spoiler visualizarPaulo117 29/02/2024
Final de trilogia broxante / CONTÉM SPOILERS
Das sagas de fantasia que eu li até agora, essa foi a com o final mais broxante de todos. Antes de começar a análise, quero dizer que eu sei que existem mais livros da autora envolvendo os mesmos personagens e universo dessa história, mas ainda não os li (e até o momento só tem em inglês, mas a Editora Suma prometeu publicamente lançar todo o universo de Robin Hobb) então vou considerar só o que acontece nessa trilogia. Vamos a análise: O terceiro livro não parece ter sido escrito pela mesma autora dos outros dois. Nos livros 1 e 2, Robin se mostra uma autora e tanto, criando um universo simples, mas muito coeso, com personagens e histórias bem amarradas, onde prende mesmo a atenção do leitor e faz a gente querer mais. E no 3 ela mesmo derruba tudo isso com as próprias mãos. O livro é muito prolixo, poderia ter umas 300 páginas a menos facilmente. Ela passa 600 páginas narrando a mesma coisa: Fitz viaja para algum vilarejo, tem problemas, mas por fim consegue escapar com alguma ajuda (e como diz o Chaves no poema do Cão Arrependido: "o verso é repetido 44 vezes"). Sim, são 600 páginas praticamente dessas mesmas ações. E como se não bastasse, vêm mais 200 páginas em uma pedreira (tem ambiente pior para ter uma boa história do que uma pedreira abandonada?) e de raspagem de pedra. Quando cheguei à página 500 eu pensei: "O livro está acabando e tem muita coisa em aberto. Não é possível que ela não vai amarrar as pontas e fechar essa história bem fechadinha". Mas fui surpreendido. Robin Hobb usa os 2 últimos capítulos para, na correria, tentar fechar as lacunas que criou. É isso mesmo, leitores! A sujeita escreveu uma TRILOGIA, sendo o último livro com 831 PÁGINAS, e deixa apenas os 2 ÚLTIMOS CAPÍTULOS para fechar a trama. Sendo assim, reflitam: é possível ela ter feito isso de uma maneira satisfatória? Obviamente que não. Tudo ficou mal feito e mal explicado. Um dos pontos que me senti mais feito de trouxa foi que, nós passamos 3 livros pensando sobre quem seria a verdadeira mãe do Fitz, ou que seria feita alguma revelação bombástica sobre ela no final, e sabe qual foi a revelação? "Fitz, sua mãe era uma mulher das montanhas e te amava muito". ????????? Ora ora, quem diria, uma mãe que ama o filho. Que baita plot, Robin Hobb, meus parabéns. Fiquei chocado com a surpresa. Um outro ponto que não me entra na cabeça é: ela criou um universo mágico sem dragões, apenas se desenrolando através das questões políticas, e de elementos como a Manha e o Talento, o que eu achava perfeito. Aí o que ela faz nas 100 páginas finais? Traz os dragões DO NADA para a história e faz com que eles sejam o elemento PRINCIPAL para dar fim a história, REPITO, na qual ela nem havia citado dragões nos outros livros (se não me engano há alguma coisa em um dos livros que fala que os antigos às vezes eram representados como dragões, mas também nem sei. De qualquer forma nunca foram importantes pra história antes). Pra piorar, nós passamos o livro todo aguardando o retorno triunfal do Rei Veracidade para vencer os Navios Vermelhos e restabelecer a paz nos Seis Ducados. Ela conduz de uma forma como se a população esperasse esse retorno de seu Rei, um homem bravo, justo e guerreiro que ele sempre foi, para pôr fim a tirania de Majestoso. Aí já imaginamos esse retorno com ele sendo ovacionado pelo povo, e talvez lutando finalmente com o irmão, retomando o seu trono e reinando finalmente em paz. E Veracidade retorna? Claro que sim. MAS "TRANSFORMADO" EM UM DRAGÃO ??????????????? kkkkkkkkk. É rir para não chorar. E pasmem: Acham que não pode piorar? Então lá vai: Majestoso era extremamente cruel, matou o próprio pai, criou um círculo de Talento para o seu bel-prazer, onde quando não precisava mais das pessoas, as matava sem pensar duas vezes, torturou o Fitz e o deixou para morrer, criou uma arena onde jogava os criminosos para os forjados, e mais uma série de atrocidades que nem o mais sádico ser humano pensaria. Daí o leitor imagina: "a vingança do Fitz contra ele no final será épica. Como será que ele vai matá-lo? A batalha final entre esses dois personagens será de tirar o fôlego". Agora se preparem: UMA DONINHA mata o Majestoso. Sim, a DONINHA de Breu mata majestoso. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Tem como não enlouquecer lendo essa trilogia? Tudo bem que Majestoso acabou se redimindo no final (e isso é contado em meia página), mas pera lá kkk. É chamar o leitor de OTÁRIO na cara dura. Sinceramente eu não sei como tem gente que deu mais de 3 estrelas pra isso. É forçar demais dizer que esse livro foi bom. Ah, e eu nem mencionei que ela cria uma relação extremamente complexa entre Fitz e Molly, que tem um filho juntos, para no final ele ter que esquecê-la para sempre. PQP. Melhor eu parar por aqui, antes que eu lembre de mais bizarrices (e tem, só não lembro no momento) e acabe coringando de vez. Se tem algo de bom nessa trilogia, é o lobo Olhos-de-Noite e o Bobo.
PS: Lembrei também que ela faz Fitz encontrar um outro homem que tem a Manha e um Urso como o animal que ele compartilha o vínculo, no meio do livro, e Fitz começa a aprender com ele sobre o Sangue Antigo, ele revela várias coisas importantes sobre o Talento e a Manha para Fitz e diz que se Fitz quiser aprender mais pode passar um tempo na cabana dele com a esposa e tal, antes de ir matar Majestoso. Fitz recusa e diz que tem pressa em ir embora. A partir daí, fica a sensação no leitor de que esse cara vai aparecer no final para ajudar o Fitz de alguma maneira, ou treiná-lo mais nos conhecimentos sobre o Sangue Antigo, mas não. Ele nem aparece mais na história depois kkkkkk.