Do Grotesco e do Sublime

Do Grotesco e do Sublime Victor Hugo




Resenhas - Do Grotesco e do Sublime


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Maíra Marques 18/12/2023

O feio e o belo, o grotesco e o sublime
Inicialmente, é importante destacar que o texto de Victor Hugo é, originalmente, um prefácio para a peça Cromwell.
Ao longo do livro, o autor aborda o fazer poético do passado e de sua própria época. Além disso, Victor Hugo apresenta críticas à poética aristotélica e a qualquer modelo prescritivo clássico de poesia. Segundo o autor, a arte dá asas e não muletas. Nesse sentido, ele defende a liberdade na arte contra o despotismo dos sistemas, códigos e regras.
Outro aspecto interessante abordado na obra são as 3 grandes fases que viram o desabrochar da poesia (essa divisão é criticada por diversos pesquisadores): os tempos primitivos, com o lirismo; os tempos antigos, com a epopeia; e os tempos modernos com o drama.
VH também aborda que em cada momento histórico, a expressão artística é diferente, o que reforça a ideia de não seguir, no tempo moderno, as regras prescritivas clássicas.
Victor Hugo cita, na página 28, que o gênio moderno nasce da fecunda união do tipo grotesco com o tipo sublime. Ao longo do livro, o autor defende que a divisão em comédia e tragédia afastam o drama do humano e do verdadeiramente belo, uma vez que o belo depende do feio.
Victor Hugo defende que o grotesco amplifica o sublime. Na página 33, ele afirma que “como objetivo junto do sublime, como meio de contraste, o grotesco é [...] a mais rica fonte que a natureza pode abrir à arte”.
Ainda na página 33, há outro trecho que reforça a importância dessa dualidade: “O sublime sobre o sublime dificilmente produz um contraste, e tem-se a necessidade de descansar de tudo, até do belo. Parece, ao contrário, que o grotesco é um tempo de parada, um tempo de contemplação, de onde nos elevamos para o belo com uma percepção mais fresca e mais excitada.”
Nesse trecho também fica claro que, para o autor, o grotesco e o sublime – juntos – formam a espinha dorsal da boa poesia. Porque a verdadeira poesia estaria na harmonia dos contrários.
Victor Hugo defende que o grotesco sempre existiu, inclusive na vida humana. Então, se a arte deveria ser uma representação da vida, não devia o grotesco também estar presente na arte?
Há outro trecho do livro que merece ser mencionado: “Se tivéssemos o direito de dizer qual poderia ser, em nosso gosto, o estilo do drama, queríamos um verso livre, franco, leal, que ousasse tudo dizer, sem hipocrisia, tudo exprimir sem rebuscamento e passasse com um movimento natural da comédia à tragédia, do sublime ao grotesco, alternadamente positivo e poético, ao mesmo tempo artístico e inspirado, profundo e repentino, amplo e verdadeiro”
Para Victor Hugo, Shakespeare é a expressão máxima do drama, pois funde o grotesco e o sublime, o terrível e o bufo, a comédia e a tragédia.
Recomendo a leitura para os interessados na Teoria da Literatura e para os que buscam entender como a literatura foi se distanciando do modelo prescritivo aristotélico. Contudo, sugiro que leiam antes a Poética de Aristóteles.
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Isabelle Lopes 05/12/2022

A inovação é, inteiramente, dualidade.
"Toda época tem suas ideias próprias; é preciso que tenha também as palavras próprias a estas ideias. As línguas como o mar, oscilam sem parada. Num certo momento, deixam uma costa do mundo do pensamento e invadem uma outra. Tudo o que suas ondas assim abandonam seca e se apaga do solo. É desta maneira que ideias se extinguem, que palavras se vão. Sucede com idiomas humanos como com tudo. Cada século traz e leva alguma coisa. Que é que se pode fazer? Isto é fatal. Seria, pois, em vão querer petrificar a móvel fisionomia de nosso idioma sob uma forma dada (...) No dia em que se fixarem, é porque estão mortas."
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Bel 313 15/10/2022

Prefácio de Cromwell
Neste prefácio de sua peça intitulada "Cromwell" Victor Hugo tece uma problematização do fazer literário, fala principalmente da estética romântica e como ela é a junção do grotesco e do sublime, em suma, para o autor o drama é a junção da tragédia e da comédia na mesma obra.
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Mariana Dal Chico 06/06/2022

Victor Hugo é um dos meus autores favoritos, com publicações em diversos gêneros.
Até o momento, eu o conhecia apenas pelos romances e algumas poesias.
“Do Grotesco e do Sublime” me deu a oportunidade de conhecer o lado ensaísta do autor.

Esse é um prefácio de um drama (Cromwell) de Hugo, escrito em outubro de 1827, que tem um valor teórico para além da peça, hoje é apresentado como um texto separado e é uma referência quando se trata de estética romântica.

Hugo é apologista do verso, mas defende apaixonadamente o uso de um metro mais variável e flexível. Que permita acomodar o gênio criativo de cada autor. E é nessa liberdade pregada em relação aos modelos preestabelecidos, que muitos justificaram as inovações que invadiram as artes cênicas.

“(…) o feio existe ao lado do belo, o disforme perto do gracioso, o grotesco no reverso do sublime, o mal com o bem, a sombra com a luz. (…)” p.26

“(…) é da fecunda união do tipo grotesco com o tipo sublime que nasce o gênio moderno, tão complexo, tão variado nas suas formas, tão inesgotável nas suas criações, e nisto bem oposto à uniforme simplicidade do gênio antigo” p.28

O autor faz uma evolução da literatura em relação à história, dividindo em três períodos:

- Tempos primitivos: ode, lírico, ingenuidade, eternidade, personagens colossais, ideal | Bíblia.
- Tempos antigos: epopéia, épico, simplicidade, soleniza a história, personagens grandiosos | Homero.
- Tempos modernos: drama, verdade, pinta a vida, cronistas e críticos, personagens humanos, real | Shakespeare.

Quase no final do ensaio, o autor vai defender a linguagem como uma representação viva de seu povo que está em constante movimento, uma visão da qual gosto muito.

site: https://www.instagram.com/p/CeeX5sluFXq/
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thaisraiz 04/06/2022

Tudo na criação não é humanamente belo, o feio existe ao lado do belo, o disforme perto do gracioso, o grotesco no reverso do sublime, o mal com o bem, a sombra com a luz.
Quase fiquei louca lendo? Sim. Acho que fritei dois dos meu pares mais importantes de neurônios pra ler isso? Acho, mas consigo entender de onde esse texto vem.
Tive que ler para a matéria de Narrativa Portuguesa e sinto que esse texto explica muito bem a ruptura que nós podemos encontrar com os modelos e moldes para a construção do drama e da lírica. É claro que nesse livro também sentimos em muitas falas a crença de que os escritores nascem com uma caneta ligada diretamente à têmpora e o resto é genialidade e inspiração. É interessante ver como Hugo divide a história em três grandes fatias: o primitivo, de contemplação do mundo, das odes e epopeias, o antigo, das grandes mudanças e da formulação dos moldes e o moderno, que é onde existe a descoberta da dualidade universal, bem e mal, luz e escuro, belo e feio, grotesco e sublime. A partir da aceitação dessa dualidade, Victor Hugo defende que devemos parar de tentar dividir os dramas em "comédia" e "tragédia", pois essas fronteiras nos afastam do humano e do verdadeiramente belo, pois o belo depende do feio. Aí depois disso ele só avacalha com a escola francesa da época e chama eles de hipócritas que tão tampando de um lado e destampando do outro com o monte de dogma e regra que eles cagam, tornando ainda mais emergente o declínio da literatura.
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giovanna 15/05/2022

"O sublime rodeado de todos os grotescos"
Leitura feita para uma das minhas disciplinas da faculdade, e confesso que apesar da escrita complexa e muitas vezes maçante do autor, curti bastante o conteúdo do livro. O fato de Victor Hugo abordar as questões do drama ? algo que estou estudando no momento ?, e de como o grotesco e o sublime coexistem nessa realidade, me agradou e me prendeu muito. Pretendo reler em breve, acho que teria uma experiência ainda mais rica em conteúdo do que na primeira leitura.
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Jonathas dos Santos Benvindo 27/01/2022

Como não amar Victor Hugo? Nesse livro que é na verdade o prefácio para um outro (Cromwell), VH nos dá uma breve explanação sobre a origem do drama, do romantismo, indo desde os primórdios da literatura greco-romana, passando pelas transformações empregadas pelo cristianismo e chegando enfim ao século 19. Fala, então, sobre diversos aspectos da composição dramática, sobre os novos modelos de se pensar a literatura, e então fala um pouco sobre a obra que se propõem a escrever (Cromwell). Decidi ler esse livro apenas agora pois estou seguindo a ordem cronológica da publicação dos principais livros da literatura ocidental conforme Carpeaux menciona em seu box. ?Do Grotesco e do Sublime? foi escrito durante o Romantismo, período que foi praticamente criado por Victor Hugo S2
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eduarda 20/10/2021

do grotesco e do sublime
gostei da leitura apesar de achar um pouco complicada em alguns momentos, e até mesmo maçante. escolhi essa leitura por causa do grotesco, mas nem aborda tanto o tema.
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Nati 14/05/2021

Li esse livro pra fazer um resumo pra faculdade e acho que por isso não gostei muito. Ler por obrigação é chato. Não entendi muito bem, mas se é um livro conceituado até quase 2 anos depois de escrito, para quem entende deve fazer mais sentido.
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Michele Soares 04/03/2021

"O reflexo vale como a luz?"
No prefácio para a peça "Cromwell", Victor Hugo aborda uma variedade de temas relacionados com o fazer poético do passado e o de sua própria época (1827). O projeto do autor inclui a abordagem da história da poesia e sua divisão em idades/fases ? lírica, epopeia,  drama? dentre as quais destaca sobretudo as qualidades do drama e especificamente do drama moderno. Na sua defesa em favor do drama moderno, o autor avalia o quanto os textos mais artisticamente bem sucedidos se pautaram, não no isolamento da tragédia (sublime) e da comédia (grotesco), mas na fusão entre as duas, da mesma forma como ambas se encontram no plano da realidade. Em sua apologia do grotesco, Hugo ressalta como o grotesco bem trabalhado e encenado (e não usado como artifício tímido ou subjugado por outros gêneros, conforme ele lê o grotesco na Antiguidade) amplifica o sublime e como o grotesco e o sublime em conluio formam a espinha dorsal da boa poesia (cuja realização maior está, claro, em Shakespeare), abrindo as portas para a mistura e para a experimentação, coisas que tanto abominam àqueles mais apegados com as formas clássicas.

Sobre os clássicos, Hugo então passa a rechaçar a poética aristotélica, mas não só ela: o autor trata de criticar qualquer modelo prescritivo clássico de poesia, que castraria a produção artística dos poetas ? o gancho perfeito para que ele passe para a apologia de alguns poetas dramáticos franceses, tal como da liberdade, sessão que atinge seu ponto alto e apaixonado na página 67 e anteriores. A partir de então o autor passa a esmiuçar a relação entre arte e realidade, que vinha tangenciando de forma tímida ao longo de todo o texto e, ainda nessa sessão, se Hugo manuseia a pena para fazer entender as suas ideias por meio de belos símiles poéticos e imagens naturais (plantas, sóis, lagunas, etc.), é com essa mesma pena que ele vai atacar violentamente um dramaturgo francês específico, Delille, e sua escola. Após isso, dando continuidade aos seus arroubos em favor da liberdade, Hugo aborda como os ideais românticos não abolem o verso como estrutura em favor da prosa, mas sim o verso no nível do conteúdo, aquele que se mostra preso, imitação pura, vazia e gratuita. O autor abomina assim o que tenta se insinuar como "o comum" na arte, apontando-o como seu inimigo. Após algumas considerações sobre o que o autor chama de "face concreta" da sua arte (ou seja, os meios pelas quais se esta realiza, e a língua escrita no caso do escritor), por fim, Hugo reserva as últimas vinte páginas do seu "humilde" prefácio para discorrer sobre o conteúdo da peça. É um bom texto, bastante didático e emblemático para a arte de todo um período.
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Wlange 28/07/2020

Do grotesco e do sublime
Publicado em 1827, fala da literatura moderna (romântica) sob a perspectiva de que a expressão artística de uma época reflete a organização social dessa época.
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Steph.Mostav 04/03/2020

Do drama e da modernidade
Este é um prefácio de um drama de VH, apresentado à parte pelo valor teórico para além da ligação com a peça. Nele, o autor defende a representação da realidade em sua totalidade, e não só os aspectos belos, divinos, positivos, moralmente aceitos, o que ele chama de sublime e afirma que toda essa beleza e virtude só ganha realce quando comparada com o grotesco. Esse é o tema principal, mas através dele VH discute a respeito da liberdade na arte e a importância de não se ater a convenções sem fundamento, faz críticas diretas à postura da escola clássica vigente durante o século XVIII, além de também dividir a história da arte em três períodos e estilos: a ode, lírica e contemplativa, canta a eternidade; a epopeia, épica e intensa, soleniza a vida; e o drama, por fim, pinta a vida através da representação da realidade. O texto contém um bocado de achismos e erros históricos muito bem apontados pelo tradutor nas notas, mas vale como um bom manifesto contrário ao pedantismo e à mera imitação de modelos célebres, além de uma defesa apaixonada do trabalho autoral e da criatividade. É um trabalho profundamente alusivo ao seu tempo, tanto nas discussões como na maneira com que as apresenta, e ainda assim a maior parte do texto não chega a ser datada.
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Érica 30/04/2018

E então..
Achei o livro bastante cansativo e que poderia repetir menos muitas coisas, muito excesso de exemplos que levavam a esquecer o que estava sendo exemplificado. Também influência nesse fator que minha leitura foi em busca de encontrar rumos para o grotesco, o que na verdade foi pouquíssimo atendido.
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DIÓGENES ARAÚJO 17/05/2016

leitura para estudiosos
Uma leitura muito rica e, diferente do que se imagina para esse tipo de literatura, não achei uma leitura cansativa ou muito difícil, mas não é pra qualquer leitor, mais voltada pra estudiosos e amantes da literatura.
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