Resenhas - A Vida na Sarjeta

Mayara 24/03/2024

Algumas verdades
Apesar de estar lendo sobre um retrato da Inglaterra, em diversos momentos imaginei que poderia estar lendo sobre nosso país. Infelizmente.
Há muitos capítulos onde o autor meio que "coloca o dedo na ferida". Foi impactante a leitura dos relatos dos criminosos, e mais impactante ainda as conclusões dos diálogos sobre as atrocidades que fazem, pois fica explícito tratar-se somente de pessoas horríveis que não merecem as segundas, terceiras, quartas e infinitas chances que recebem. Pior, pelo que entendi, os criminosos estão sendo tratados como vítimas. Desastroso.
Acho que vou demorar um pouco pra ler algo desse autor de novo, só pq esse livro acabou trazendo alguns sentimentos ruins, não achei o livro ruim, pelo contrário, gostei muito.

Amanda2662 02/07/2023

Corajosos ensaios críticos acompanhados de um humor sagaz!
Mesmo para quem possa achar a visão do autor muito dura e pouco empática, a indução de vários comportamento pelo ambiente é algo facilmente aceito. Sendo assim, por que não se preocupar em fazer o maior bem possível aos pobres, ou seja, retirá-los da pobreza (e, mais especificamente, da "nova pobreza", certamente não restringida apenas à subclasse britânica, cuja degradação moral e os padrões de autodestruição superam a pobreza material) ao invés de validá-la e justificá-la? Precisamos suprimir nossos juízos de valor e de caráter e aceitar uma conjuntura inóspita, disseminando esses modos de vida "de baixo para cima" e deixá-la alastrar-se ao invés de reconhecê-la como danosa? Como ter a dignidade necessária para ser um agente na própria vida quando a isenção de responsabilidades e de senso de autonomia fomenta as desonestidades intelectual e emocional e o perigoso ensimesmamento?

Marcella.Pimenta 12/03/2023

A miséria moral e espiritual humana
O livro é uma coletânea de artigos escritos pelo psiquiatra na década de 90 e início dos anos 200 que revelam a decadência da condição humana, quando desprezados os aspectos morais, espirituais e culturais.

Dalrymple aponta o impacto de ideias progressistas na sociedade britânica, como o aumento da violência (e, junto, o sistema judiciário e policial).

As conversas com pacientes (vítimas ou agressoras) também revela a falta de autorresponsabilidade e de autopreservacao. O pensamento progressista de que "o homem é bom, a culpa é da sociedade ou de qualquer coisa, menos do indivíduo" só gerou uma deterioração do ser humano.

O autor tem ainda uma língua afiada (e polida) quando se trata de colocar o dedo na ferida. O paciente percebe que seus problemas não se resolvem por mágica, e se mantêm pela sua inércia ou disposição de desculpa-los.

É uma leitura que nos faz olhar pra nós mesmos, mesmo que seja por meio da história de alguém que nem conhecemos. Não nos vemos neles por sua aparência física, profissão, ou experiência, mas pela própria condição caída do homem.

Hingara Leão 21/11/2022

A vida na sarjeta
Livro muito bom, não pela leitura em si, que muitas vezes é arrastada, mas pelo conteúdo. O autor nos mostra, pela sua experiência como médico, por que muitas pessoas da Grã -Bretanha continuam na pobreza, no crime, na ignorância e na vida sem sentido.

João Pedro 13/07/2022

Um breve comentário
Creio que a força motriz da obra possa ser compreendida por duas antológicas frases:

?O molde das fortunas dos homens, está, essencialmente, nas mãos deles.? - Francis Bacon

?Esforcemo-nos, portanto, para pensar bem. Eis o princípio da moral.? - Pascal

Daniel.Freitas 07/04/2022

O que é subclasse
O autor faz duras críticas a sociedade inglesa que glamouriza o fracasso, despreza tudo aquilo que cheira a inteligência, cultura e idoneidade. Parece que ele está falando do Brasil. Pessoas inescrupulosas , sem caráter e muito pobres de alma se aproveitam das leis de Bem Estar Social do estado e optam pela " vida na sarjeta" I
Um dos melhores livros que li na vida. Um tapa na cara dos preguiçosos e acomodados. O tom amistoso do autor torna mais acessível a leitura que estimula uma reflexão sincera e honesta

Lorena.Mireia 10/03/2022

Uma nação em ruínas
Theodore Dalrymple é um psiquiatra britânico renomado que atende pacientes em uma enfermaria de hospital e, também, trabalha num presídio.
Diariamente, ele lida com pessoas da subclasse inglesa, uma classe que não é materialmente pobre, visto que a política do Bem-Estar Social lhes assegura um padrão de vida digno e, até, confortável se formos levar em comparação com a realidade dos países subdesenvolvidos.
Outro fator a ser mencionado é que os membros da subclasse inglesa são, predominantemente, de cor branca, excluindo, assim, eventuais acusações de racismo contra o autor.
Ao traçar tal cenário, temos uma série de ensaios repletos de situações reais vivenciadas, relatadas e testemunhadas pelo psiquiatra em sua vasta experiência profissional. Nesse sentido, observamos que em uma parcela esmagadora dos casos apresentados, há um padrão frequente de autodestruição deliberada seguida de um vitimismo, o qual é endossado por narrativas ideológicas que exime indivíduos agressivos de sua responsabilidade pessoal e imputa culpa à sociedade, ao sistema, e até mesmo, à insanidade mental ? ainda que se comprove por evidências que tais fatores não estejam atrelados às ocorrências, mas sim por livre arbítrio.
Entre as histórias mais recorrentes, pode-se citar: mulheres que têm histórico de relacionamentos agressivos, porém ainda assim querem estar ao lado dos seus parceiros; namorados que tomam overdose para fazer chantagem emocional; filhos que seguem o caminho dos pais no círculo vicioso da miséria moral; ladrões que justificam seus atos infratores com uma compulsão por roubo; as humilhações para quem se atreve a trilhar um percurso mais decente.
Outrossim, a Grã-Bretanha ? dominada pelo caos da impunidade, do desprezo ao conhecimento, do culto à ignorância, do acolhimento judicial aos homicidas, da hostilidade aos cidadãos éticos ? imerge em um abismo moral e espiritual, o qual vem sendo cavado há muito por intelectuais progressistas, que apregoam suas falácias lá dentro de sua bolha impenetrável.
Excluindo alguns aspectos que diferenciam a realidade do povo brasileiro (aqui sim, há miséria material) em relação aos britânicos, há uma certa similaridade com o que anda acontecendo no Brasil, sobretudo, no tocante à crescente militância e à inversão de valores.

Rafael.Bortoli 10/01/2022

Muito bom!
Um tapa na cara da galerinha left

Leitura muito fácil, acessivel. Quen conta a história (ou as histórias, visto ser um compulado de artigos) é um médico psiquiatra inglês.

Vale a pena

Kelvin.Araujo 02/01/2022

Um baita soco
O Livro é excelente naquilo que propõe: descrever a vida da chamada "subclasse" inglesa, mas vai além. Não é uma descrição passiva ou superficial do tema, a proximidade do autor com as pessoas reais trás a crueza dos acontecimentos diante do leitor, e consegue transmitir sensações e percepções, quase como se fosse diálogos a três. A nós brasileiros, é fácil trazer pro dia a dia a comparação. Só mudou o endereço.

Julio.Henrique 27/03/2021

A Vida na Sarjeta
O médico psiquiatra Theodore Dalrymple demonstra lucidez e comprometimento com a verdade nesta coletânea de artigos de sua autoria. Embora retrate a realidade da periferia pobre da Inglaterra, chama a atenção a semelhança com as periferias e favelas urbanas brasileiras. Destaque para a percepção sobre as causas do cenário desolador e decadente das áreas pobres britânicas: as escolhas pessoais e decisões conscientes e a influência cultural da intelectualidade progressista. É repugnante a constatação de que o assistencialismo do Estado paternalista, proposto por ideólogos esquerdistas, faz parte de um sistema escravizador de manutenção da miséria de muitos e do poder de uma elite. Ademais, fica evidente que a pobreza não tem causas econômicas, mas espirituais, morais e culturais. Livro recomendadíssimo para aqueles que ousam pensar fora da bolha do politicamente correto.

Alan kleber 26/01/2021

Os pobres colhem o que os intelectuais semeiam.
Esse livro da uma sacudida forte.

O livro apresenta dezenas de relatos reveladores e verídicos que são ao mesmo tempo divertidos e assustadoramente horriveis e bem ilustrativos do empobrecimento mental, cultural, emocional e espiritual de individuos em uma sociedade, vivendo vidas totalmente esvaziadas de significado. Tudo regado por uma cultura de elite em busca de vitimas.
As soluções que a elite cria pra solucionar o problema, piora as condições de vida dessas pessoas ao em vez de melhorar. As desculpas que a elite dá pra comportamentos autodestrutivos de alguns individuos, faz com que esses individuos se enxerguem apenas como vitimas e não também como responsáveis. Quem não é autodestrutivo para com si mesmo, mas é destrutivo contra a sociedade também se enxerga como vitima, graças a uma cultura de elite em busca de vitimas.
- Dr. Eu tenho um problema.
- Qual é o seu problema?
- Eu roubo carros, em série.
- E porque você faz isso?
- Porque sou viciado.
"Ele se achava uma vitima, e achava que como sou médico deveria cura-lo.
O autor desse livro é um médico aposentado, e ele descreve como as ideias equivocadas nascidas das elites que ele chama de progressistas, quando implantadas na sociedade corroeram e corroem a vida dos desprivilegiados pessoas que essa mesma elite diz se importar.
É um soco no estomago. É importante lê-lo até pra discordar do que está escrito nele.

Raphael 10/05/2020

Retrato apurado do meio social
É uma demonstração de como a falta de conexões significativas reduz o homem à um autômato, servil de seus instintos mais baixos.

Leitor-gbn 26/10/2019

Ensaios sobre realidades.
Boa coletânea de ensaios sobre temas diversos da subclasse britânica: analfabetismo, filhos ilegítimos e de pais solteiros, vandalismo, violência, ilegalidade, drogas, dependência dos programas do Bem-Estar Social, falta de esperança. Leitura boa, fluida.

Thales.Henrique 18/08/2019

Direto e certeiro
Os artigos organizados nesta obra abrangem assuntos complexos e delicados, explorados por um autor que vivenciou os problemas no dia a dia da prática médica, o que termina de diferenciar o Dalrymple de outros intelectuais.

Acredito que para o leitor brasileiro é uma experiência curiosa notar que os problemas que enfrentamos hoje foram enfrentados na Grã-Bretanha há 20 anos (e em outros lugares do mundo). Para além da "síndrome do vira-lata", conclui-se que estamos onde estamos e somos quem somos devido a uma conjuntura de valores distorcidos e não por uma inferioridade geográfica.

5/5.

Cabral 08/08/2019

Impressionante como os metodos esquedoides produzem parasitas mundo afora