Daia @contandocapitulos 05/02/2017Um livro que será lembrado para sempre.Ethel é aparentemente uma garota comum. Aos seus 17 anos ela deveria ocupar seu tempo com festas, amores e diversão, mas ao invés disso ela está frequentando velórios de estranhos, buscando entender a dor e desvendar a morte. Tudo isso porque ela tem CIPA, Insensibilidade Congênita a Dor Com Anidrose, uma doença rara, com um nome difícil, que nada mais é que a junção da impossibilidade de sentir dor com a impossibilidade de transpirar. A expectativa de vida para pessoas com esta doença é de cerca de 20 anos, e ao descobrir este fato, Ethel começa uma contagem regressiva para seus dias.
Com isso ela tenta entender a dor que é incapaz de sentir. Em contato com pacientes do hospital que frequenta ela explora histórias e sentimentos, faz amigos e até encontra seu primeiro amor.
A busca para entender a dor a levou a descobrir muitas outras coisas. E nos leva a entender que a vida poder ser mais do que pensamos.
Narrado em forma de diário, acompanhamos dia após dia a vida de Ethel. Todos os seus medos, inseguranças e descobertas. Portadora de uma rara doença ela vive com diversas restrições. Sua mãe não se importaria em colocá-la em uma bolha para protegê-la de todo mal. A incapacidade de sentir dor a deixa as cegas para qualquer coisa errada com seu corpo, de uma simples dor de cabeça até fraturas graves, por isso ela sempre deve fazer um autoexame em busca de qualquer acidente que possa ter acontecido com ela.
Sua mãe daria a vida por sua filha e para que ela não sofresse seria capaz de qualquer coisa. Inclusive lhe proibir de frequentar e fazer amigos no hospital, pois acha que a tristeza que envolve aquele lugar pode acabar atingindo o coração da menina.
Ethel não concorda com essa teoria. É lá que encontra as respostas para as dúvidas que sempre teve. Ela consegue entender o que a dor faz com as pessoas. Pode parecer um pouco mórbido, mas funciona para ela. Faz com que ela se sinta normal. Ali ela não é a garota doente, é apenas mais alguém lutando para viver.
Também é lá que ela conhece amigos como Gertrude, uma velha senhora que já não pode contar com seus rins e passa por hemodiálises constantes. Uma mulher forte que adquiriu muito conhecimento com sua vivência. É a pessoa que mais dá força para Ethel, sua melhor amiga, confidente, que sempre tem a palavra certa para confortá-la.
Nos corredores do hospital ela conhece Vitor, uma rapaz de 19 anos que luta contra uma leucemia. Eles se apaixonam desde o primeiro instante e vivem uma história de amor linda, valida por várias vidas.
Victor é engraçado e divertido. Sua companhia torna os dias de Ethel mais felizes.
Fora do hospital, sua grande amiga é Catarina. Elas se conhecem desde a infância e mesmo com altos e baixos, ainda preservam o carinho e amizade.
Juntos os quatro iniciam um projeto para mostrar a todos a importância da vida. Levando ao maior número de pessoas as suas histórias e ressaltando a importância de viver e aproveitar sempre e não apenas ao descobrir que seu tempo está contado.
Nessa jornada eles conseguem atingir um grande público, mas os maiores beneficiados sãos eles próprios, que conseguem enxergar o verdadeiro sentido da vida e transformar seus monótonos momentos a espera da morte em dias memoráveis.
Um livro incrível que toca o coração profundamente. Por suas particularidades, acabamos nos sentindo íntimos de Ethel, olhando tudo com seus olhos. Esta experiência nos permite acompanhar o que sua vida significa. Como ela se sente sufocada. A angustia de não ser uma adolescente normal.
Uma leitura para refletirmos o quanto de valor realmente damos à nossa vida. Sempre que estamos em momentos de grandes dificuldades tentamos nos lembrar dos bons motivos, de fazer coisas boas para si mesmo e pelos outros. Mas quantas vezes fazemos isso quando está tudo bem?
Ethel soube tirar o melhor da sua existência enquanto desfrutava dela. Mesmo que supostamente sua expectativa de vida fosse curta, ela estava bem. Entender a dor e a morte era uma preparação para algo que poderia acontecer, mas que não estava previsto. Victor tinha seus dias contados, e ao mesmo tempo que ela lutava para compreender coisas que nunca sentiu, ela o ajudou a viver sua vida ao máximo. Planejou momentos que marcaram sua memória, o enchendo de felicidade. Marcou seu nome no seu coração e nas lembranças dele. Eles se amaram profundamente, como muitos não fazem durante uma longa vida.
E foi essa a lição que retirei deste livro. Que não devemos esperar nossos dias estarem contados para viver plenamente. Para amar, sorrir, se divertir, realizar os nossos sonhos. Devemos fazer isso enquanto temos saúde e disposição, pois na realidade não sabemos ao certo quanto tempo temos aqui. Nossa vida pode durar dias, ou anos. O que determina a intensidade dos nossos momentos é a forma como decidimos aproveitá-los e como podemos gravar nossa existência no coração daqueles que nos cercam.
Fãs de “A culpa é das estrelas”, este livro não tem nada a ver com história de John Green, pois na minha opinião é infinitamente melhor. Tenho certeza que irão amar. Recomendadíssimo!
Quote: “A dor ensina. A dor protege. Ela pode trazer momentos muito ruins para a nossa vida, mas o que seríamos sem ela? Pois bem, eu acho que sei um pouco sobre isso...”.
site:
http://www.livrosemrabisco.com/2017/02/uma-vida-para-sempre.html