Gabriel Dayan 10/01/2017
Existe uma guerra que ocorre na arena da hermenêutica (interpretação de texto) e da epistemologia (O conhecimento de fato, verdadeiro) entre dois poderes históricos: Os Conservadores e os Progressistas.
No seu livro sobre Justiça Social, inicialmente Russell Shedd não poupa ninguém. Começa tecendo críticas severas ao conservadorismo ideológico (Direita) que tomou conta da narrativa Bíblia nos Estados Unidos que menospreza o pobre e diante da temática da prosperidade capitalista materialista, tornando a Igreja compromissada com aquilo que se encontra apenas dentro de seus muros, mas alheia e irresponsável com o que se encontra fora dos seus domínios. Aqui a admoestação é que se arrependam, não sejam omissos e cumpram integralmente o chamado de Jesus.
Sobre a esquerda, o texto critica principalmente a Teologia da Libertação que coloca no pobre a sua fundamentação. Demonstrando que ao tomar o pobre como ponto de partida, seu desenvolvimento é a inversão dos valores bíblicos e sua conclusão é invariavelmente mais contradição teórica, política e espiritual dentre seus próprios expoentes intelectuais. Alguns pontos são dignos de nota: O pobre na bíblia não é a prioridade, mas o pecado. A pobreza não é excludente de responsabilidade, mas é mera atenuante (o paralelo citado de Jonas é perfeito). O chamado ao arrependimento e a salvação vem antes de qualquer ação social como chamado missionário. Ao tornar a ação social igual à pregação do evangelho, automaticamente Cristo será trocado por Marx, porque Cristo realmente não veio propor um reino físico (pelo menos não agora). Marx nesse sentido oferece um apelo emocional, guerrilheiro, autoritário e sanguinário mais eficaz ou “prático” do que Cristo, pois somente pode se adequar àqueles cuja mente foi consumida pelo engano, pela cauterização do pecado e pelo espírito do Anticristo.
Para combater a Esquerda e a Direita nos níveis mais teóricos, o chamado é para resgatar a cosmovisão cristã de Criação-Queda-Redenção; para combater no nível individual é a ação do espírito e o chamado ao arrependimento; o combate no nível social é a submissão e sofrimento para a magnificação da Glória de Cristo diante do nosso martírio, testemunho.
A vida cristã transcende narrativas políticas, econômicas, sociais e individuais, mas não as exclui. Busca resgatar todas elas, pois em Cristo a totalidade da Criação está sendo redimida. Porém isso não exclui a responsabilidade de melhorar o meio ambiente, as relações de trabalho, a sociedade de modo geral. O chamado de Cristo é integral para a totalidade da realidade e todas as esferas sociais, porém ao procurar manifestação uma suposta “praxis” ou hermenêutica de esquerda, o Cristão perderá invariavelmente a integralidade. Se o lado místico, ortodoxo e transcendental do Evangelho não for levado em conta, pode até ser possível alcancar de um mundo utópico e sem desigualdades, porém serão pessoas iguais, indo comunitariamente ao Inferno.