@aprendilendo_ 20/12/2020
Resenha de A Autobiografia de Martin Luther King
Organizado pelo historiador Clayborne Carson e publicado pela primeira vez em 1998, a obra compila diversos textos, cartas, artigos e documentos para a criação de uma linha temporal, do nascimento à morte, de um dos mais influentes homens do séc. XX. Estamos falando de Martin Luther King, líder e representante dos revolucionários movimentos em busca dos direitos civis os quais foram realizados nas décadas de 50 e 60 nos Estados Unidos.
De início, já bem estabelecido no prefácio, o livro tem um foco muito maior na vida de batalhas sociais e espirituais de King do que propriamente o íntimo do pastor. Nesse sentido, dentre as 430 páginas, cerca de 80% do conteúdo está concentrado nos 14 anos de movimentos civis liderados por Martin. Logo, apesar de se tratar de uma biografia, a obra traz consigo uma rara dinâmica a qual instiga o leitor sem cair em mesmices ou assuntos pouco pertinentes, sempre apresentando as minucias das inseguranças e pensamentos do líder a cada situação. Em adição, a linguagem simples e os capítulos bem divididos dão um ótimo balanceamento e contribuem para uma leitura confortável e propositiva. Infelizmente, justamente por se tratar de uma vida real, com altos e baixos, o livro tem uma leve queda de movimentação na segunda parte da metade e isso acaba gerando um contraste um pouco desanimador em relação aos ápices incríveis da primeira metade e do final. Isso, no entanto, não tira o peso total da obra quanto aos seus méritos descritivos.
No tanger dos fatos, o elemento realmente encantador do livro está no homem aqui retratado. Com uma personalidade cativante e fiel às suas crenças, acompanhamos o processo de lapidação de um líder em meio a momentos assustadores. A verdade e força em cada palavra proferida por King é de certa forma assustadora, capaz de contagiar qualquer um a olhar diretamente para a injustiça e lutar contra as desigualdades cotidianas. Além disso, o peso histórico e filosófico o qual a obra traz consigo é realmente significativo. Pois não ficamos restringidos à apenas um ponto de vista, mas passeamos por todo um cenário mundial ao lado do pastor batista, por lugares como Índia e Gana e debates envolvendo Malcolm X, a guerra do Vietnã e os problemas da desigualdade social.
Capaz de trazer à tona grandes questionamentos sobre nossos propósitos, sonhos e atitudes enquanto retrata toda uma história não apenas de um grande movimento, como de um grande homem, A Autobiografia de Martin Luther King é comovente e inspiradora.
nota:8.8
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