Heidi Gisele Borges 08/11/2010Bem, pensei que seria um livro repleto de suspense, pois já começa assim, porém, a história se arrasta e ao final pensei: cadê a história?
O vôo 777 pousou no aeroporto e permaneceu lá, com as luzes apagadas e as cortinas abaixadas, nenhum passageiro desceu, nenhum sinal de vida.
Uma típica história de filmes americanos, em que o pai precisa abandonar o filho, pelo qual briga pela guarda, para responder o chamado de urgência sobre o avião sem vida.
Nota-se a grande pesquisa feita, sobre todos os assuntos abordados, sobre as marcar e modelos de todos os produtos utilizados.
O problema é quando o narrador sai e entram os escritores para explicar, por exemplo, que o eclipse solar deve ser chamado de “ocultação” do sol, o leitor sai da história para ler tal explicação mal colocada, dando a sensação de que foi jogada ali para não ser desperdiçada.
Não digo que são sempre desnecessárias, talvez sejam somente para a estória em si, pois, qual a razão de se saber a distância entre a Terra e o sol para a história em questão?
Todo o resultado da pesquisa foi colocado em Noturno, o que fez o livro ser cansativo, uma idéia que não caminha.
Também o texto é bastante enrolado, percebe-se isso facilmente:
“Aquela ocultação duraria exatamente quatro minutos e cinqüenta e sete segundos: pouco menos de cinco minutos de estranha escuridão noturna no meio de uma linda tarde no início do outono.”
penso que houve a tentativa de escrever tantas páginas sobre a “ocultação” e como todos a viam, para durar os tais 4min e 57seg, com o objetivo de nos transportar para a história... mas não tiveram sucesso.
Sim, o eclipse – ou ocultação – tem ligação com a história, mas o enrolar – ou a explicação –, não necessariamente.
Há, também, a dificuldade de adicionar um pensamento ou característica aos personagens, então a todo momento utilizam-se de frases como:
“Para Eph, os fins de semana com Zack eram a sua vida...”
“Para Setrakian, a Penhores Knickerbocker (...) nunca fora um meio de enriquecer...”
“Para Eldritch Parlmer, aquilo provava que qualquer coisa (...) era realmente possível...”
A história não me prendeu. A única idéia interessante foi a do vampiro na época do nazismo, no campo de concentração.
“(...) Dieter Zimmer, um jovem oficial (...). No campo era um verdadeiro sádico, que se gabava de engraxar as botas toda noite para retirar a crosta de sangue judeu.
Agora ele ansiava por esse sangue...”
Mas a maior falta de criatividade que percebo em histórias de vampiros, é que sempre, de forma rápida e sem significado, criticam os antigos autores – leia-se Bram Stoker – como se eles estivessem sempre errados ao produzir uma ficção e descrever seus personagens:
“(...) os crucifixos e a água benta? Produtos de sua época. Frutos da febril imaginação irlandesa de um escritor vitoriano e do ambiente religioso da época.”
a proposta dos novos vampiros é de uma criatividade imensa.
Enfim, eu não recomendo!
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