Tratado da Castidade

Tratado da Castidade Santo Afonso Maria de Ligório
Santo Afonso de Ligório
Santo Afonso de Ligório




Resenhas - Tratado da Castidade


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Alane.Sthefany 19/09/2022

Tratado da Castidade - Santo Afonso Maria de Ligório
Apesar de ser um livro católico e se tratar da castidade, voltada mais para o celibato, possui muitos conselhos para nós que não caminharemos por esse caminho, no entanto, que buscamos viver uma vida casta e de santidade.

Não dei uma avaliação melhor devido às diversas heresias concernentes as últimas partes, só gostei mesmo da primeira. Todavia, eu recomendo a leitura, basta reter o que é bom, o que está de acordo com as Escrituras e ignorar o restante.

Trechos Preferidos ?????

Tratado da Castidade

Bem-aventurados os puros

§ I. EXCELÊNCIA DA CASTIDADE

Santo Efrém chama a castidade de "a vida do espírito"; São Pedro Damião, "a rainha das virtudes"; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outro vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.

Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): "O combate pela castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara".

Todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma cautela: "É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade".

§ II. DA VIGILÂNCIA SOBRE OS PENSAMENTOS

1) A respeito dos maus pensamentos encontra-se, muitas vezes, um duplo engano:

a) Almas que temem a Deus e não possuem o dom do discernimento e são inclinadas aos escrúpulos, pensam que todo mau pensamento que lhes sobrevêm é já um pecado. Elas estão enganadas, porque os maus pensamentos em si não são pecados, mas só e unicamente o consentimento neles.

b) Outros, que possuem uma consciência mais relaxada e são mal instruídos, julgam, pelo contrário, que os maus pensamentos nunca são pecados, mesmo havendo consentimento neles, contanto que não se chegue a praticar. Este erro é muito mais pernicioso que o primeiro. O que se não pode fazer, não se pode também desejar; por isso, o mau pensamento em si contêm toda a malícia do ato. Assim como as más obras nos separam de Deus, também os maus pensamentos nos afastam d'Ele e nos privam de Sua graça. "Pensamentos perversos nos separam de Deus" (Sab 1, 3). Como as más obras estão patentes aos olhos de Deus, também Sua vista alcança todos os nossos maus pensamentos para condená-los e puni-los, pois "um Deus de ciência é o Senhor, e diante d'Ele estão patentes todos os pensamentos" (I Rs 2, 3).

2) Devemos considerar três coisas quando se trata de um pecado de pensamento, a saber: a sugestão, a deliberação e o consentimento. Alguns esclarecimentos a esse respeito:

a) Sob a palavra sugestão entende-se o primeiro pensamento que nos incita a praticar o mal que nos vem à mente. Esta instigação ou incitamento ainda não é pecado;
se a vontade a repele imediatamente, é mesmo uma fonte de merecimentos.

Paulo nos informa que também ele foi tentado contra a pureza: "E para que a grandeza das revelações não me ensoberbesse, foi-me dado um espinho em minha carne, um anjo de satanás para me esbofetear" (2 Cor 12, 7). O Apóstolo suplicou várias vezes ao Senhor que o livrasse desse inimigo: "Por essa causa roguei ao Senhor três vezes que o afastasse de mim". O Senhor não quis, porém, dispensá-lo do combate, e respondeu-lhe: "Basta-te a minha graça". E por que não queria o Senhor livrá-lo?

"Porque a virtude se aperfeiçoa na fraqueza". São Francisco de Sales diz que quando um ladrão procura arrombar uma porta, é porque não está ainda dentro da casa; assim também, quando o demônio tenta uma alma, é porque se acha ela ainda na graça de Deus.

b) À sugestão segue-se a deleitação. Quando nos damos ao trabalho de repelir imediatamente a tentação, sentimos nela uma certa complacência ou prazer, que nos vai arrastando ao consentimento.

Se, porém, não recorrermos então a Deus e não nos esforçarmos por resistir à tentação, facilmente nos sentiremos arrastados ao consentimento e perdidos, segundo as palavras de Santo Anselmo (De similit., c. 40): "Se não procuramos impedir a deleitação, ela se transformará em consentimento e matará a alma".

c) Toda a malícia do mau pensamento está, porém, no consentimento. Havendo pleno consentimento, perde-se a graça de Deus e chama-se sobre si a condenação eterna, quer se tenha o desejo de cometer um pecado determinado, quer se pense ou reflita com prazer no pecado como se o estivesse cometendo.

3) Se fores, pois, molestada por tais tentações, alma cristã, não deves perder a coragem, antes, animosamente combater, empregando os meios que te vou indicar, e não sucumbirás:

a) O primeiro é humilhar-se continuamente diante de Deus. O Senhor castiga muitas vezes os espíritos soberbos, permitindo que caiam em qualquer pecado impuro.
Sê, pois, humilde, e não confies em tuas próprias forças. Davi confessa que caiu no pecado por não ter se humilhado e ter confiado demais em si mesmo: "Antes de me haver humilhado, eu pequei" (Sl 118, 67). Devemos temer sempre a nossa própria fraqueza e colocar em Deus toda a nossa confiança, esperando firmemente que nos preserve desse vício.

b) O segundo meio é recorrer imediatamente a Deus, sem entrar em diálogo com a tentação. Logo que se apresentar ao nosso espírito um pensamento impuro, devemos elevar a Deus imediatamente o nosso pensamento ou dirigi-lo a qualquer objeto indiferente.

Se ela (a tentação) for muito forte, será bom repetir muitas vezes o seguinte propósito: Ó meu Deus, prefiro morrer a Vos ofender.

c) O terceiro meio é a recepção assídua dos Santos Sacramentos da Confissão e da Comunhão. É de suma importância revelar quanto antes ao confessor as tentações impuras.

"Uma tentação revelada já está meio vencida", diz São Filipe Néri.

E se alguém teve a infelicidade de consentir em uma tentação, não se demore nenhum instante em se confessar disso.

A Santa Comunhão, está fora de dúvida, confere uma grande força na resistência às tentações desonestas.

d) O quarto meio é a devoção (...)

e) O quinto meio é a fuga da ociosidade. O Espírito Santo diz (Ecli 33, 21): "A ociosidade ensina muita coisa má", isto é, ensina a cometer muitos pecados.

São Jerônimo exorta a Rústico (Ep. ad Rust., 2) que esteja sempre ocupado (...)

f) O sexto meio consiste no emprego de todas as precauções exigidas pela prudência, tais como a modéstia dos olhos, a vigilância sobre as inclinações do coração, a fugida das ocasiões perigosas, etc.

§ III. DA MODÉSTIA DOS OLHOS

Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas. "Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer em uma virgem", diz Jó (Job 31, 1). Mas, por que diz ele de não pensar sequer em uma virgem? Não parece que deveria dizer: Fiz um contrato com meus olhos de não olhar sequer? Não, ele tem toda a razão de falar assim, porque o pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.

Santo Agostinho diz: "Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência". Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.

Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade. Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. "As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos". Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria".

Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos.

"Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

São Francisco de Sales dizia: "Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas". Por essa razão foram os Santos tão cautelosos em seus olhares. Por temor de enxergarem inesperadamente qualquer objeto perigoso, conservavam os olhos quase sempre baixos, e se abstinham de olhar coisas inteiramente inocentes. São Bernardo, depois de um ano inteiro no noviciado, não sabia ainda se o teto de sua cela era plano ou abobadado. Na igreja do convento havia três janelas e ele não o sabia, porque conservara os olhos baixos. Evitavam os Santos, com cautela maior ainda, pôr os olhos em pessoa de outro sexo. São Hugo, bispo, nunca olhava para o rosto das mulheres com quem tinha de conversar. Santa Clara nunca olhava para a face de um homem. Aconteceu uma vez que, levantando os olhos para a Hóstia Sagrada, durante a Elevação, viu o rosto do sacerdote, com o que ficou profundamente aflita.

Julgue-se agora quão grande é a imprudência e temeridade dos que, não possuindo a virtude dum desses Santos, ousam passear suas vistas em todas as pessoas, não exceptuando as de outro sexo, e querendo ainda ficar livre de tentações e do perigo de pecar.

Como, pois, poderemos ficar preservados de tentações, quando nos expomos ao perigo, olhando e até fitando complacentemente pessoas de outro sexo?

O que nos prejudica não é tanto o olhar casual como o premeditado, o mirar.
Razão porque Santo Agostinho diz (Reg. ad Serv. Dei, n. 6): "Se vossos olhos casualmente caírem sobre uma pessoa, cuja vista vos pode ser prejudicial, guardai-vos, ao menos, de fitá-la". E São Gregório diz: "Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma". Tendo-se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando tratava com mulheres, respondeu: "Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; se se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado".

Suposto mesmo que a liberdade que se concede aos olhos não produzisse outros males, impediria sempre o recolhimento da alma durante a oração; pois tudo o que vimos e nos impressionou, apresenta-se aos olhos de nossa alma e nos causa uma imensidade de distrações.

Guardemo-nos, por isso, de olhares curiosos, e só olhemos para objetos que elevam para Deus o nosso espírito. "Olhos baixos elevam o coração para o Céu", dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: "Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia". Com isso não quero, porém, dizer que nunca se deva levantar os olhos ou considerar coisa alguma; pelo contrário, é até bom, às vezes, olhar coisas que elevam nosso coração para Deus, como santas imagens, prados floridos, etc, já que a beleza dessa criatura nos atrai à contemplação do Criador.

Deve-se notar também que a modéstia dos olhos é necessária não só para nosso próprio bem, como para a edificação do próximo.

Só Deus vê o nosso coração; os homens vêem apenas nossas obras externas e, ou se edificam, ou se escandalizam com elas.

"A vossa modéstia seja conhecida de todos os homens" (Filip 4, 5).

Pessoas devotas são observadas pelos anjos e pelos homens, e, por isso, sua modéstia deve ser notória a todos, do contrário, deverão dar rigorosas contas a Deus no dia do Juízo. Observando a modéstia, edificamos sumamente os outros e os estimulamos à prática da virtude.

É celebre o que se conta de São Francisco de Assis: Uma vez deixou ele o convento junto a uma companheiro, dizendo que ia pregar; tendo dado uma volta pela cidade com os olhos baixos, entrou novamente no convento. 'Mas quando farás o sermão?', perguntou-lhe o companheiro. 'Já o fiz, respondeu-lhe o Santo, consistiu todo no resguardo dos olhos, do que demos exemplo ao povo'.

Santo Ambrósio diz que a modéstia das pessoas virtuosas é uma exortação mui poderosa ao coração dos mundanos. "Quão belo não seria se bastasse te apresentares em público para fazeres bem aos outros!" (In ps. 118, s. 10). De São Bernardino de Sena se conta que, mesmo antes de entrar para o convento, bastava só a sua presença para pôr fim às conversas livres de seus companheiros; mal o avistavam, diziam uns para os outros: Silêncio, Bernardino vem vindo; e então calavam-se ou começavam a falar de outras coisas.

Concluo com as palavras de São Basílio a seus monges: "Se quisermos que nossa alma tenha suas vistas sempre postas no Céu, filhos queridos, conservemos nossos olhos sempre voltados para a terra". De manhã, ao despertar, devemos já pedir, com o Profeta: "Afastai meus olhos, Senhor, para que não vejam a vaidade" (Sl 118, 37).

§ IV. DA GUARDA DO CORAÇÃO

A modéstia dos olhos pouco nos servirá se não vigiarmos sobre o nosso coração.
"Aplica-te com todo o cuidado possível à guarda do teu coração, diz o Sábio (Prov 4, 27), porque é dele que procede a vida".

A amizade, segundo São Tomás, é mesmo uma virtude. A perfeição não proíbe se entretenham amizades, diz São Francisco de Sales; exige somente que sejam santas e edificantes, a saber, só devem ser mantidas aquelas uniões espirituais por meio das quais duas, três ou mais pessoas, comunicam entre si seus exercícios de devoção, seus desejos piedosos e sentimentos nobres, tornando-se como que um só coração e uma só alma para a glória de Deus e o bem espiritual próprio e alheio. Com toda a razão podem tais almas exclamar: "Vede quão bom e suave é habitarem os irmãos em união" (Sl 132, 1). São Francisco diz mais que, em tal caso, o suave bálsamo da caridade destila de coração em coração por meio dessas mútuas comunicações, e bem pode-se dizer que Deus lança Sua benção sobre tais amizades, por toda a eternidade (Fil., III, c. 19).

Tais amizades são recomendadas pela Escritura mesma, em termos eloquentes:
"Nada se pode comparar com o valor de um amigo fiel, e o valor do ouro e da prata não iguala a bondade de sua fidelidade" (Ecli 6, 16). "Um amigo fiel é um remédio para a vida e a mortalidade, e os que temem o Senhor encontram um tal".

Mas como podeis aconselhar as amizades particulares, dirá alguém, quando elas são tão rigorosamente condenadas por todos os ascetas? Respondo: As amizades particulares são proibidas unicamente nos claustros e com toda a razão, pois é imperiosamente necessário que todos os religiosos se amem mutuamente com amor fraterno, para que haja uma vida comum claustral. Ora, num claustro, as amizades particulares podem facilmente ocasionar perturbações dessa mútua caridade, dando ocasião a invejas, suspeitas e outras misérias humanas. São Basílio não hesitou dizer que as amizades particulares em um convento são uma sementeira perpétua de invejas, de desconfianças e inimizades. O mesmo acontece nas famílias em que o pai ou a mãe tem mais carinhos para um filho que para os outros. Os filhos de Jacó odiavam seu irmão José, porque seu pai lhe dedicava um amor especial.

Não há, além disso, nenhum motivo de se alimentar tais amizades num estado religioso, pois, num convento, onde reinam a disciplina e a ordem, todos os membros tendem ao mesmo fim, à perfeição, e não é necessário travar amizades particulares para animar-se mutuamente ao serviço de Deus e ao trabalho do aperfeiçoamento próprio.

Os que, vivendo no mundo, desejam dedicar-se à prática da virtude verdadeira e sólida, precisam, pelo contrário, de se unir aos outros por uma amizade santa e edificante, para poderem, por meio dela, se animar, se auxiliar e se estimular ao bem.
Há no mundo poucas pessoas que tendem à perfeição e muitas que não possuem o espírito de Deus e, por isso, é preciso que os bons, quanto possível, evitem os que podem impedir seu adiantamento espiritual e travem amizade com os que os podem auxiliar na prática do bem.

As amizades naturais só são agradáveis a Deus se as santificarmos por meio da boa intenção; por exemplo, amando a nossos pais e amigos por amor de Deus.

"Quem não evita relações perigosas, cai facilmente no abismo", diz Santo Agostinho (Serm. 293). O triste exemplo de Salomão bastaria para nos encher de terror.
Depois de ter sido amado tanto por Deus, servindo ao Espírito Santo de mão para escrever, travou relações com mulheres pagãs, já na sua velhice, e caiu tão profundamente que chegou a sacrificar aos deuses. Isso, porém, não nos deve estranhar, pois, será para admirar que alguém se queime, permanecendo no meio das chamas? - pergunta São Cipriano

(Celibatários ou p/ pessoas casadas)

? Amizades com pessoas do sexo oposto

Pessoas de diferentes sexos abrasam-se por causa da muita familiaridade, com a mesma facilidade com que a palha atingida pelo fogo, e, em certo sentido, até com mais facilidade (...)

Se sentires em teu coração, alma cristã, uma tal afeição para com alguém, não há outro remédio para te libertares dela, senão cortá-la resolutamente de uma vez para sempre, pois, se quiseres renunciá-la pouco a pouco, crê-me, nunca chegarás a desfazer-te dela. Essas cadeias são dificílimas de romper, e só o conseguirá quem as quebrar violentamente, duma só vez. E não venhas com a desculpa de que, até agora, nada ocorreu de inconveniente, pois deves saber que o demônio não começa com o pior, mas só pouco a pouco leva a alma imprudente às bordas do precipício e, então, com um leve empurrão, precipita-as no abismo.

É uma máxima aceita por todos os mestres da vida espiritual de que, neste ponto, não há outro remédio senão fugir e afastar-se da ocasião. São Filipe Néri costumava dizer que, nesse combate, só os covardes saem vencedores, isto é, os que fogem da ocasião. Podemos resistir aos outros vícios ficando na ocasião, diz São Tomás (De mod. conf., c. 14), fazendo violência contra nós mesmos; mas o vício contrário à pureza, porém, só o poderemos vencer fugindo da ocasião e renunciando às afeições perigosas.

Eis o conselho que te dá São Jerônimo (Ep. ad Eust.): "Se, no trato com alguém, notares que alguma afeição desregrada se quer apoderar de teu coração, apressa-te a sufocá-la antes que se torne um gigante. Enquanto o leão é ainda pequeno, pode ser facilmente trucidado; uma vez crescido, torna-se-á mui difícil e humanente impossível".

Coisa verdadeiramente lamentável e vergonhosa seria se permitisses que fizessem, em tua presença, gracejos indecentes. Não julgues que não pecas calando-te e simplesmente ouvindo tais gracejos; se não evitares o mais depressa possível a companhia de um homem tão insolente, já cooperaste com o seu pecado e te fizeste réu dele. Se receberes de alguém uma carta com palavras amorosas, rasga-a imediatamente ou lança-a ao fogo e não lhe dês resposta. Se, por motivo grave, tiveres de responder, faze-o então em poucas e sérias palavras, e não dês a entender que notaste as tais palavras e muito menos que achaste nelas qualquer prazer.

Sinais dos quais se pode deduzir se a afeição que a alguém nos prende é impura.

Primeiro: se se entretêm conversas inúteis; e inúteis são todas as que levam muito tempo. [...]

Sabendo o quanto o coração humano é inclinado ao pecado e quão fraco quando dominado por uma paixão, só permitem tais relacionamentos entre os jovens quando estão em idade e têm vontade séria de se casar; além disso, que não sejam travadas sem o consentimento dos pais, que não se prolonguem por muito tempo e só se namorem quando estiver próximo o casamento; também lhes interditam a conversa a sós, longe das vistas dos pais, grande familiaridade, e tudo o que possa manchar a pureza da alma, seja por pensamentos, olhares, palavras ou gestos.

Platão dizia: "Tomarás os mesmos modos daqueles com quem convives".
Segundo São João Crisóstomo, para se certificar dos hábitos de alguém, basta saber com quem ele anda, já que os amigos ou são ou fazem-se semelhantes uns aos outros. E isso por duas causas:
primeiro, porque um se esforça por imitar o outro para lhe ser agradável; segundo, porque o homem, como nota Sêneca, é inclinado a fazer o que vê os outros fazerem.
Dos israelitas lemos: "Eles se mesclaram com os gentios e aprenderam suas obras" (Sl 105, 35). Devemos, portanto, não só fugir do comércio com os impuros, diz o Sábio, mas também nos conservarmos longe de seus caminhos: "Meu filho, não andes com eles e não ponhas o pé em seus caminhos" (Prov 1, 15). Devemos evitar todo o trato com eles, suas conversas ou presentes, com os quais procuram nos enredar. "Meu filho, se os pecadores te atraírem com seus afagos, não condescendas com eles" (Prov 1, 10).
"Cairá, talvez, uma ave, no laço armado na terra, sem a isca?" (Am 3, 5). O demônio serve-se dos maus amigos como de iscas, segundo Jeremias, para prender as almas em suas redes de pecado. "Meus inimigos, sem motivo, prenderam-me como se prende uma ave" (Jer 3, 52).

É exatamente essa a astúcia do demônio, diz Santo Efrém: "Capturada uma alma em sua rede, serve-se dela como de uma armadilha para prender a outra"

Não travemos amizade com homens viciosos, evitando tomar parte em sua mesa, banquetes ou outros convívios com eles. É impossível evitar todo o comércio com eles, porque então teríamos de sair deste mundo, segundo o Apóstolo (I Cor 5, 10); contudo, é bem possível evitar um trato mais familiar com eles, seguindo o conselho do mesmo Apóstolo: "Eu vos escrevi que não tenhais comunicação com eles... com um tal não deveis nem sequer cear". Disse ainda: Fujamos de tais escorpiões, pois o profeta Ezequiel designa assim os sedutores: "Pervertedores estão contigo e habitas com escorpiões" (Ez 2, 6).

Não ousarias, alma cristã, habitar com escorpiões, e certamente te afastarias com toda a pressa de sua proximidade. Pois assim deves evitar os amigos que dão escândalo e envenenam a tua alma com maus exemplos e conversas perversas.

Na Sagrada Escritura se diz: "Quem se compadecerá de um encantador mordido pela serpente e de todos os que se aproximam de animais ferozes? Assim também, quem se compadecerá daquele que se torna companheiro de um homem iníquo?" (Ecli 12, 13). Se um tal homem, por motivo do perigo a que se expõe, cai no pecado e se precipita na condenação eterna, ninguém, nem Deus nem os homens, terá compaixão dele, pois já fôra advertido do perigo.
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JAPA 25/06/2021

Castidade
Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outros vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio etc.
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LangDLivia 01/04/2021

Muito bom :)
Santo Afonso faz vários alertas sobre os perigos que levam ao pecado contra a castidade, adverte sobre as más companhias e o problema de não guardar a vista.
Comenta sobre a castidade daqueles unidos em matrimônio e dos religiosos, focando muito na parte da virgindade consagrada.

"Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente triunfará sobre todos os demais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza, facilmente cairá em muitos outro vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc."
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Ruth167 06/11/2020

Tratado da castidade.
É excelente, muito claro, simples e contém aquilo que é necessário sem se alongar em outras coisas. Recomendo a todos, especial aqueles que ainda não conhecem essa grande graça e virtude da castidade.
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anoca 14/02/2021

todos devemos ser castos
embora o foco do livro seja para quem deseja fazer o voto de castidade, também é abordado o tema para leigos que não foram agraciados com vocação e vão contrair matrimônio. todos devemos ser castos, ainda que apenas de alma como os que se casarão
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Emanuelle Melo 17/09/2020

Tratado da Castidade
Muito bom, esclarecedor, inspirador, com fortes citações!

A grande beleza da castidade é ter-se por inteiro para assim poder entregar-se a Deus e aos que Deus deseja! Uma enorme conservação de nosso coração e vida, que nos ensina a beleza do amar sem interesse, pobremente, inteiramente, já que "as almas esposas e Jesus são chamadas a amar como Ele amou".
Que o Espírito Santo abra nossos corações e os ganhe da pureza que brota do amor de Deus. Possamos ser castos: inteiros e livres para amar!
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Angerson 31/12/2020

Rico em ensinamentos
Esse livreto não pode ser julgado por seu tamanho pequeno, mas sim por sua grandiosidade em ensinamentos sobre esse tema tão esquecido e espezinhado nos dias atuais.

Santo Afonso como sempre, nos traz com sua sabedoria, definição sobre o tema e preceitos simples e práticos sobre como viver uma vida casta.
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Rafael2239 14/11/2022

Uma lição sobre a pureza
Pelo que li de outras pessoas falando sobre esse livro, ponderei que era um livro a priori escrito para pessoas ingressadas no meio religioso mas que também servia aos leigos, como eu e você.

O livro é repleto de citações de santos da Igreja e filósofos como Platão e Sêneca.

Vai contar que a castidade é a "Rainha das Virtudes" como dizia São Pedro Damião.

Para os católicos é um ótimo livro, reflexivo e determinante. Confesso que fiquei uns dois dias refletindo sobre o conteúdo desse livro.

É difícil ou quase impossível viver a castidade num período de extrema sexualização de tudo.
Apesar dos pesares, renunciemos a nós mesmos, peguemos a nossa cruz e tentemos ser a imitação de Cristo e de seus seguidores.
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Hildeberto 29/10/2022

Edificante
O "Tratado da Castidade", de Santo Afonso de Ligório, é um livro curto de 52 páginas.

Pode ser dividido em duas partes: os capítulos I, II, III e IV (até a página 32) abordam a castidade para as pessoas em geral, enquanto os capítulos V e VI tratam do que é necessário para aqueles que consagram sua virgindade.

Não obstante, o livro forma um todo coeso, com ensinamentos simples, mas profundos, para aqueles que queiram se exercitar nessa virtude; a castidade é uma só, mas as exigências (e recompensas) para quem se consagra são maiores.

PS.: gostei muito da edição da Editora Santa Cruz, muito elegante!
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AnaP14 15/02/2023

Para compreender a visão da Igreja
É um bom livro para compreender a visão da igreja sobre a castidade. Pretendo me aprofundar mais sobre alguns temas levantados pelo autor.
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kau 17/10/2021

Livro curto, mas de profundidade!
Indispensável! Incrível como esse minúsculo livrinho é de um importância magnânima. Muito aprendizado nas suas poucas páginas. Descobertas que são uma explosão na mente. Leiam. Muito bom! Vale a pena ler de novo!
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spoiler visualizar
LangDLivia 14/05/2022minha estante
Oi giovana te achei


AndrômedaGio 20/05/2022minha estante
finalmente me seguiu Livi!!




Lari 27/09/2022

Castidade
Santo Afonso nos orienta de que modo podemos viver para permanecermos castos, e crescer em nós essa virtude que tanto agrada a Deus. Em alguns trechos fala diretamente aquelas almas na qual possuem vocação para viverem neste mundo como esposa de Jesus.
Sabiamente mostra como fugir do pecado e aumentar em nós a graça Divina.
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Joelmir.Carvalho 08/11/2020

A inspiração para ser melhor
Este livro traz a nós uma maneira de entender nosso sentido e propósitos, mostrando como devemos respeitar o próximo, a nós mesmos e sobre tudo a Deus, vale a leitura mostrando a casa linha a beleza do ser humano
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Allana de Jesus 07/01/2021

O Tratado de castidade
Um dos melhores livros que li em minha vida! Já li duas vezes e quero ler de novo. Sempre recorro a ele quanfo me sinto em perigo.
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