Petaluma

Petaluma Tiago Velasco




Resenhas - Petaluma


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Ani 25/10/2014

Petaluma é uma junção de 9 contos com seu tema principal sendo a identidade, todos narrados de uma forma marcante e diferente. Vou falar um pouco de cada um dos contos, de uma forma bem resumida e sem spoilers.
Em "Em Pedaços" conhecemos Carlos que acorda de um coma, não se lembra de quem é e sai de sua cama no hospital, vagando pelas ruas tentando encontrar sua casa/família, ele não se recorda de nada, somente pequenos flashs.
"A Morta de São José" conta a história de uma desconhecida que morre na rua de uma cidade pequena. As autoridades formam uma comissão para descobrir a identidade da jovem, enquanto o corpo dela se decompõe empesteando a cidade com o cheiro de podridão e moscas.
Em "Estrangeiro" conhecemos João, nascido e criado no Rio de Janeiro mas só se comunica em espanhol e quando chega na Argentina fala o bom e velho português. Uma ótima critica aos cariocas - e não somente a eles, creio que a todos os brasileiros - que tratam melhor os estrangeiros que o seu próprio povo.
"Ernesto/Andrezza", conta a vida de Ernesto, um travesti que sonha encontrar seu "Brad Pitt". Tem um final que não sei explicar... É algo surpreendente e incrível. Nossa, esse conto não sai da minha cabeça... (e eu não posso contar spoiler)
Em "Obituário" conta a história do filho jornalista que tem a chance de escrever seu primeiro texto grande no jornal, o obituário do seu pai de quem guarda um rancor antigo. Enquanto o filho escreve vai percebendo que é muito parecido com o pai.
Em "...a dois" um casal comemora seus quarenta anos de casados e uma noite acorda "colados", enquanto esperam o médico da família retornar da viagem, eles começam a valorizar o tempo que passam juntos, retomando atitudes do começo do casamento, ao logo dos dias, eles que no começo estavam unidos pelo dedo mindinho, com o tempo não se distinguiam mais. Sendo necessária a intervenção do filho para uma cirurgia de emergência.

Espelho
- Por que você me ama?
- Porque você me ama!

"Reflexo", conta a história de um personagem que foi demitido do trabalho em crise existencial, que se livra de todas as obrigações impostas a ele, vivendo da sua maneira. Depois de um tempo, seguiu finalmente o conselho de sua mulher e foi em busca de um tratamento, conseguiu um emprego, voltou a sua rotina e percebeu ao se olhar no espelho que era idêntico a todos os outros homens que andam pelas ruas.
E o conto de que dá nome ao livro, "Petaluma" é o na minha opinião o mais pessoal e o que mais me prendeu. Conta o sentimento de um estrangeiro, fazendo intercambio em um local desconhecido, sendo "busboy" (um tipo de garçom) para poder ter dinheiro, querendo terminar a faculdade. Dez anos depois ele vê que Petaluma foi uma reunião das suas próprias neuroses.
Terminei o livro um pouco perturbada, mas de uma forma boa. Queria mais, os contos são bem escritos, de uma forma original que nos prende e faz refletir sobre nossa própria identidade. Acho que isso me deixou com o esse sentimento de "perturbação". A diagramação é boa e simples (do jeito que eu gosto), letras em um tamanho ótimo, folha grossinha e amarelada. Gostei muito da leitura e espero ler mais do Tiago, gostei muito da forma como o autor mexeu com meus sentimentos.

site: http://www.entrechocolatesemusicas.com/2014/10/livros-petaluma-tiago-velasco.html#more
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Domenica Mendes 12/01/2015

Petaluma - Tiago Velasco - Editora Oito e Meio
Tecnologia à ponta dos dedos, dois trabalhos, domínio de três idiomas, cotação de dólar, abastecimento de veículo, internet banda larga, casamento de final de semana, vida longa, imortalidade baixa, a ascensão da classe média… eis o século XXI – o século da imortalidade, onde vivemos intensamente, quase sem descanso, nos esforçando ao máximo, tecendo nossa história escapando pela tangente, dormindo pouco, comendo mal, pensando de menos e fingindo não sentir por demais.

A mesma complexidade que temos hoje em dia é do passado, a complexidade de quem somos, do que acreditamos, do que e por quem / pelo que lutamos. E porquê raios somos assim?!

Esse é o universo explorado pelo autor carioca Tiago Velasco em sua segunda obra de contos intitulada “Petaluma”, lançada pela Editora Oito e Meio no país.

“Conhece-te a ti mesmo”
Petaluma não é uma leitura de entretenimento, um livro de descanso. Petaluma é um convite de Tiago a cada um de nós, para que nos embriaguemos em nossos sentimentos e pensamentos, nos aventuremos dentro de nós mesmos e aceitemos quem somos e quem podemos ser.

Não se trata de aceitação ou confrontamento e sim de auto conhecimento.

A cada conto, a cada cenário, a cada nova personagem nos deparamos com um pedaço de nós mesmos e das pessoas ao nosso redor, buscando sobreviver nesse admirável mundo novo.

Depois da leitura, a cada novo amanhecer busco me lembrar de quem sou – mesmo olhando para as imagens fotográficas alocadas em redes sociais ou em quadros pela casa. Caminho pela cidade e percebo que sou estrangeira em qualquer parte, com espírito livre nada nos prende por onde passamos com exceção de quando me deparo se unindo a quem amo sem notar que muitas vezes nossos corpos podem soar a outros como um (e como julgamos isso nos outros de forma pejorativa!). Por fim, ao encerrar o dia devo confessar que o espelho – objeto ou humano – reflete exatamente aquilo que lhe mostrado e exigido, sempre.

Segue a máxima e a necessidade já afirmada pelo grande filósofo: “Conhece-te a ti mesmo”.

Análise Crítica
“Petaluma” é meu primeiro contato com uma obra do escritor e jornalista Tiago Velasco.

Confesso que a escrita e grande paixão pelas letras e pensamentos, cenários e depoimentos, auto conhecimento e aceitação, busca e vida me surpreenderam. Particularmente, aprecio obras que vão além dos best sellers, sendo os meus favoritos aqueles que mesmo no top 5 dos jornais mais famosos e aclamados do mundo, aqueles que me libertam da casca e me fazem olhar além da caixa através da perspectiva singular do autor, estrela e companheiro do momento de leitura.

Tive grande sorte em conhecer tal obra! E a isso agradeço. Me fez questionar, amar, viver, sorrir, correr, gritar, balbuciar em outros idiomas, correr de camisola, e tudo o mais que se tem direito, hábitos que a fase adulta e a correria característica de nossa geração e nosso tempo presente muitas vezes me tiram.

A diagramação do livro é simples: folhas amarelas, fonte de bom tamanho, espaçamento que oferece leitura mais rápida. A capa é simples, com arte focada e bem feita, porém não desenvolvida para se tornar um marco comercial. (Parece mesmo que a capa é algo extremamente simples desenvolvida a dedo para glorificar ainda mais a nossa complexidade – o interior é sempre mais belo, puro, forte e perfeito do que o exterior – seja dos objetos ou das pessoas).

“Petaluma” surpreende – leia-o e saia da caixa de si mesmo, dispa-se de suas obrigações sociais e máscaras construídas, evolua e vá além, assumindo sua verdadeira face e começando a caminhar por uma estrada que nenhum ser humano que já andou por esse planeta chegou ao final: a estrada do autoconhecimento e domínio perfeito de suas próprias razões e emoções.

site: http://leitorcabuloso.com.br/2014/12/resenha-petaluma-tiago-velasco-editora-oito-e-meio/
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Aguinaldo 13/01/2015

Petaluma
Tiago Velasco apresenta ao leitor oito contos curtos e um aforismo/miniconto/poema (que remete a Carlos Drummond de Andrade, penso eu). A edição é da carioca Oito e meio. São histórias urbanas e contemporâneas. "Petaluma", o conto mais longo e que dá nome ao livro, é franca autoficção, o resultado da transformação em narrativa ficcional de sua experiência como expatriado. Claro, podemos entender assim pois o narrador do conto se apresenta com o mesmo nome do autor do livro e o autor do livro assim o quis. Ele poderia apresentar aquelas cenas americanas, algo beatniks e cinematográficas, sem explicitar que foram antes vividas que inventadas, mas nesse caso a ausência do jogo de vozes narrativas retiraria uma camada de mistério daquelas lembranças. Nos sete contos restantes o que encontramos é um narrador que quase sempre se esconde como um fantasma, é alguém em crise, alguém em busca de uma identidade ao menos provisória. Numa de suas histórias um sujeito se reinventa após perder o emprego e passar um período em crise, mas o leitor preferiria que essa metamorfose não acontecesse daquela forma; noutra um casal se funde, literalmente, única forma de dar sentido a suas vidas após quarenta anos de casamento; numa terceira Velasco apresenta um jovem jornalista incapaz de escrever o obituário do pai, algo que só reitera a farsa do relacionamento dos dois. Todas as histórias flertam com temas ora cruéis, ora bizarros, ora fantásticos, mas Velasco as conduz bem, numa linguagem econômica e direta. São histórias um tanto depressivas, mas num registro que não é nem piegas nem bobo. Velasco parece lembrar ao leitor que aos personagens de ficção tendemos a dedicar mais compaixão ou condescendência que a oferecida aos amigos, na vida mundana, nas relações sociais (talvez condicionados que estamos pela hipocrisia de nossos tempos e isso certamente é um erro). Esse é seu segundo livro de contos. Vamos a ver o que ele nos apresentará no futuro.
[início: 26/10/2014 - fim: 30/10/2014]
"Petaluma", Tiago Velasco, Rio de Janeiro: Editora Oito e meio, 1a. edição (2014), brochura 14x21 cm., 106 págs., ISBN: 978-85-63883-61-2

site: http://guinamedici.blogspot.com.br/2014/11/petaluma.html
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Anni | @dearmasen 19/05/2015

Resenha: Petaluma
Petaluma é um livro de contos, nove no total. Seu tema principal é marcado pela identidade, confusão e certo conflito a respeito da mesma. É uma mistura de situações, e a princípio eu me achava mergulhada num meio abstrato, bem abstrato. Mas eis que essa impressão baseou-se justamente no fato desse conflito na identidade, ou até por ausência dela, e é aí que fica mais claro notar o quanto torna-se interessante.

O livro tem uma escrita simples, clara e bem objetiva. Creio que essa divergência da identidade é quase como que uma crise existencial, e isso fica bem presente em cada um dos contos - confesso que quando chegava no final de muitos deles eu ficava com uma sensação de ''O que vem depois?''. Finais que lhe deixam pensando e refletindo, e pode-se dizer que até imaginando a continuação da situação.

Conforme eu disse anteriormente, o livro possui nove contos - sendo compostos pelas mais diversas situações. O primeiro é um homem que acorda de um coma sem lembrar-se de nada, o segundo a morte de uma mulher desconhecida em uma cidade pequena e por aí vai seguindo. Sempre uma pitada interessante, e mais uma vez dando ênfase nisso: uma elaboração bem construída da identidade difusa.

Um dos contos que mais me chamou a atenção foi 'Ernesto/Andreza', que fala a história de um travesti - que suspira e sonha querendo encontrar o seu Brad Pitt e ainda quer ''continuar'' sendo homem e mulher. O final desse conto foi algo completamente inesperado, fiquei tão surpreendida que fez com que ele se tornasse um dos que eu mais quis continuação.

E o último leva o nome do próprio livro ''Petaluma''. Mostra-se extremamente pessoal e quase que biográfico (talvez, de fato, o seja), contando o sentimento e percepção de um estrangeiro em um lugar que não conhece, por fora de tudo aquilo. Nove ou dez anos depois, Tiago nota que Petaluma é uma junção de suas neuroses, praticamente uma reunião de todas elas. O autor utiliza da construção de um texto dentro de outro texto, e isto torna convidativo.

''Não aguento mais esses verbos transitivos no futuro. O complemento parece inalcançável.''


Uma leitura rápida e objetiva, com certeza capaz de nos fazer pensar um pouco a respeito e desejar que tivesse mais páginas pela frente. Fazia um bom tempo que eu não lia um livro nesse estilo, realmente gostei bastante.

site: http://masenstale.blogspot.com.br/2014/11/resenha-petaluma.html
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