Esposas e Filhas

Esposas e Filhas Elizabeth Gaskell




Resenhas - Esposas e Filhas: Uma História Cotidiana


17 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Clube do Farol 08/08/2022

Resenha por Renara @renaradoula
Olá meus queridos Faroleiros! Como estão? Hoje vamos conversar sobre um clássico da literatura romântica. Vamos lá?

Uma das coisas que me chamou atenção antes mesmo de ler a sinopse do livro, foi o fato da Editora Pedrazul usar as belíssimas ilustrações feitas por George Du Marrier. Ilustrações que foram utilizadas nas publicações seriadas e na primeira edição do livro.

Ah, já estava me esquecendo, antes de entrar na história de Esposas e Filhas, precisamos esclarecer alguma coisas sobre a autora.

A autora faleceu em 12 de novembro de 1865, aos 55 anos, em decorrência de um ataque cardíaco. Sendo seu último livro Esposas e Filhas, a obra estava sendo publicada de forma seriada desde o mês de agosto de 1864 pela revista Revista The Cornhill, ficando o final da obra inacabado.

Confesso que nunca tinha lido nada de Elizabeth Gaskell – me julguem! E foi uma grata surpresa me deparar com a obra e gostar. Chega de blá, blá, blá e vamos à história!

Em Esposas e Filhas, somos levados a um pequeno condado ou vila chamada Hollingford, situada no interior da Inglaterra. Grande parte da trama se passa na casa do jovem viúvo e médico Mr. Gibson. Sendo um homem muito respeitado por todos, porém tem uma coisa que abala seu trabalho- sua única filha Mary, a quem ele carinhosamente chama de Molly.

Quando ainda era uma criança, Molly foi a uma festa oferecida pelos Lord e Lady Cumnor. Porém, Molly acaba se sentindo mal e fica aos cuidados de Clare, governanta da família. O que elas não esperavam era o no futuro elas iriam se encontrar novamente.

O tempo passa e Molly entra na adolescência. Sendo seu pai um médico respeitado, ele recebia em sua casa jovens aprendizes. Um de seus alunos percebe que está apaixonado por Molly, quando o Mr. Gibson percebe o que esta começando a acontecer, mais do que de pressa ele envia sua bela filha para passar um tempo na casa de uma querida paciente.

Com tal acontecimento, o doutor sentiu na pele que lidar com as novidades da adolescência de uma filha não seria nada fácil.

Outra decisão que o Mr. Gibson precisou tomar foi: se casar novamente. Lembra que lá no começo eu falei que o destino iria fazer Molly e Clare se encontrarem no futuro? Pois bem, a escolhida para a vaga de madrasta foi a Clare, também viúva e mãe de uma jovem da idade de Molly. Muitas coisas mudaram na vida de Molly. O casamento trouxe não só uma madrasta, mas uma rotina nova, e uma “irmã” – Cynthia.

É muito bonito de viver com elas a amizade crescendo e de fato viando uma relação de irmãs. Até mesmo quando elas compartilham de um amor, as jovens são capazes de separar as coisas e não deixar nada atrapalhar a relação que foi construída.

Esposas e Filhas é um livro com uma história sobre o dia-a-dia. A Autora vai narrando os acontecimentos de uma maneira até mesmo despretensiosa, quando o leitor se dá por si, já está absolutamente envolvido na trama.

Os personagens? Esses são um caso a parte. Muito bem construídos, mesmo que a autora não tenha ficado presa a descrições, são muito bem construídos, mas a autora não se perde em descrições detalhadas, ela apenas mostra magnificamente bem os atributos de cada personagem dentro do enredo.

Adorei acompanhar o crescimento das meninas, o envelhecimentos de outros personagens, os casamentos e até as mortes. Em todo o momento, tive a sensação de morar e viver tudo isso em Hollingford.

A Editora Pedrazul está de parabéns com a edição do livro. As ilustrações são lindas, pessoalmente, elas ajudaram muito a minha imaginação. A linguagem, mesmo que de séculos atrás, não é complicada de ser compreendida, de maneira que até podemos conhecer melhor fatos e costumes da sociedade da época.

Como falei no começo da resenha, no início da resenha, Elizabeth Gaskell faleceu antes de concluir o livro. Porém, ela havia falado para o editor da revista das suas intenções para cada personagem, tal maneira que, com o falecimento da autora o editor escreveu uma coluna na revista informando aos leitores os desfechos escolhidos pela autora para seus personagens.

Tais considerações estão presentes no final do livro, sendo assim, Esposas e Filhas não fica sem um “final”. Confesso a vocês que depois de mais de 500 páginas não pude deixar de ficar triste. Pois queria muito saber pela escrita da autora o que iria acontecer com esses personagens que aprendi a gostar.

site: http://www.clubedofarol.com/2018/03/resenha-filhas-e-esposas.html
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Juh Lira 17/12/2020

Maravilhoso!
Uma pena que esse romance lindo não tem um final! Gostei demais da Molly e do Roger e torci tanto por eles o livro inteiro! Realmente Esposas e Filhas tem semelhanças com Mansfield Park da Jane Austen, principalmente a protagonista Molly e seus paralelos com a Fanny Price. O relacionamento de Molly com Cynthia também lembra o de Fanny com Mary Crawford.

Gaskell mostra novamente o quanto é uma excelente romancista. Adorei :)
Peregrina 17/12/2020minha estante
Que bom que gostou, Ju!!! A Molly e o Roger são tão fofos! *-*


Juh Lira 20/12/2020minha estante
Eu amei demais, Enza! Sim, eles são uns amorzinhos, melhor ship haha!!




Roberta.Rozin 06/01/2022

Das alegrias em ler clássicos
Para a minha primeira experiência lendo Elizabeth Gaskell, não poderia ter começado com outro título para conhecer sua escrita.
Uma história linda, fluida, cheia de toques ?a lá Austen?.
Molly é uma daquelas personagens para guardar no coração, um menina cheia de virtudes, que sabe entender o próximo, aceita suas faltas pois sabe que o ser humano não é perfeito. Mas tira do seu entorno o melhor de cada um.
Uma narrativa que nos leva para o século XIX e os cenários de uma pequena província, onde todos se conhecem desde o nascimento e fofocas fazem parte do repertório das viúvas e solteironas da cidade. Podendo até acabar com a reputação de uma dama inocente.
No final da história alguns personagens que eu detestava acabaram ganhando o meu coração, Cinthia foi uma delas.
Apesar da bagunça que sua personalidade causou, ela foi autêntica em suas afirmações e sentimentos.
Mrs. Gibson, a madrasta de Molly, realmente é uma chata hahaha.
Sr.Osborne e Sr. Roger tão diferentes em suas personalidades e aparências, mas deram uma linda lição de amor entre irmãos de encher os olhos.
A autora retrata com maestria, os dramas das famílias dessa pequena cidade no interior da Inglaterra, nos levando a muitas aventuras e emoções.
Uma leitura que me emocionou em muitos capítulos.
comentários(0)comente



Peregrina 11/09/2016

"A obra-prima de uma vida"
Esposas e Filhas foi o último romance de Elizabeth Gaskell; obra cujo último capítulo jamais foi conhecido devido à morte precoce da escritora inglesa. De todo modo, os destinos dos personagens já haviam sido definidos pouco antes de forma que não ficou difícil de imaginar o belo desfecho jamais escrito pela mão habilidosa de Mrs. Gaskell, com seu jeito único e afetuoso de trazer cenas mais comoventes à vida.

O editor da revista Cornhill, na qual o romance era publicado em série, adicionou seus comentários acerca das intenções reveladas por antecedência pela própria Gaskell para o último capítulo do que seria, segundo ele, "a obra-prima de uma vida" e que acabou se tornando um "memorial da morte". Eu acredito que Esposas e Filhas foi a obra-prima de uma vida. Trata-se de um romance tão grandioso embora singelo e despretensioso; tão ousado e, no entanto, prosaico e, aparentemente, simples...

Aliás, é na simplicidade (e, por que não, ingenuidade) da protagonista Molly Gibson que Elizabeth Gaskell conquista o leitor mais uma vez e o apresenta a uma série de figuras pitorescas - ou nem tanto - do interior da Inglaterra vitoriana em que vivia e conhecia tão bem. É verdade, Esposas e Filhas é ambientado na cidade interiorana de Hollingford onde Molly e seu pai viúvo vivem. Ele é o médico das famílias que habitam naquelas áreas e, em virtude da profissão, também possuía relações com as famílias da alta sociedade do lugar, incluindo os nobres Lord e Lady Cumnor e o tradicional fazendeiro Hamley e sua esposa.

A história começa com uma pequena Molly visitando Towers, a grande propriedade de Lord e Lady Cumnor, onde a ex-governanta das filhas do conde acabou negligenciando-a e se "esquecendo" de enviá-la de volta para casa. Mas seu pai a reencontra e tudo acaba bem. Anos mais tarde, Mr. Gibson estava incomodado com as atenções que um de seus pupilos estavam dedicando à sua jovem e ingênua filha e a enviou para passar uns dias com a esposa do fazendeiro Hamley, que desejava há tempos conhecer a filha de seu médico.

Molly logo encantou e se afeiçoou profundamente aos Hamleys e, aproveitando sua distância, Mr. Gibson decidiu que precisava arrumar uma nova mãe para instruir, proteger e guiar Molly nesta nova fase de sua vida. Ele logo elegeu aquela que a havia negligenciado anos antes, a ex-governanta das filhas de Lord e Lady Cumnor: Mrs. Kirkpatrick.

Assim que recebeu a notícia, Molly se entristeceu bastante e não conseguiu evitar um choro de desespero e da dor do reconhecimento de que tudo seria diferente dali para frente com seu pai e sua nova esposa. É neste estado de angústia que Roger Hamley, o filho mais novo e menos brilhante do fazendeiro a encontrou e o rapaz não tardou em se compadecer e consolar a mocinha. Esse foi um dos meus momentos favoritos no livro, foi tão doce e tão puro, inocente e genuíno do jeito que só Gaskell poderia escrever.

"Ela nunca tinha dito a ele uma sentença tão longa. Ao dizê-la, embora ela não tirasse os olhos dele, pois estavam olhando fixamente um para o outro, ela corou um pouco sem saber por quê. Nem ele sabia explicar por que um prazer repentino tomou conta dele, enquanto olhava para o rosto simples e expressivo dela. Por um momento, ele perdeu a noção do que ela estava dizendo por sentir pena dela, por sua tristeza. No momento seguinte, ele já era ele mesmo de novo. Sentiu-se como se fosse o jovem mais sábio de vinte e poucos anos a aconselhar uma menina de dezessete."

O casamento não tardou a acontecer e, após ele, toda a sorte de eventos inimagináveis para Molly há menos de um ano: a filha de Mrs. Kirkpatrick, Cynthia, chega e se torna uma irmã para ela, junto com seus inúmeros pretendentes; a descoberta de segredos acerca do primogênito dos Hamleys, Osborne; uma amizade da nobreza; escândalos envolvendo um administrador de propriedade de moral duvidosa; traições e mais uma série de acontecimentos tão cativantes e bem escritos que tornam, de fato, Esposas e Filhas uma obra-prima.

Como disse o próprio editor da Cornhill Magazine, "[...] o leitor sente-se preso num mundo perverso e abominável, rastejando no egoísmo e fedendo a paixões vulgares, onde há muita fraqueza, muitos erros, sofrimentos longos e amargos, mas onde é possível que as pessoas levem vidas calmas e saudáveis e, o que é mais importante, que sintam que este mundo é tão real como o outro. As páginas irradiam este espírito amável que nunca deseja o mal e, enquanto as lemos, respiramos a inteligência pura que prefere lidar com as emoções e paixões que têm uma raiz viva na mente, dentro dos limites da salvação, e não naquelas que apodreceram sem elas. Este espírito é mais declarado especialmente em Prima Phillis e Esposas e Filhas, as últimas obras da autora. Elas parecem mostrar que para ela o fim da vida não é descer os torrões do vale, mas subir para o ar puro das montanhas que ascendem ao céu".

Eu não poderia discordar ou dizer melhor. Apaixonei-me por Esposas e Filhas desde a primeira página e me irritei muito com as manias afetadas e a hipocrisia da nova esposa de Mr. Gibson embora tenha compreendido e sentido pena deste seu jeito intolerável quando o final do livro se aproximou. Quanto a Molly e Roger, só poderia dizer que eles ocupam um espaço muito querido no meu coração e até agora não consigo parar de suspirar ao me lembrar da doçura e humildade de uma e da gentileza e do cavalheirismo (a seu modo) do outro. Mas se tem um personagem que me conquistou neste livro foi Mr. Hamley, o irascível fazendeiro que tinha um coração enorme. Desde o início eu percebi como ele se importava com os filhos, como ele queria dar a eles tudo o que ele não pôde ter e que internamente se repreendia e julgava por não ter tido, como ele era carinhoso com a esposa, admirava-a e como havia sido tão gentil e acolhedor para Molly. Apesar do seu jeito meio bruto de um proprietário de terras pouco instruído, ele era uma pessoa essencialmente humilde embora possuísse algumas poucas razões para se orgulhar e nas quais depositar toda a sua vaidade. Acredito que, por essas e outras razões que fogem até mesmo à minha compreensão no momento, ele tenha sido o personagem a quem mais me apeguei, apesar de ter gostado muito das solteironas Miss Brownings e sua irmã Miss Phoebe, a própria Mrs. Hamley, Mr. Gibson, Roger e Molly também.

Gaskell realmente tinha um dom de retratar a sociedade da época e de criar personagens cativantes, bons e verdadeiros apesar de suas falhas, não me admira que tenha sido tão estimada em seu tempo e seja até hoje, eu mesma não pude evitar e reconhecer que, após esta linda obra, ela figura entre as minhas autoras favoritas.

Esposas e Filhas é um livro adorável, melancólico em certos momentos, porém certamente divertido em sua maior parte e de uma beleza singela que encanta qualquer tipo de leitor, por isso, recomendo bastante.

"É correto esperar o melhor de todos e não o pior. Parece que é evidente, mas isso tem me servido até agora, e algum dia será útil. Devemos sempre tentar pensar mais nos outros do que em nós mesmos, e é melhor não pré-julgar as pessoas pelo seu lado ruim."
Lucas 12/09/2016minha estante
Enza sendo Enza, perfeita a resenha :) Sem dúvida, mais um livro da literatura inglesa vitoriana que lerei um dia, especialmente pela última citação, muito tocante. Parabéns, nobre Enza. :D


Peregrina 12/09/2016minha estante
Muito obrigada, Lucas! O subtítulo da obra descreve bem o que ela é: "uma história cotidiana" da era vitoriana. Parece que voltamos 200 anos no tempo. É muito bom :)


Rebeca 12/09/2016minha estante
Você sabe que sempre adoro suas resenhas. Faz muito tempo que assisti à minissérie, mas lembrei de várias das passagens que você aludiu. Ansiosa pra ler o livro.
Ah, semana passada finalmente consegui achar Cranford pra assistir (demorei 10 anos, mas consegui!). Que coisa estupenda! Sério, nem "maravilhosa" descreveria aquela série. Me tirou o fôlego de tão incrível.
Quando eu finalmente for comprar os livros da Pedrazul, vai ser uma pilha enorme, hehehe.
Beijos!


Peregrina 14/09/2016minha estante
Obrigada, Rebeca!
O livro tem tudo que amamos em um bom clássico inglês, eu gosto muito do estilo da Gaskell, algo na escrita dela faz com que eu me sinta bem "dentro da história", próxima dos personagens. Se eu te contar que até hoje ainda não assisti à série de Cranford? Nem acredito! Estou programando para assistir nas minhas férias de dezembro, se for como o livro, já sei que vou amar. Estou assistindo bem devagar à minissérie de Esposas e Filhas e estou gostando bastante...
A Pedrazul tem um catálogo de encher os olhos mesmo e o melhor é que vale a pena o investimento porque os livros são tão caprichados e a gente consegue ver o trabalho minucioso e caprichado deles, além de ficarem lindos na estante haha quando puder, compre mesmo (e, se eu puder dar uma sugestão, coloque Esposas e Filhas no topo da lista porque... tô cheia de amores por ele e acho que você não se sentiria de modo diferente hihi).




Lê Golz 14/11/2016

Maravilhoso!
Como a sinopse já descreve muito bem a trama, vou partir para minha visão dessa obra linda, delicada e repleta de personagens marcantes. Como vemos no subtítulo é uma história cotidiana, onde a autora desenvolve a vida de duas famílias, em suas alegrias e tristezas.

Aqui temos uma obra narrada detalhadamente em terceira pessoa. A autora descreve sem pressa a rotina e acontecimentos entre os personagens, fazendo com que o leitor se sinta mais próximo de todos eles a cada virar de página. Gaskell tem uma escrita ótima e como se vê pelo número de páginas, não polpa em nos manter a par de todos os sentimentos e pensamentos de seus personagens.

Molly é uma das principais personagens e amei demais conhecê-la. Quanta bondade ela tem! Mesmo quando sua madrastra a tira do sério com tantas cobranças. Essa, por sua vez, é um poço de ambição e egoísmo, onde ela só pensa em si mesma. Cynthia, a meia-irmã de Molly, nunca conseguiu me convencer, apesar de não detestar essa personagem, mas achei ela um tanto egoísta também. Os Hamleys - Osborne, Roger e o fazendeiro - também foram muito bem desenvolvidos e trouxeram entusiasmo a obra.

Quanta pena senti de Molly com tantas coisas que aconteceram! Molly foi merecedora de muita felicidade, e temia que seu final feliz não chegasse. As páginas finais são as mais encantadoras, pela sutileza com que a autora narra um sentimento crescente de um dos personagens por Molly. Mas então vem a triste surpresa: Gaskell não pôde terminar a história, pois falecera antes. Temos uma nota do editor da revista em que os capítulos eram publicados, onde ele revela muito do que seria o desfecho que Gaskell escreveria, mas jamais com a mesma beleza. Fiquei feliz pelo final que Molly receberia, mas triste pelo que aconteceu a autora, que não pode concluir sua obra prima.

O livro não começa completamente interessante, mas a medida que vamos sendo envolvidos pelos personagens e os acontecimentos, só ficamos mais e mais curiosos para descobrir o desfecho. Foi engraçado como ainda me diverti. Nos séculos passados tudo era tão formal, que é uma delícia ver algumas intrigas e sarcasmos ditos tão civilizadamente. Impossível não ter empatia pela madrasta de Molly, mas também não tem como não se divertir com sua tamanha falta de modéstia e seu exagerado egocentrismo. Ninguém melhor que uma autora que viveu na mesma época, para trazer tantos detalhes característicos da beleza daquele século, bem como os desafios de se viver e comportar-se diante da sociedade.

"Molly poderia ter chorado com pesar apaixonado ao pensar no tesouro de valor inestimável aos pés de Cynthia e que teria sido um arrependimento meramente altruísta. Era a velha ternura fervorosa: 'Não me peça a lua, oh meu querido, porque não posso dar-te.' O amor de Cynthia era a lua que Roger desejava, e Molly viu que estava longe e fora de alcance, mas poderia ter usado os músculos do seu próprio coração para dar a Roger." (p. 294)
Que lindo! ♥

Apenas não se engane, achando que se trata de um livro cheio de grandes reviravoltas e um romance meloso. Embora tenha certo mistério envolvendo alguns personagens e um amor puro sendo descrito singelamente, o enredo é focado em uma história cotidiana entre duas famílias. Esse livro é principalmente para os apreciadores de romances históricos, pois sutilmente e com incrível delicadeza, Gaskell terá a atenção dos amantes do gênero nessa obra prima tão bem escrita. Simplesmente amei a leitura!

site: http://livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br/2016/10/resenha-esposas-filhas-uma-historia.html
Anne 14/11/2016minha estante
Aaaah, eu quero demais ler esse livro! Adorei sua resenha! ^^


Lê Golz 16/11/2016minha estante
Oi, Anne! Muito, muito bom, principalmente para quem ama históricos :)


Evelin0 30/08/2017minha estante
Vc leu "Norte e Sul"? Se sim, é tão bom quanto?




spoiler visualizar
comentários(0)comente



Fernanda.Guimaraes 14/04/2020

Esposas e filhas
Inglaterra provincial, 1830. Molly Gibson, filha única de um médico viúvo, é negligenciada por Miss Clare, ex-governanta. Sete anos depois, Molly é uma atraente jovem que desperta o interesse de Mr. Coxe, um dos aprendizes de seu pai. O afeto é descoberto e Mr. Gibson envia a filha para ficar com os Hamleys, de Hamley Hall, uma aristocrata família de donos de terras muito antiga na região. Lá ela se torna amiga do Hamley mais novo, Mr. Roger. O filho mais velho da família, Osborne Hamley, um jovem bonito, inteligente e mais elegante do que seu irmão, é esperado para fazer um casamento brilhante após uma excelente carreira na Universidade de Cambridge. Porém, um grande segredo o envolve. Ciúmes, mexericos, segredos, traições, tragédias e amor marcam este formidável romance considerado pela autora como Uma História Cotidiana
comentários(0)comente



LuizaSH 16/12/2020

O livro trata, basicamente, de relações familiares, seus lados bons e ruins, e também conexões com vizinhos, amigos, enfim, aborda relações humanas.
A protagonista Molly é uma moça sensível, tímida, mas que mostra uma grande força e estabilidade de caráter. Seu pai é o médico local, viúvo que acaba casando novamente, por pensar que a filha precisa da orientação de uma mulher. A escolhida é Clare, uma mulher também viúva que trabalhou como governanta na casa do conde da região. Clare tem uma filha, Chyntia, que estuda na França, mas volta pra casa após o novo matrimônio da mãe. Clare é uma mulher bem fútil e até ruim em determinados momentos, Chyntia mistura ser um pouco avoada com ser sonsa. Tem também o fazendeiro Hamley, sua esposa e seus dois filhos, Osbourne e Roger, que também tem uma grande importância no desenrolar da história. Além de outros, como o Conde e sua família, algumas vizinhas da região, etc.
Não foi um livro que super morri de amores, mas cumpre o papel de distrair, de certa forma me vi envolvida com o enredo, querendo saber mais e, assim, seguindo a leitura.
Nem sabia, mas a autora faleceu antes de terminar de escrever a obra. O último capítulo termina e ficou mesmo essa sensação de que não era o final. Aí segue uma nota explicando a situação.
comentários(0)comente



Vanderni 20/01/2022

Quero relê-lo em outra edição e tradução.
Tenho a versão em e-book, porém, embora a história seja interessante, o e-book está cheio de erros. Nao são erros de ortografia, simplesmente. São erros de tradução, frases sem sentido e erros de revisão, de tal forma gritantes que não entendo como esse e-book está disponibilizado para venda. É quase um crime, pra dizer o mínimo. Aguardarei uma nova tradução, até por respeito à Gaskell . Afinal, esse foi o seu último livro e seus personagens e ambientação merecem ser conhecidos e admirados.
Praga.Enzo 21/03/2023minha estante
São as edicoes da Pedrazul. Estai vendendo agora com uma nova capa, mas não sei se revisaram. Já perguntei no WhatsApp deles e falaram que não houve nova revisão. Sinceramente, não sei se já houve alguma.
Vou tentar ler junto com o original em inglês para ver se faz sentido. Fiz isso com as obras do Thomas Hardy.




Conchego das Letras 26/09/2016

Uma obra-prima
“Esposas & Filhas” foi escrito no século XIX, por volta dos anos de 1865 e, na época, era publicada semanalmente pela autora em uma revista chamada Cornhill Magazine. Quando apareceu a oportunidade de ler esta obra, cedida pela Editora PEDRAZUL, fiquei bastante empolgada, a princípio, já que adoro as histórias de época e, preciso confessar, não resisto a um "livrão" bem grosso. Porém, quando fui pesquisar sobre a obra e soube que a autora faleceu repentinamente quando estava prestes a concluir a história, bateu um “medinho” de me aventurar, rsrsrs. Imaginem só, ler um livro de quinhentas e trinta e seis páginas recheadas de letras miúdas e “morrer na praia”, não ler o final. Nem pensar! Mas então descobri, na orelha do livro, que o próprio editor da revista, Frederick Greenwood, concluiu a obra. Ai, que alívio! Bom, em seguida, logo no final da leitura, constatei que ele não exatamente escreveu o final, mas relatou, em meio a um bonito discurso sobre a obra e o falecimento não só da romancista, mas da pessoa, as intenções de Gaskell para o desfecho.
Sobre a história, a própria autora a intitulava como uma obra do cotidiano, e eu devo concordar, já que a trama se desenvolve a maior parte do tempo em meio a situações corriqueiras, singelas do dia a dia, claro, com as peculiaridades da sociedade rural inglesa na era vitoriana.
A história de Molly Gibson é contada desde quando ela é somente uma garotinha órfã criada apenas pelo pai, até a sua vida adulta. Apesar da falta da mãe, o arranjo entre pai e filha parece bastante confortável para ela, que vive felizmente em sua companhia, bastante satisfeita com seu cuidado e com suas conversas inteligentes. Ele, em contrapartida, preocupa-se com a criação da pequena. Médico respeitado, abriga em sua casa vários aprendizes e considera constrangedor para a criança e, aparentemente, também para os jovens tal convívio.
Em certo momento da trama, conduzido pelo desejo de dar uma mãe para Molly e por ardis bastante sutis idealizados por terceiros, Mr. Gibson resolve se casar com a ex-governanta chamada Clare, a mesma que havia negligenciado Molly anos antes. É então que a vida da garota dá um giro. Além de uma madrasta bastante controladora e, em minha opinião, de caráter duvidoso, ganha também uma irmã.

“Continuar com o quê?, perguntou Lady Cumnor secamente.”
“Oh, planejando. Não pode negar que eu planejei esta união.”

Moly se torna uma bela jovem, de bom caráter e temperamento pacífico. Apesar de, em alguns momentos, achá-la passiva demais, fiquei encantada com sua ingenuidade e seu bom coração. Em sua juventude, apesar de despertar o interesse de alguns homens, ela não é correspondida por aquele por quem se apaixonou, seu amigo Roger, e ainda tem que conviver com o conhecimento de que ele se casará com outra. Bom, é aqui que paro de falar da história, em si, para não dar spoilers, mas o leitor pode esperar por intrigas, traições, revelações.

“Não importa. No mundo em que vivemos, o que você admitiu que fez, Molly, já é o suficiente. Você precisa me contar tudo, assim posso refutar esses boatos, ponto por ponto.”

O que mais me encantou em “Esposas & Filhas” foram os personagens, pela forma profunda e verdadeira como foram delineados, mesmo que em linhas, aparentemente, tão singelas. Sabe quando você termina um livro com uma sensação muito forte de que aqueles personagens realmente existem? Pois é, minha experiência nessa leitura foi exatamente assim. Mesmo sem abertas ou complexas descrições da personalidade e do “jeito de ser” das pessoas que “povoaram” essas linhas, é possível identificar os mais sutis traços do caráter de cada um; suas ações dizem tudo.
A história é muito bem escrita e, apesar ter sido produzida no século XIX, nesta edição trazida pela PEDRAZUL, traz uma linguagem bastante acessível, embora coerente com a ambientação, até mesmo para aquele leitor que não está habituado à leitura dos clássicos. Apreciei bastante o projeto gráfico e fiquei encantada com as lindíssimas ilustrações de George Du Maurier que encontrei em meio ao texto.

Esposas & Filhas é de fato uma obra-prima como é considerado por muitos. A autora era dona de uma escrita magnífica e, sem dúvida nenhuma, de uma sensibilidade ímpar, que salta a olhos vistos na delicadeza e verdade com que cada cena foi escrita. Estou encantada e já coloquei suas outras obras em minha lista de leituras.

site: https://conchegodasletras.blogspot.com.br/2016/09/esposas-filhas.html
comentários(0)comente



Carla Brandão 27/09/2016

Esposas e filhas é mais um clássico da literatura inglesa lançado pela Pedrazul Editora. Escrito no século XIX, foi originalmente publicado semanalmente na Revista The Cornhill. É a última obra de Elizabeth Gaskell, que faleceu antes de concluí-lo.

No volume de mais de quinhentas páginas, a habilidosa autora nos transporta para o interior da Inglaterra vitoriana. Na cidade de Hollingford viviam Molly Gibson e seu pai, um médico viúvo responsável pelo cuidado das famílias da região. Sua profissão fazia com que tivesse acesso livre às casas de pessoas simples e também de nobres como Lord e Lady Cumnor e de proprietários de terra, como o fazendeiro Hamley.

Quando ainda era uma menina, Molly foi convidada para uma grande festa oferecida anualmente em Towers, propriedade de Lord e Lady Cumnor. Antes muito animada para comparecer ao evento tão esperado pelas moças da cidade, acabou sentindo-se mal e foi deixada aos cuidados de Clare, governanta da família. Nossas personagens nem imaginavam que anos depois seus caminhos se cruzariam novamente.

Eis como tudo aconteceu: como médico respeitado que era, Mr. Gibson recebia em sua casa jovens aprendizes. Molly era, então, uma moça de dezessete anos e não tardou para que um dos alunos de seu pai se percebesse apaixonado por ela. A carta na qual declarava sua paixão, porém, foi interceptada por Mr. Gibson, que sentiu pela primeira vez a dificuldade que teria para lidar sozinho com as novidades trazidas pela adolescência de uma filha.

Sua primeira decisão foi mandar Molly para a casa de Mr. e Mrs. Hamley. Há tempos esta última desejava uma visita da filha de seu médico, que viu aí a oportunidade de afastar a menina dos perigos de um romance precoce. Os Hamley tinham dois filhos homens, Osborne e Roger, que estavam fora, e a chegada de Molly trouxe um ar diferente ao lugar. Com seu jeito delicado, atento e carinhoso, ela logo conquistou os anfitriões, que a partir daí começaram a nutrir por ela uma afeição que só fez crescer.

A segunda e mais importante decisão de Mr. Gibson foi casar-se novamente. Ele acreditava que uma segunda esposa poderia desempenhar a função de mãe de sua filha. A escolhida foi Clare, também viúva e mãe de uma jovem da idade de Molly. O casamento trouxe mais do que uma madrasta, móveis novos e mudanças na rotina, trouxe também a encantadora Cynthia. As duas jovens tão diferentes tornaram-se verdadeiras irmãs e amigas. Nem os segredos da recém-chegada, as situações nas quais Molly é colocada para ajudá-la a protegê-lo ou um amor compartilhado são capazes de atrapalhar a relação das duas.

Esposas e filhas é, de fato, uma história cotidiana. Gaskell narra acontecimentos comuns de forma despretensiosa, mas sua escrita é tão brilhante que o leitor logo se vê envolvido na trama criada por ela. Os personagens são muito bem construídos, mas a autora não se perde em descrições detalhadas, ela mostra. Sabemos que Molly é doce, altruísta e bondosa, Cynthia é astuta e um pouco manipuladora e Clare (agora Mrs. Gibson) é deslumbrada, mas não porque Gaskell enumerou tais atributos, e sim porque mostrou cada um deles nas falas dos personagens, em suas atitudes e nos comportamentos e comentários dos demais em relação a eles.

Nesse delicioso romance, acompanhamos o crescimento de Molly, o envelhecimento das pessoas ao seu redor, casamentos e até mesmo mortes. Ouvimos fofocas e comentários injustos assim como algumas declarações de amor. Vemos amizades crescerem, amores surgirem e acabarem. Torcemos por alguns casais e desejamos a não formação de outros. Temos, por fim, a sensação de também vivermos em Hollingford e conhecermos bem cada um de seus habitantes.

O desenrolar das situações se dá aos poucos, sem pressa ou atropelos. O ritmo mais lento – o que não significa parado – da narrativa permite que o leitor tenha um retrato detalhado da sociedade da época. Os hábitos e costumes comuns da Inglaterra do século XIX estão presentes em cada cena. As ilustrações ao longo do livro dão ainda mais elementos à nossa imaginação nessa volta no tempo. A linguagem é simples e acessível, incapaz de assustar mesmo os não acostumados com a leitura de clássicos.

Como mencionado no início da resenha, Elizabeth Gaskell faleceu antes de concluir o livro. Como havia contado para o editor da revista suas intenções para a maioria dos personagens, ele escreveu uma coluna na qual informa aos leitores os desfechos escolhidos por ela. Essas considerações finais estão presentes no livro, de forma que ele não fica exatamente sem um fim. Mas depois de 532 páginas na companhia de Gaskell, não pude deixar de lamentar a impossibilidade de conhecer através de sua escrita singela o final de personagens dos quais aprendi a gostar tanto.

site: https://blog-entre-aspas.blogspot.com.br/2016/09/resenha-esposas-e-filhas-elizabeth.html?m=1
comentários(0)comente



Tamires 29/09/2016

Esposas e Filhas
Elizabeth Gaskell é muito conhecida dentre os admiradores da literatura inglesa, especialmente pelo romance Margaret Hale (Norte e Sul). Quem conhece a história de Margaret e Mr. Thornton pensa que já leu o melhor da autora. Contudo, Esposas e Filhas, embora não tenha um personagem masculino tão marcante como John Thornton, possui um enredo riquíssimo e tem todas as qualidades para se tornar o novo favorito da autora na estante de muitos leitores.

O romance narra a história de Molly Gibson e também dos habitantes da cidade interiorana de Hollingford. Mrs. Gaskell, como assinava as suas obras, ficou famosa por detalhar com maestria as muitas camadas da sociedade da Inglaterra Vitoriana. Seus romances, inclusive, foram e continuam sendo fonte de pesquisa para historiadores sociais e para os leitores que gostam de saber mais sobre a cultura da época.

“Não ensine muitas coisas a Molly. Ela deve saber costurar, ler, escrever e fazer cálculos, mas quero que continue sendo uma criança, e, se eu descobrir que ela precisa aprender mais do que o desejável, eu mesmo providenciarei. Afinal, não tenho certeza se ler e escrever sejam necessários. Muitas mulheres de boas condições casam-se usando um 'X' ao invés do nome. Isto é mais para uma dissolução do juízo materno. Contudo, devemos nos render aos danos da sociedade, Miss Eyre, então, você pode ensinar a menina a ler.” (ps. 30 e 31)

Molly, em visita à mansão de Towers, quando ainda criança, passa por uma situação desagradável durante o passeio: adormece e é negligenciada por Clare, antiga governanta das crianças da mansão, que esquece de acordar a menina a tempo de ir para casa quando todos os convidados já haviam ido embora. Mal sabia a garota que o destino das duas se cruzaria novamente, alguns anos depois.

Mr. Gibson, pai de Molly e médico de Hollingford, recebe em sua casa alguns estudantes a fim de lhes ensinar o ofício da medicina. Com sua filha tornando-se moça, ele se preocupa com as investidas de um de seus alunos e decide enviar Molly para passar algum tempo com a família Hamley.

Na casa dos Hamleys, Molly estabelece uma grande amizade com o casal Hamley, sobretudo com Mrs. Hamley. A jovem torna-se como uma filha para a senhora, que possui uma saúde frágil. O fazendeiro, Mr. Hamley, muito amigo de Mr. Gibson, também nutre uma forte afeição pela jovem, vendo o bem que ela faz a sua esposa. Todo esse afeto também se estende aos filhos do casal, Osborne e Roger, sendo este último objeto de um carinho mais especial por parte de Molly.

“Ela sentiu que ele lhe fazia bem, mas não sabia como ou por quê. Depois de uma conversa com ele, sempre achava que tinha encontrado o caminho para a bondade e a paz, o que quer que acontecesse.” (p. 115)

Neste ínterim, percebendo que o mais adequado seria arrumar uma nova mãe para Molly, a fim de orientá-la e ajudá-la com os assuntos da mocidade, o médico decide se casar justamente com Mrs. Kirkpatrick, Clare, e assim formar uma nova família. Ela também é viúva e tem uma filha mais ou menos da idade de Molly, Cynthia.

Molly, a princípio, detesta a ideia de ver seu pai casando-se novamente, ainda mais com uma mulher por quem ela não tem muita simpatia. Contudo, por amor a ele e também por sua índole gentil, aceita o casamento e faz o possível para viver bem com a madrasta. O casamento, no final das contas, teve seu ponto positivo, pois Molly e Cynthia tornam-se grandes amigas, apesar da personalidade complicada da filha de Clare.

“'Eu gostaria de poder amar as pessoas como você, Molly!'
'Você não pode?', perguntou Molly com surpresa.
'Não. Acredito que muitas pessoas me amam, ou pelo menos é o que penso, mas nunca me importo muito com ninguém. Acredito que amo mais você, Molly, que conheço a dez dias, mais do que a muitos.'” (p. 182)

Cynthia e sua mãe são personagens fascinantes. Não são essencialmente boas, mas também não posso dizer que são más. Nem mocinhas, nem vilãs. Mesmo Mrs. Gibson, com seu caráter duvidoso, não poderia assumir a máscara de vilã. Apenas dissimulada, ou, se pensarmos em como era a sociedade da época, uma sobrevivente, disposta a usar das artimanhas que fossem possíveis para conseguir atingir os seus objetivos.

Gaskell enfatiza o papel das mulheres em seus livros ao criar personagens femininas que fugiam do lugar comum. Em Esposas e Filhas podemos observar que todo o enredo é estruturado em torno das mulheres, as esposas e filhas de Hollingford, suas ações e convicções.

A autora faleceu em 12 de novembro de 1865, aos 55 anos, em decorrência de um ataque cardíaco. Seu último livro, Esposas e Filhas, que estava sendo publicado de forma seriada desde o mês de agosto de 1864, ficou inacabado. Nós podemos imaginar o destino dos personagens e o editor da Cornhill Magazine, Frederick Greenwood, fez algumas considerações sobre o que estaria reservado para o destino dos nossos queridos personagens, especialmente o de Molly e Roger. Confesso que ao chegar às últimas páginas senti uma grande melancolia, mesmo sabendo previamente que o livro havia ficado inacabado. Como leitora, imagino quantas histórias Mrs. Gaskell ainda seria capaz de escrever e como seria ótimo ler o final de Esposas e Filhas escrito por ela.

“A história é interrompida aqui, e nunca será terminada. O que prometia ser a obra-prima de uma vida é um memorial da morte. (…) Mas, se a obra não foi terminada, pouco resta para ser adicionado e este pouco se reflete claramente em nossa imaginação.” (p. 533)

O romance foi adaptado pela BBC em 1999, mas a produção não é a das melhores feitas pela emissora britânica. Quem, como eu, assistiu a série antes de ler o livro, fica com a impressão de que a história é razoavelmente boa. Nada mais do que isso. Mas não é verdade! A produção deixou muitas lacunas e, depois de ler o romance, tenho minhas dúvidas quanto a escolha do elenco (embora possua grandes nomes da teledramaturgia britânica). O positivo de assistir Wives and Daughters é, certamente, ver o final da história, pois ele consegue corresponder às nossas expectativas.

Esposas e Filhas da Pedrazul Editora conta com as lindíssimas ilustrações de George Du Marrier, presentes na publicação seriada e na primeira edição do livro. Para quem gosta de uma boa história, o romance é uma ótima pedida: cada página é um deleite e cada capítulo nos faz querer ler o próximo imediatamente. Amores, segredos e a vida na sociedade vitoriana, um verdadeiro clássico indispensável da literatura inglesa.





REFERÊNCIA
http://en.wikipedia.org/wiki/Elizabeth_Gaskell


site: http://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-esposas-e-filhas/
comentários(0)comente



Maria - Blog Pétalas de Liberdade 04/10/2016

Resenha para o blog Pétalas de Liberdade
Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje, venho comentar sobre a minha experiência de leitura com o livro "Esposas & Filhas", escrito pela romancista inglesa Elizabeth Gaskell; originalmente publicado em uma revista no ano de 1865, a história chega ao brasil em 2016 pela Editora Pedra Azul.

A história se passa numa cidadezinha chamada Hollingford, onde mora Molly Gibson, a filha do médico e órfã de mãe. Quando a garota chega na adolescência, o pai dela decide que precisa de uma mãe para a menina, pois com sua jornada longa de trabalho e por ser homem, acredita não poder oferecer a devida educação e o aconselhamento que a menina precisa. Como médico, Mr. Gibson tem muitos amigos, entre eles, os Hamleys, uma família aristocrática composta pelo fazendeiro, sua esposa e seus dois filhos, eles moram em Hamley Hall e é para lá que Mr. Gibson manda a filha para passar algum tempo, pois a esposa do fazendeiro gostaria de conhecê-la e de ter uma companhia feminina já que não tem filhas. Dessa temporada em Hamley Hall, nasceria uma forte amizade entre Molly e a família, porém, seu pai surgiria com uma novidade que magoaria a garota: ele havia encontrado uma noiva! Para ela, que sempre se sentiu feliz ao lado do pai e fazia tudo o que podia por ele, a ideia de ter uma madrasta era desagradável, especialmente pela mulher que foi a escolhida.

Próximo de Hollingford, ficava Towers, residência onde o conde Cumnor passava algumas temporadas juntamente com sua família. Todo ano, Lady Cumnor recebia as senhoras e jovens da região para um dia de atividades na propriedade, era o acontecimento mais aguardado do ano, e anos antes da decisão do pai, Molly foi convidada para esse dia de atividades por Lord Cumnor, um homem extremamente simpático e conversador. A garota foi super animada para o passeio, mas por ser, na época, muito pequena, acabou se cansando demais, dormindo e perdendo a hora de voltar para casa, o que deixou a menininha muito constrangida e magoada, especialmente por ter confiado em uma pessoa que não a ajudou conforme prometera: a ex-governanta de Towers, Mrs. Kirckpatric, ou Clare, como também era chamada.

"'Mas você sabe, meu bem, eu lhe contei a razão pela qual não convém que Molly fique em casa agora', disse Mr. Gibson ansiosamente. Quanto mais conhecia sua futura esposa, mais ele sentia a necessidade de lembrar que com todas as suas fraquezas, ela seria capaz de ficar entre Molly e quaisquer aventuras como a que tinha ocorrido com Mr. Coxe. Assim, um dos bons motivos para a decisão que tinha tomado estava sempre claro para ele, como se aquilo tivesse escapado livremente da lembrança de Mrs. Kirkpatrick. Ao ver a expressão ansiosa de Mr. Gibson, ela se lembrou.
Contudo, o que Molly sentiu com essas últimas palavras de seu pai? Ela tinha sido retirada de casa, por algum motivo mantido em segredo, mas revelado àquela estranha. Deveria haver perfeita confiança entre os dois, e ela ser para sempre excluída? Os assuntos dela e os que diziam respeito a ela, mesmo que não soubesse, seriam discutidos entre eles no futuro e ela não seria informada? Uma pontada amarga de ciúme machucou seu coração." (página 112)

Sete anos depois, adivinhem quem Mr. Gibson escolheu para ser sua noiva? Mrs. Kirckpatric! Ela era viúva e tinha uma filha quase da mesma idade de Molly. Seria esse um bom casamento? A garota conseguiria se adaptar com essa nova família? E a filha de Mrs. Kirckpatric, como seria? Essa pergunta eu já vou lhes responder em partes: Cynthia Kirckpatric é uma das personagens mais bem construídas que já vi! Diferente de todas as que já conheci, ela era linda e usava sua beleza e seus bons modos para encantar, mas guardava alguns segredos e se sentia incapaz de amar.

"'Eu gostaria de poder amar as pessoas como você, Molly!'
'Você não pode?', peguntou Molly com surpesa.
'Não. Acredito que muitas pessoas me amam, ou pelo menos é o que penso, mas nunca me importo muito com ninguém. Acredito que amo mais você, Molly, que conheço há dez dias, mais do que a muitos." (página 182)

"Esposas & Filhas" não é uma leitura rápida, talvez por ter um número elevado de páginas e por trazer parágrafos longos. Mesmo que se demore um bom tempo para terminá-lo, é uma daquelas histórias muito boas das quais dificilmente esqueceremos! Eu já havia lido e me encantado com um outro livro da Elizabeth Gaskell, "Cranford", que é bem menor do que "Esposas & Filhas", mas pude ver que a temática da amizade é comum nas duas obras. Foi emocionante ver como Molly, mesmo tão jovem, foi capaz de conquistar todos da família Hamley e ajudá-los tanto nos momentos difíceis pelos quais passaram, se tornando uma filha para o fazendeiro e uma amiga em quem os filhos dele confiaram seus maiores segredos.

Os personagens criados pela autora são muito interessantes por suas diversas facetas. Mrs. Kirckpatric pode ser detestável em alguns momentos, mas ela era uma mulher pobre que vivia entre os ricos, parecia não ter um lugar no mundo e precisava lutar para encontrá-lo, agarrando a oportunidade de um segundo casamento como a chance de não mais precisar trabalhar em algo de que não gostava para ter um teto sobre a cabeça e comida na mesa. É visível durante a trama que Mr. Gibson se arrependia da escolha feita, mas precisava conviver com a consequência dela já que, na época, separação parecia ser algo complicado. O fazendeiro Hamley é como muitos pais, que querem escolher os caminhos dos filhos, e com isso correm o risco de fazer com que eles se afastem e não compartilhem seus verdadeiros sonhos com ele. Roger e Osborne Hamley são dois dos personagens mais marcantes que encontrei, assim como a família Cumnor (especialmente Lady Harriet), a já mencionada Cynthia e Mr. Preston.

"No início, sentiu-se desconfortável ao questionar-se sobre até que ponto estava certa ao deixar despercebido os pequenos fracassos, as tramas domésticas, as distorções da verdade que prevaleciam em sua casa desde o segundo casamento de seu pai. Sabia que muitas vezes desejava protestar, mas não o fazia para poupar seu pai de qualquer discórdia. Podia ver que ele também, ocasionalmente, estava ciente de certas coisas que lhe causavam sofrimento ao demonstrar que o padrão de conduta de sua esposa não era tão alto como ele gostaria. (...) Mas, possivelmente, o exemplo de silêncio de seu pai e muitas vezes um pouco de bondade por parte de Mrs. Gibson (do jeito dela, e quando estava de bom humor, ela era muito gentil com Molly) a fizeram segurar sua língua." (página 300)

Eu amo romances de época (especialmente os da Lisa Kleypas e os da Julia Quinn), e poder ler uma obra de uma autora que realmente viveu no período onde a maioria deles se passa foi muito bom, pois torna possível entender melhor as regras da sociedade da época. Nos romances de autoras atuais, nem sempre são explorados os conflitos entre os nobres e os plebeus (que por mais ricos que fossem, ou mesmo tendo profissões indispensáveis, como no caso do médico, ainda eram considerados inferiores aos que tinham títulos de nobreza).

Sobre a edição: capa linda, páginas amareladas, diagramação com margens, espaçamento e letras de bom tamanho, além de ilustrações. As edições da Pedrazul sempre são muito caprichadas!

Elizabeth Gaskell faleceu antes de o último capítulo ser escrito, mas felizmente o editor da revista onde a história era publicada tinha conhecimento sobre os planos da autora para o desfecho da obra e pôde concluí-la para os leitores.

Eu poderia dizer muitas coisas mais sobre "Esposas & Filhas", porém o post ficaria extremamente extenso, por isso, resumidamente, digo que o subtítulo "Uma história cotidiana" tem tudo a ver com a trama, pois mesmo se passando há tanto tempo, os dramas vividos pelos personagens são muito reais e atuais. A perda da mãe, as diferenças sociais, os segredos, a vontade de ter um lar estruturado, a amizade e quando ela vira algo mais, o amor não correspondido e o desejo de ser aceito. É uma leitura válida e recomendada para quem quer conhecer uma outra época e passar um bom tempo na companhia de personagens complexos e bem construídos. Lhes garanto que encontrarão momentos para se divertir e rir, mas que também se emocionarão várias vezes e se encantarão com Molly, uma verdadeira heroína.

Deixo um enorme agradecimento à Pedrazul Editora, pelo belíssimo e importantíssimo trabalho que faz ao trazer para os leitores brasileiros, obras como as de Elizabeth Gaskell e de tantos outros escritores marcantes de séculos passados, impedido que eles caiam no esquecimento e que o preconceito com clássicos (sim, isso existe!) seja desconstruído ao conhecermos o quanto suas histórias são fantásticas e gostosas de se ler.

"Em geral, as pessoa que ficam são as que sempre ficam tristes. Os viajantes, embora possam sofrer com a separação, encontram algo na mudança de cenário para amenizar a dor logo na primeira hora da separação." (página 361)

site: http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/2016/10/resenha-livro-esposas-filhas-elizabeth.html
comentários(0)comente



Clube do Livro 10/10/2016

Resenha do blog clube do livro e amigos por Amanda Bonatti (Completa)
Esposas e Filhas é ambientado na cidade interiorana de Hollingford onde somos apresentados á Molly e seu pai viúvo. Ele é o médico das famílias que habitam naquelas região e, em virtude da profissão, também possuía relações com as famílias da alta sociedade do lugar, incluindo os nobres Lord e Lady Cumnor e o tradicional fazendeiro Hamley e sua esposa. Molly Gibson é filha única de Mr.Gibson, que a criou sem a mãe pois a mesma falecera quando ela era pequena. As coisas seguiam bem até certa época, a menina era muito apegada ao pai, ambos muito amorosos um com o outro, mas ocorre que um dia seu pai resolve se casar novamente e a sua madrasta não agrada nem um pouco a menina. A madrasta é uma mulher autoritária que passa a tentar encaixar Molly às suas regras e, para piorar, a filha de sua madrasta chega ma cidade para conviver com elas, causando conflitos por sua personalidade impulsiva e com sua beleza, despertar amor no rapaz por quem Molly é apaixonada. A obra é como muitas desta época: retratam a preocupação com as aparências e as convenções sociais, a falta de poder de decisão das mulheres na escolha de seus relacionamentos, casamentos por conveniência, entre outros.



Algo que não poderia deixar de mencionar é a incrível escrita da autora, com uma enorme capacidade de emocionar e trazer riqueza de detalhes às emoções que descreve.

"Ela nunca tinha dito a ele uma sentença tão longa. Ao dizê-la, embora ela não tirasse os olhos dele, pois estavam olhando fixamente um para o outro, ela corou um pouco sem saber por quê. Nem ele sabia explicar por que um prazer repentino tomou conta dele, enquanto olhava para o rosto simples e expressivo dela. Por um momento, ele perdeu a noção do que ela estava dizendo por sentir pena dela, por sua tristeza. No momento seguinte, ele já era ele mesmo de novo. Sentiu-se como se fosse o jovem mais sábio de vinte e poucos anos a aconselhar uma menina de dezessete."

O livro é lindo, uma obra prima, um encanto, por vezes exala melancolia, outras vezes nos faz refletir, suspirar! Se eu recomendo? Sim! Muito!

Detalhes da Diagramação, com destaque para a bela fonte dos títulos dos Capítulos.


site: http://clubedolivro15.blogspot.com.br/2016/10/resenha-esposas-filhas-por-amanda.html
comentários(0)comente



17 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR