PorEssasPáginas 19/01/2015
Resenha: A Quase Honrosa Liga de Piratas - O terror das Terras do Sul - Por Essas Páginas
A série infanto-juvenil Quase Honrosa Liga de Piratas começou com o livro O tesouro da Encantadora, um livro que eu já tinha gostado e muito. Mas, diferente da maioria das séries que são acometidas pela temida “maldição do segundo livro”, o novo volume, O Terror das Terras do Sul consegue ser ainda melhor e mais encantador que o primeiro. Com um narrativa ágil e deliciosa, Caroline Carlson conduz crianças (e adultos também!) em mais uma aventura cheia de magia, mistério e humor.
Obs.: essa resenha pode conter spoilers do primeiro volume, O tesouro da Encantadora. Leia a resenha.
Hilary, a nossa destemida pirata, salvou a magia no livro anterior, revelando a todos quem era, afinal, a Encantadora, e encontrando seu tesouro mágico. Agora ela, junto com seus amigos no navio de Jasper, navega pelos mares distribuindo a magia por todo o reino. Devido aos seus feitos no livro anterior, a Quase Honrosa Liga de Piratas concedeu-lhe o título de “Terror das Terras do Sul”, mas agora o capitão Dentenegro, líder da Liga, não parece mais tão satisfeito com a atuação de Hilary e a chama para uma conversinha, dizendo que ela não anda tão “piratesca” quanto deveria e que distribuir a magia pelo reino não é uma atitude tão digna de piratas assim, afinal. Mas é então que acontece outro problema: a Encantadora é sequestrada! Agora, Hilary se vê frente a um dilema: salvar Senhorita Primm e a magia do reino, ou manter seu título e sua filiação à Liga?
É nessa premissa que a aventura se baseia, mas dessa vez temos personagens já mais experientes e amadurecidos, sem perder, é claro, a leveza e o humor de sempre. Como já estamos habituados àquele mundo e aos personagens, não se sente a mesma lentidão do começo do primeiro livro, onde a autora precisava situar seus leitores. O segundo volume já começa cheio de emoção e acontecimentos, com cheiro de aventura no ar. E muita pirataria, claro!
Mas, assim como em O tesouro da Encantadora, O Terror das Terras do Sul não é um livro para ser lido a sério. Se não encará-lo com a inocência de uma criança, certamente irá se desapontar. Por várias vezes, o livro é ingênuo, quase previsível, e você sabe muito bem que tudo terminará bem. Mas isso não deixa de ser ótimo, especialmente em uma obra infantil. Desde quando a gente precisa ser sério e realista o tempo inteiro? E saber que as coisas podem dar certo, ao menos nos livros, é também revigorante. Mesmo assim, ainda há alguns questionamentos relevantes, como, por exemplo, o relacionamento difícil de Hilary com seu pai, que ela enviou para a prisão no livro anterior.
“Não é da altura que tenho medo – respondeu a gárgula, das profundezas da sacola. – É de cair lá de cima.” Página 20.
Uma das coisas que eu mais gosto nessa série, e que ficou ainda melhor nesse volume, são os personagens. Hilary é uma protagonista incrível: divertida, cheia de sonhos, uma menina real, com seus medos, inseguranças e, principalmente, com uma trama própria, sem estar atrelada necessariamente a outro personagem para aparecer. Aliás, todos os personagens nesse livro são assim, todos possuem suas próprias histórias e seu brilho próprio. A gárgula novamente arranca risos do leitor, e temos ainda mais profundidade em personagens como Charlie e Claire, por exemplo. E até os vilões têm suas tramas. O Terror das Terras do Sul veio para corroborar o que seu antecessor já tinha afirmado: é totalmente possível (e muito divertido) uma protagonista, menina/garota/mulher em livros de fantasia. SIM!
E a escrita de Caroline Carlson é tão deliciosa que, mesmo com algumas tramas extremamente previsíveis, o livro continua sendo uma delícia de ler. É incrivelmente divertido e encantador. Um livro que com certeza quero ler para meus filhos um dia. E, apesar de ser uma série, uma das coisas que eu mais gosto é que cada volume se basta: tem começo, meio e fim, então você vai querer ler o próximo não por estar preso em um final apelativo, mas sim porque quer saber mais sobre aqueles personagens incríveis. Para ficar ainda melhor, a edição da Seguinte é, mais uma vez, uma graça, cheia de detalhes e desenhos. Se você tem filhos ou se tem uma criança interior dentro de si, precisa ler A Quase Honrosa Liga de Piratas – O Terror das Terras do Sul. Recomendadíssimo!
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