espinosa. Fiquei me sentindo só vendo tantas resenhas positivas, rs. Abraço!


Márcia de Assis 02/10/2018minha estante
;-) A recepção literária tem dessa diversidade! Ainda bem! Um abraço!


Hel 20/05/2023minha estante
Me interessei pela obra de Garcia Roza depois de ler um trecho de "A Última Mulher" na revista Veja, mas o título que você deu à resenha foi perfeito. Poxa, que livro chato! Os primeiros capítulos foram ótimos, parecia uma coisa do Hitchcock e quando aquela garota começou a espiar o professor pensei "agora a trama vai esquentar", e não saía disso ! Fiquei até com raiva de ter gastado dinheiro neste livro, apesar de ter comprado baratinho.




Literatura Policial 07/11/2014

Um Espinosa para não esquecer
Quem iria imaginar que a adolescente rica encomendaria a chacina dos próprios pais? Quem poderia supor que a tímida dona-de-casa esquartejaria o marido? Não precisamos de nomes para identificar esses recentes crimes nacionais, e eles pouco representam diante do nosso assombro: como pessoas aparentemente tão comuns podem cometer atrocidades como essas?!

As explicações podem ser muitas, e o mais importante é enxergar nessas ocorrências um recado claro de que qualquer pessoa pode atravessar a linha que divide o bem do mal, a sanidade da ruína. Sim, pessoas normais também matam, e a rigor ninguém está acima de qualquer suspeita. Na vida ou na ficção. Um Lugar Perigoso (Companhia das Letras, 2014), o mais recente romance de Luiz Alfredo Garcia-Roza, reforça isso à medida que coloca um pacato cidadão como provável assassino. Mas o professor Vicente Fernandes, cinquentão aposentado por invalidez, seria incapaz de fazer algo tão brutal! Será? É possível, afinal, nem mesmo o personagem sabe dizer se isso realmente aconteceu. Vítima de uma doença que afeta sua memória, o professor se esquece de fatos recentes e antigos, provocando um isolamento que é simplesmente dilacerador. Quando essa perda é muito grande, a pessoa corre o risco de perder a própria identidade, explica. Para compensar as lacunas das recordações, imagina ocorrências tentando de alguma forma recuperar o que foi perdido. Com isso, borra as fronteiras entre o que aconteceu e o que foi inventado pela própria mente.

Leia a resenha completa no site literaturapolicial.com

site: http://literaturapolicial.com/2014/11/07/resenha-um-lugar-perigoso-luiz-alfredo-garcia-roza/
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Tiago Vieira 04/05/2015

Para quem gosta de literatura policial este é um prato cheio!
Resenha original publicada no Blog da Chico Rei (link abaixo)

Luiz Alfredo Garcia-Roza consagra-se definitivamente como um dos autores mais prolíficos de uma geração tardia de escritores noir, ajudando a moldar e elevar a qualidade da produção literária nacional nos últimos 20 anos.

Conheci a obra desse mestre das letras através do meu pai – outro fã incondicional de romances policiais – e me lembro que na época eu era daqueles estudantes leitores que devoram mais de 40 títulos por ano sempre em busca de algo novo, sem preconceitos, filtros ou preferências literárias. De verdade! Eu lia tudo que aparecesse pela frente – de Sidney Sheldon a Machado de Assis – com a mesma empolgação e prazer. Já tinha um certo gosto pelas histórias policiais desde Agatha Christie, mas foi O Xangô de Baker Street (do Jô Soares) e Agosto (do Rubem Fonseca) que me levaram a querer entender ainda mais esta nova voz abrasileirada da literatura noir.

Por isso, quando em 1996 tomei contato com O Silêncio da Chuva – livro de estreia de Garcia-Roza na esfera pulp fiction tupiniquim – percebi que havia ali um novo nível de construção dos personagens de forma agradavelmente complexa e muito instigante. O ainda detetive Espinosa (promovido a delegado a partir do 2º livro) é um protagonista que se revela coadjuvante de forma curiosamente humana e palpável. Esqueça os heróis dos romances clássicos. Este personagem é um típico cidadão carioca (que come lasanha congelada e toma suco natural na esquina) com gostos e preferências normais, mas peculiarmente dotado de um caráter observador. Sim, essa é a sua principal qualidade. Espinosa consegue ultrapassar a linha – que a zona sul finge não enxergar – limítrofe entre o submundo marginal e a vida comum dos cartões postais do Rio de Janeiro.

O cenário não poderia ser mais real: Copacabana! Garcia-Roza foge de todos os clichês e estereótipos do gênero, sabendo que não há fórmula perfeita para contar uma história. Por isso, sua ficção é tão celebrada. Pois ela se aproxima muito da realidade do dia a dia. Depois deste vieram Achados e perdidos (1998), Vento sudoeste (1999), Uma janela em Copacabana (2001) – o melhor na minha opinião -, Perseguido (2004), Espinosa sem saída (2006), Na multidão (2007), Céu de origamis (2009), Fantasma (2012) e agora, em 2014 o mais recente Um Lugar Perigoso.

São muitos os lugares perigosos deste livro. O primeiro é o próprio Rio de Janeiro, onde a história se desenrola. Como de costume nos romances deste autor, a cidade é protagonista e sua geografia se torna parte indissociável da trama. Outro lugar de perigos insondáveis é a memória do professor Vicente, figura central do enredo. Nesta nova empreitada, Luiz Alfredo (profundo pesquisador da psique humana) traz para nosso deleite o que sabe fazer melhor: um quebra-cabeças disfarçado de mergulho interior na mente doentia de um idoso professor aposentado que se depara com uma lista de mulheres em seu apartamento. Quem são elas? Foram suas colegas na universidade? Alunas? Por que ele as reuniu numa lista e que relação manteve com elas? São questões que ele não tem como desvendar, pois sofre de uma síndrome em que as lembranças se apagam e a imaginação toma o lugar dos fatos.

Vicente busca a ajuda do delegado Espinosa para descobrir o paradeiro das mulheres listadas. Mas a investigação traz à tona os cantos obscuros de sua mente e pode revelar a origem de crimes que nada têm de imaginários.

É um livro para ler de uma só vez e a impressão que se tem é que, ao desvendar os crimes desta história, acabamos conhecendo melhor a nós mesmos. Garcia-Roza é daqueles autores para se ler a obra completa. Se você ainda não o conhece, então sugiro que experimente deixar Espinosa entrar na sua mente. Vale mais que uma sessão de terapia.


site: http://blogchicorei.com/um-lugar-perigoso/
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@jaliagoraesuavez 04/05/2020

Vai deixar saudades
Esse é o 11º livro do Garcia-Roza com o Delegado Espinoza e o último que faltava para eu completar toda a obra lida do autor.
Nessa história temos como personagem um professor com uma síndrome rara: ele tem lapsos de memória e preenche esses lapsos com histórias que não sabe se são reais ou inventadas.
Afastado da universidade em razão desses problemas de saúde, ele passa os dias em casa e ganha a vida como tradutor, numa rotina aparentemente tranquila. Até que se depara com uma lista cheia de nomes de mulheres.
Quem são elas? Foram suas colegas na universidade? Alunas? Por que ele as reuniu numa lista e que relação manteve com elas? São questões que ele não tem como desvendar e recorre ao Delegado Espinoza para ajudá-lo a descobrir o paradeiro dessas mulheres.

Mais uma vez temos o bairro de Copacabana como pano de fundo dessa história.
Vicente é um personagem complexo e ficamos o tempo todo sem saber se é o vilão ou vítima da história.
O carisma do Delegado Espinoza continua em alta, apesar de ser o 11º livro, mas senti sua presença mais fraca nessa história, sendo mais um coadjuvante do que o personagem principal.
Garcia-Roza, como sempre, traz um romance policial com toques de romance noir, seus personagens são humanos, eles têm uma vida normal e se aproximam muito do leitor.

O final, como característico do autor, sempre aberto, sem explicações muito lógicas, mas com os devaneios da mente do nosso querido delegado.

Garcia-Roza vai deixar saudades....


site: @jaliagoraesuavez no Instagram
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Fátima Lopes 11/01/2015

Janela Indiscreta
O livro tem toques do filme " Janela Indiscreta" (dirigido por Alfred Hitchcock e baseado em conto de Cornell Woolrich) e a trama mistura psiquiatria e romance policial com resultado um pouco inferior ao de outras obras protagonizadas pelo Delegado Espinosa.
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Ricardo Rocha 08/03/2016

o que posso dizer: li... premio jabuti... caramba...
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José 24/07/2016

Um lugar perigoso
O autor é sempre muito bom. O universo Copacabana-Peixoto acrescido aqui e ali pela Universidade é instigante. Espinoza, desta vez, nem é tão relevante. É coadjuvante de Anita e do Professor Vicente. A insanidade dos personagens captura a leitura. Mas, alguns fios ficam soltos. A cena lúbrica no apartamento, por exemplo, fica perdida no final (pelo menos para mim, ficou).
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Thiago.Marques 27/12/2020

Garcia-Roza: o que há de melhor na literatura policial
"Um lugar perigoso" é um pilar da literatura policial brasileira, não porque ele traz as particularidades de obras do gênero, mas porque as subverte. A patologia de um dos protagonistas faz o leitor questionar se não está sendo enganado, como em um truque, no qual o mágico, com uma das mãos, realiza uma ação enquanto a outra mão, escondida, prepara a surpresa. A construção de Espinosa, o detetive do romance, nada tem a ver com a petulância de Sherlock Holmes ou de Hercule Poirot. Diferentemente destes, Espinosa tem dúvidas, receios e até medos. É o mais humano dos detetives, o que faz "Um lugar perigoso" ser tão verossímil.
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