Larissagris 09/04/2020INDO LONGE DEMAIS - TINA SESKIS
🖤 “Para levar isso até o fim, preciso começar agora, hoje. Em um hotel, seria muito fácil ficar pensando no que fiz, no que perdi, seria muito fácil me esconder silenciosamente e cortar os pulsos. Não confio em mim mesma.” (Pág. 23)
🖤 “Era um caso triste, disso ele sabia, e agora teria de dizer para o rapaz que não podia fazer muita coisa para tentar encontrar a mulher. Pessoas desaparecidas de alto risco não esvaziam a conta bancária, enchem uma mala de roupa e levam o passaporte junto. O pobre coitado precisa encarar o fato de que ela o abandonou, pensou o policial Garrison.” (Pág. 43)
🖤 “Fico surpresa com a Parkland Walk. Apesar de ser difícil encontrar o começo, depois que entro nela só preciso seguir reto para chegar no meu destino, e isso é perfeito para mim. Eu queria que a vida pudesse ser assim.” (Pág. 120)
🖤 “Vou ficar bem desde que não pense em Ben nem em Charlie no que eles devem estar fazendo agora, no primeiro fim de semana sozinhos, e em como estão lidando com a situação. Tento não admitir que o que fiz foi loucura, algo imperdoável; que, apesar de Ben talvez não me amar mais, eu desapareci, ele não sabe onde nem como estou, se estou viva ou morta. Charlie ainda não entendeu direito, é claro; a dor dele virá mais tarde.” (Pág. 121)
🖤 “E então, do nada, eu me lembro da última vez que fui fazer compras, logo antes de ir embora, com minha mãe, e é nessa hora que eu percebo: meu Deus, eu também a abandonei. Não consigo acreditar que só pensei nela e no papai agora, no quanto eles ficariam arrasados; não pensei neles nem em Manchester, quando estava planejando a fuga. Até agora, só pensei em Ben e Charlie, e em mim, claro.” (Pág. 124)
🖤 “Estou há um milhão de anos da garota que eu era; talvez ficar doidona tenha sido a única forma que encontrei de lidar com isso depois que a adrenalina daquela primeira semana sofrida passou. É estranho como passei a ser mais parecida com minha irmã gêmea ultimamente, talvez o mau comportamento também esteja nos meus genes. Eu só nunca entendi antes o que ela obviamente sabia o tempo todo: que drogas e álcool podem te entorpecer, te ajudar a esquecer.” (Pág. 136)
🖤 “O motivo de eu roubar é difícil de entender. Não é só para acompanhar Angel, embora, sendo sincera, isso também conte, porém é mais do que isso. No exato momento em que pego alguma coisa, aquilo parece preencher um vazio, o furto me leva a um clímax, ajuda, naquele instante a compensar a minha perda. E, apesar de depois eu sentir nojo de mim mesma (meu Deus, eu era advogada), nunca sinto vergonha suficiente para devolver uma peça.” (Pág. 137)
🖤 “E apesar de eu saber no fundo do coração que uso drogas demais e roubo roupas demais, convenci a mim mesma de que não tem problema agora, que tudo isso é parte do processo, parte do esquecimento. Não vou fazer isso para sempre.” (Pág. 137)
🖤 “A brutalidade da compreensão de que não há final certo, de que não há fim para o sofrimento, de que posso ter mudado minha vida toda e deixado um ano inteiro passar, mas o desespero ainda é parte de mim e sempre será... Bem, essa percepção me exaure.” (Pág. 189)
🖤 “A mudança na rotina tornou até o dia de Natal suportável, e Bem se viu quase relaxando, mas percebeu que não conseguia afastar a necessidade de sempre olhar por cima do ombro para o caso de ela estar lá, para o caso de aparecer de repente na névoa e se agachar com aquelas pernas lindas e os braços esticados, para que Charlie pudesse correr até ela, pular em seus braços e mostrar que ainda a amava, apesar de ela o ter abandonado.” (Pág. 214)
🖤 “Ele se viu pensando em onde ela poderia estar agora, no que estaria fazendo; e, sem Charlie para limitá-lo, para fazê-lo manter as aparências, ele sentiu a mesma tristeza que sentira no dia em que olhou debaixo da cama e percebeu que a bolsa de couro tinha sumido, que ela havia sumido.” (Pág. 221)
🖤 “Assim, eles me levam para uma cela e, quando finalmente me deixam sozinha, percebo que passei do ponto de sentir qualquer coisa e de me importar. Estou em um lugar profundo da mente que parece seguro e quente, onde nada pode dar errado, porque isso já aconteceu, tudo que podia dar errado já deu.” (Pág. 235)
🖤 “Uma mãe que se desconcentra por meio segundo do filho pequeno na banheira ou na beira da piscina ou em uma rua movimentada não é incompetente nem má. Essas coisas acontecem, e, em 99 por cento das vezes, não importa, o destino intervém e a criança fica bem, e o provável não acontece e talvez exista um Deus, afinal. Meu querido Daniel foi o um por cento que não escapou.” (Pág. 295)