Luan 13/02/2017
Eficiente em passar mensagem de companheirismo, o livro é lento e deixa a sensação de que não avança o suficiente
Livro com uma história bastante sólida, A menina que tinha dons é uma obra que peca pela lentidão. Não comprei ele pela adaptação que foi feita, mas sim pelos comentários dirigidos ao livro e pela sinopse dele. Ao fim, posso dizer que li uma boa história, mas fiquei frustrado pela lentidão e por não receber aquilo que me propuseram especialmente quando li a sinopse. Mesmo assim, é preciso dizer que para os fãs de distopias ou apocalipses, é uma boa pedida. Só não vá com muita sede ao pote, quem sabe você não se frustre.
A menina que tinha dons conta a história de uma sociedade cerca de 30 anos depois de que um vírus transformou pessoas em "zumbis" e dizimou boa parte da população, pelo menos da Inglaterra. Restam poucas pessoas, entre elas, uma base militar onde várias crianças estão presas e à mercê de testes científicos. Essas crianças são infestadas, mas que ainda não se transformaram em zumbis, embora sintam vontade de carne humana. Entre elas, está Melanie, a protagonista, a menina que tinha dons. Ao lado de personagens como o Sargento Parks, Srta. Justineau, Soldado Gallagher e a Dra. Caldwell, ela vai se aventurar numa história de luta pela vida e lição de companheirismo, já que os zumbis atacam a base militar e o que resta é fugir.
Assim como aconteceu com distopias, talvez eu esteja saturado de apocalipses, embora eu ainda sinta vontade de lê-los. Mas fiquei de fato chateado por não ter me conectado à leitura como eu gostaria, porque de fato é um livro com uma história interessante, embora enfadonha. O início talvez tenha prejudicado todo o andamento. A leitura não engrenava. Ela lento, complicado. Distante do leitor. Só depois que a base militar sofre um ataque é que a história evolui. A partir daí eu me conectei mais à obra, mas acho que já era tarde, pois, mesmo com a melhora, "não consegui sentir ele".
Sem dúvida alguma, as lições passadas pelo autor M. R. Carey em seu livro nos deixam grandes aprendizados, principalmente no que diz respeito à confiar nos demais e aprender a acreditar neles. Aliás, Carey é autor de quadrinhos como X-men, e talvez, por conta disso, esperava algo que fosse além do que ele entregou. Não me refiro exatamente a mais ação, mas a uma história com ritmo melhor. No entanto, o que ele fez bem foi na construção dos protagonistas. São personagens profundos, reais, com defeitos e qualidade, bons e ruins, mas que são bem construídos. É bom acompanhar os medos e os dilemas de cada um deles e torcer ou não para eles.
O trabalho da Fábrica231, selo da Editora Rocco, que publicou o livro, é bastante ok. A capa é simplista, mas bonita. A diagramação me agrada, com tamanho de letra bom e espaçamentos até aceitáveis. Também não lembro de muitos erros. No fim das contas, acredito que Carey criou uma história forte mas não a explorou da melhor forma possível ou não foi tão fundo quanto poderia. Mas, como já disse, pelo menos foi certeiro nas lições principais: amor e companheirismo. Não fosse o início chato e a dificuldade para a história acontecer, o livro mereceria quatro estrelas. Sendo assim, no entanto, vai de três.