Julia G 23/09/2015Beleza Roubada Comentei que Top School - Seleção Natural era um livro criativo, que narrava de uma forma diferente e juvenil o mundo da moda. A impressão que tive, em Beleza Roubada, foi ainda mais acentuada. Os livros de Toni Brandão são joviais, modernos, rápidos e inteligentes, e têm uma linguagem divertida e descolada.
Neste segundo volume, a narrativa do autor continua a sugerir muito mais do que efetivamente diz, e há um tom de ironia que torna a leitura divertida. O estranhamento com a forma de escrita, que aconteceu no primeiro livro, não se repetiu dessa vez, e eu consegui curtir a construção textual do início ao fim da obra. Há um toque moderno, totalmente condizente com o público para o qual o livro é voltado. Em adição a isso, também a diagramação do livro se destaca, colorida, cheia de desenhos de objetos relacionados aos personagens, que contribuem para contextualizar a narrativa.
"- Você não tem o menor talento para filosofar, Antônia.
- Eu também pensava assim. Até que...
- Até que...?
- Me deixa trabalhar, Betão?
- No seu caso, 'trabalhar' me inclui.
- Dessa vez, não, Betão. Ou pelo menos não por enquanto.
[...]
- Vai me deixar de fora 'agora'?
O tom quase ameaçador de Betão lembra a Antônia que ele sabe 'demais, até demais' para ser deletado de qualquer assunto. Ainda mais um assunto que está deixando Antônia tão... transtornada? 'Transtornada' talvez não seja o termo correto. Reflexiva. Intrigada.
- Fique tranquilo Betão. Logo incluo você nesse circuito de novo."
O enredo continua um intrincado de personagens, sem determinar um ou outro que são principais; vários deles têm o mesmo destaque e, de alguma forma, o autor consegue ligar todos eles uns aos outros. Trata-se de uma abordagem diferente, dinâmica, e o único ponto fraco dessa construção é o fato de que não se pode conhecer profundamente a qualquer um dos personagens.
Se no primeiro livro o que me deixou um pouco perdida foi a quantidade de personagens, nesse segundo volume, fiquei incomodada com os inúmeros mistérios que surgiram e que, muito pouco, foram solucionados. É importante destacar que são os mistérios e as coisas não ditas que dão a maior graça à série. O problema é que, muitas vezes, eu já estava até esquecendo certo acontecimento, por causa de tantos outros que surgiram no meio tempo, que quando eles voltavam a aparecer eu pensava que "ah, é, tem isso também".
Tenho a impressão de que os segredos não podem ser revelados antecipadamente porque um mistério está ligado ao outro, mas essa falta de informação faz com que as nuances se percam durante o caminho, e o leitor acaba sem saber por quais respostas ansiar. Acredito que uma ou outra explicação pudesse ser dada durante o enredo, já que muitos personagens chegam a conclusões importantes que não são repassadas para o leitor. E é um pouco frustrante ter que esperar pelo último livro para, finalmente, entender coisas que aconteceram nos dois livros anteriores.
"Então Alice e Mia começam a voltar para a história que até aquele momento entenderam como sendo suas. A caminho de Ben e Guel, elas param, cada uma do seu jeito, cada uma a seu tempo... para conferir as mensagens que receberam em seus celulares.
O número do telefone é o mesmo que das outras duas vezes: 1111-1111; se é que se pode chamar de número de telefone uma sequência de 'uns'.
Só que dessa vez a mensagem tem uma frase a mais:
'Cada dia mais linda. Cuide de sua beleza. Ela será roubada.'"
Não quero passar a impressão errada, então vou deixar bem claro que estou adorando a série. Mas eu sou uma pessoa lógica que precisa de respostas, que não vieram até agora. A maior parte da frustração é consequência da curiosidade, e felizmente a Editora já anunciou o lançamento do terceiro livro, Código Secreto, que eu espero que chegue logo!
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