Maeve 09/11/2009
Eu quero mais
SE NÃO QUISER SPOILER NÃO LEIA
Não fiquei satisfeita, é um ótimo livro, o julgamento é sensacional, mas não gostei de algumas coisas...
Começando por toda aquela parte da Erika Bergar na SMP, realmente não vi relevância na história, serviu pra conectar ainda mais o núcleo da Milton Security com o da Millenium e fazer a Lisbeth falar com a Érika...acho que aqui o Stieg queria passar um pouco da sua vivência como jornalista, não pesquisei muito sobre o trabalho dele, mas aposto que teve problemas com os grandes meios de comunicação suecos...Mal comparando é como se eles trabalhassem na Carta Capital e a Érika tivesse ido pra Globo, uma crítica que diz respeito ao meio jornalístico.
Foi realmente bem legal todas as manobras da Seção, mas não engoli que eles tenham conseguido passar a perna em veteranos da guerra-fria...a morte do Zala foi surpreendente e perfeitamente adequada.
Esperei tanto uma conversa franca entre o Mikael e a Lisbeth! Stieg não fez isso e ainda deixou aquele gostinho de quero mais na última página...penso se ele não estaria engatilhando um 4º livro. Já no fim do segundo deduzi que eles não ficariam juntos, que não haveria um romance ali, mas mesmo sendo a Lisbeth senti falta de algum calor. Pelo menos no que dizia respeito a reportagem, é bem nítido que depois de descobrir tudo sobre a Seção o Mikael esqueceu que tinha entrado nisso por ela, passou a ser uma questão de expor o Estado, de fazer História. Ele foi completamente egocêntrico e inescrupuloso, mesmo tendo as melhores intenções no final das contas a Lisbeth era só mais um elemento do Grande Caso...o que faz o personagem ainda mais delicioso e mostra a enorme capacidade de criação do Stieg, mas fiquei com raiva.
Uma das coisas que mais me fez gostar desse livro foi a incrível atualidade do texto, imaginei que por se tratar de um autor cinquentão fosse ter algumas caretices, mas o núcleo dos Hackers mostra bem que não! E como poderia ser mais explorado!! Os personagens são ótimos, dá vontade de ler mais uma história com eles....Se bem que eles são bonzinhos demais pra serem reais, ele construiu a verossimilhança afirmando umas 5 vezes que o interesse da República era apenas obter informação, mas um grupo com a capacidade pra destruir um pequeno país como a Suécia não ficaria apenas clonando HDs....
O final com o Niederman me deixou um pouco surpresa e muito feliz. Surpresa por ter se desenrolado tão rápido, quando ficou claro que eles se enfrentariam eu pensei "que merda Lisbeth vai sar de lá aos pedaços", mas não, mais uma vez ela se saiu melhor que todas as expectativas mesmo tendo tudo contra si, é a vitória da inteligência contra a força e ao contrário de Davi ela não matou Golias, o usou para acabar de uma vez com um mal maior que o autor passou o livro inteiro denunciando, o tráfico de mulheres.
Esse é um daqueles livros que nos ensinam, que nos fazem maior depois que terminamos, nem sei quantas lições tirei dali sem perceber.....uma pena que o Stieg esteja morto.