Queria Estar Lendo 08/03/2021
Resenha: A Caminho do Altar
A caminho do altar é o último romance da série Os Bridgertons, da autora Julia Quinn. Publicado pela editora Arqueiro, o livro conta a história de Gregory Bridgerton em busca do seu amor verdadeiro.
Gregory é o mais novo entre os oito irmãos e, por isso, passou a aparecer de fato na série apenas a partir do livro de Eloise, e ainda assim em pequenas participações. Por compor a dupla de caçulas junto com Hyacinth os dois acabam tendo uma conexão muito forte e interessante, e foi em Um beijo inesquecível que comecei a me apaixonar por ele.
Tendo visto seus sete irmãos casarem por amor e viverem um conto de fadas, Gregory não espera nada menos do que isso. Esqueça o padrão do mocinho de romance de época que é um libertino e foge do casamento a todo custo. Nossa protagonista não apenas quer se casar, como quer fazer isso por amor.
Sendo o mais novo em uma família de oito irmãos, Gregory não tem muito a oferecer em um casamento. Ele é jovem e bonito, é verdade, e sua família tem um nome reconhecido e estimado na sociedade londrina. Mas não há qualquer título a oferecer e, sendo o quarto irmão, sua herança também não é tão significativa. Além disso, não existe nada em que ele seja excepcionalmente bom ou que se destaque dos demais. Gregory tem a oferecer apenas seu amor e toda sua vida de dedicação, e precisa que isso baste.
Do outro lado temos uma mocinha um tanto quanto prática e extremamente altruísta, ciente de seus defeitos, qualidades e principalmente da realidade na qual vive. Lucinda Abernathy está resignada com seu futuro, prometida em casamento desde muito jovem ela se contenta em saber que nunca vai precisar viver uma temporada londrina ou ter de se preocupar com conquistar um marido digno.
Mas isso não significa que Lucy não seja afetada pelas tramoias que permeiam a corte a uma jovem dama. Afinal, sua melhor amiga é Hermione Watson, uma jovem que arrebata corações por onde passa. As duas amigas não poderiam ser mais diferentes, tanto em fisionomia - os cabelos mais escuros de Lucy nem se comparam aos loiros e lindos cabelos de Hermione - quanto em personalidades. Hermione é uma romântica incurável e Lucy, por sua vez, se sente confortável em executar o papel que a vida - cof cof o tio cof cof - a impôs.
Tendo os três protagonistas apresentados, eis que entra em cena Lady Bridgerton. É graças a Kate - também conhecida como razão do meu viver - que todos eles se encontram e, a partir desse momento, mudam suas vidas para sempre.
Gregory, assim como Hermione, é um romântico a moda antiga. Quando seus olhos encontram Hermione pela primeira vez, ele sabe que está apaixonado. Arrebatado pelo sentimento, parte para realizar a única coisa possível: conquistar a srta. Watson e pedi-la em casamento.
O problema é que Hermione é apaixonada por outro, alguém a quem Lucinda não aprova. É por isso que quando o caçula dos Bridgertons visivelmente se encanta por sua melhor amiga, Lucy vê uma oportunidade de induzir Hermione a tomar uma decisão mais sensata sobre sua vida amorosa. E é assim que Lucy e Gregory se aproximam, seu objetivo em comum sendo um só: fazer com que a srta. Watson se apaixone por ele.
Como estamos falando de um bom romance de época, e do melhor livro da série na minha opinião, é claro que não é isso que acontece. Quanto mais se aproximam para executar seu plano, mais Gregory e Lucy se conectam e se completam. Fazendo com que Lucy, a garota que não acreditava um dia ser capaz de se apaixonar perdidamente, se percebe fisgada por Gregory e ansiando ser aquela a quem ele tão fervorosamente deseja.
Mas vamos fazer uma pausa na história, algo bem rápido, porque existe algo que preciso pontuar.
Em O visconde que me amava temos uma trama que pode se assemelhar a esta em alguns pontos. Anthony pretende se casar com Edwina, a joia da temporada, mas acaba ficando com Kate a irmã mais velha dela. Até mesmo o aspecto do protagonista desejando em um primeiro momento a jovem mais bonita e delicada, e só depois notado a de aparência mais comum, acaba se repetindo. Talvez até por isso Kate e Anthony apareçam na trama, reforçando os paralelos. Mas não se enganem, os paralelos existem mas as histórias são muito diferentes.
Enquanto Anthony desejava Edwina por motivos práticos e por saber que nunca seria capaz de se apaixonar pela mesma, e temia Kate exatamente por isso, Gregory é o oposto. Ele deseja Hermione porque está completamente apaixonado por ela, enquanto vê em Lucy uma amiga e confidente.
"Depois de 26 anos de uma existência agradável e, sim, inconsequente, ele enfim tinha encontrado o seu propósito. Enfim sabia por que tinha nascido."
E eis aqui o grande plot do livro, a trama central na qual toda a história se desenvolve: a diferença entre paixão e amor. O arrebatamento da paixão, o fogo e angústia causado pelo mesmo, a intensidade. E, algumas vezes, a forma efêmera como ele pode ir embora tão rápido quanto chegou. A paixão arde e queima em seu arroubo repentino, mas o amor constrói e perdura.
Gregory pode ter se apaixonado por Hermione a primeira vista, mas foi preciso tempo e conexão para entender que ele amava mesmo era Lucinda.
Dito isso, volto a repetir: A caminho do altar é o melhor livro da série Os Bridgertons. Julia Quinn acertou na química do casal e na trama que seguiu. Porque a história não se limita a isso, o final feliz dos dois não chega quando Gregory se apaixona por Lucy e entende que ela é o amor da sua vida, como acontece com Kate e Anthony. Para Gregory, este é apenas o começo.
Afinal, Lucy está noiva e prestes a se casar. E a negociação que envolve seu noivado vai muito além de mero acordo. Em uma história que envolve drama, chantagem e a escolha entre o que vai te fazer feliz e o que é melhor para aqueles que você ama, este livro é um deleite para quem procura aquele algo a mais depois de sete livros sobre a mesma família.
A caminho do altar é uma história incrível e Gregory é o melhor personagem masculino da série. Ninguém nunca lutou por um amor como ele. Ninguém nunca mereceu tanto um final feliz.
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