Pedróviz 30/09/2023
Sobre a vida feliz
Santo Agostinho foi um dos pais da Igreja. Ele gostava de usar o recurso do encadeamento lógico de Aristóteles, Platão e outros filósofos nos seus diálogos.
O livro "Sobre a vida feliz" é um desses livros que ensinam, na forma de diálogo encadeado pelo recurso da lógica, valores cristãos importantíssimos.
Contudo, minha impressão ao ler esses livros que contêm importantes conteúdos encadeados nesses discursos lógicos, é a de se beber um vinho primoroso engarrafado numa dessas garrafas plásticas que emprestam à bebida um estranho sabor: é necessário muita boa vontade para ler um livro assim, do mesmo modo como se tem de ser um louco por vinho.
O livro faz considerações sobre a sabedoria, sobre a indigência espiritual, sobre seguir e ter a Deus, sobre ter Deus de modo favorável ou desfavorável e sobre Deus como a verdadeira fonte de felicidade, independentemente das posses ou faculdades do indivíduo.
Deus não é um meio para se atingir a felicidade. Deus é o fim que almejamos, isto é, Deus é a própria Verdade, a genuína Felicidade.
Lembrei de um conto de Ray Bradbury sobre um homem que sai pelo universo afora procurando Ele. Quando chegava a um planeta onde todos estavam radiantes de felicidade, o viajante, por um átimo cada vez menor de tempo, perdia de O encontrar. E assim continuou interminavelmente, e o conto é concluído com a verdade: Ele sempre esteve presente naqueles planetas, mas o viajante, na sua ânsia, na sua fome, por querer usá-lO como um meio, jamais O encontrou. Assim, não basta procurar, deve-se estar preparado para encontrar. Difícil? Confesso que é. Muito.