Henri B. Neto 04/01/2015Resenha: O Grande IvanBom, antes de começar as minhas impressões sobre o livro, eu vou ser bem sincero: Realmente não esperava que "O Grande Ivan" se tornasse a minha primeira leitura de 2015. Quero dizer, eu já tinha tudo planejado - e não... Ele não figurava na minha lista de opções (que, se tudo der certo, serão as próximas. Eu espero). Entretanto, no dia 1º de Janeiro eu acordei e simplesmente olhei para ele e pensei: Eu vou ler você. Assim, do nada. Então, foi isto. Levantei, peguei o volume da estante e... Aqui estou, em mais um "Diário de Bordo". O primeiro do ano - e com uma história que já começou me surpreendendo.
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Quinta Feira - 01 de Janeiro, 20:37
Primeiras Impressões - Página 01 até 117
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Ao iniciar a leitura, eu tinha uma grande interrogação na cabeça... Não sou exatamente o tipo de pessoa que gosta de ler histórias protagonizadas por animais (trauma eterno de filmes da "Sessão da Tarde" do gênero), mas eu tinha lido outro livro da Katherine Applegate ("Eve & Adam", que ela escreveu junto com o seu marido - ninguém menos que Michael Grant) então queria dar uma chance para ele - já que eu gostei MUITO da minha experiência anterior. Entretanto, "O Grande Ivan" é completamente diferente. Não só por ser um infanto-juvenil, mas por ser... Melancólico. Sim, este é o clima que eu sinto nestas primeiras 100 páginas. Eu já deveria suspeitar, afinal, é a história de um gorila preso em uma espécie de mini zoo/circo em um Shopping no meio do nada, mas ao perceber a forma como a autora conduzia sua narrativa, eu fiquei completamente encantado.
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Cada capítulo é como uma pequena crônica narrada pelo próprio Ivan, extremamente simples mas ao mesmo tempo poética, e elas contém reflexões tão pertinentes que várias vezes me perguntei se ele realmente era um Infanto Juvenil (não por culpa do gênero, e sim por que ele está sendo mais profundo do que muito livro adulto que li nos últimos tempos). E não só isto. Eu teria continuado tranquilamente a leitura se não tivesse acabado de passar por um momento em que precisei colocar ele de lado e respirar. Não quero dizer o que é, para não entrar em spoilers, mas... Só posso dizer que, mesmo já esperando que isto fosse acontecer, eu não queria que tivesse acontecido. Pois o meu lado "paternalista" sempre espera que este tipo de coisa não aconteça em livros para crianças. Só que, esta é a vida - e eu sinto que esta vais ser uma virada importante para a história. E eu preciso continuar.
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Sexta Feira - 02 de Janeiro, 10:50
Ponto de Virada - Página 118 até 212
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Como eu esperava, o corte do cotidiano "pacato" de Ivan não foi uma apenas um ferramenta de comoção vazia para o leitor se emocionar. Na verdade, ele foi uma ferramenta de transformação... Pois, agora, o personagem tem um objetivo - uma meta a ser cumprida, e uma promessa a ser honrada. E isto está o mudando completamente, fazendo ele confrontar coisas que ele desde sempre achava que não lembrava - mas que, na verdade, preferia esquecer. E sabe o que é mais incrível nisto tudo? Bom, é que - mesmo este "ponto de virada" sendo um giro perceptível na história, ele não é abrupto. A narrativa de Katherine Applegate continua sendo natural, e calma e tranquila, como as coisas são desde a primeira página. Olhando de longe, parece que nada mudou para Ivan, como se ele analisasse tudo ao seu redor, andando em círculos infinitos em seu "domínio". Mas, ao se aproximar, as coisas são diferentes. O protagonista está diferente. E agora, na página 212, eu já percebo que nada mais será o mesmo. E isto é bom. Muito bom.
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Sexta Feira - 02 de Janeiro, 12:40
Conclusão - Página 212 até 288
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Chego ao final de "O Grande Ivan" com lágrimas nos olhos... Não só por saber que ele foi inspirado em fatos reais, mas por todas as gamas de sentimentos que ele reflete. Se pudesse definir este livro em poucas palavras, estas seriam: Enganosamente simples, profundamente maduro. Pois, como eu disse logo que iniciei a leitura, este livro - por mais que seja repleto de ilustrações (que são lindas, devo acrescentar, que tenha uma diagramação espaçada e que sua narrativa seja extremamente simples, ele é... Poético. E questionador. E emocionante. E inteligente. E muito mais maduro do que diversos "livros adultos" que li recentemente. Pois, sim, acho que desde o princípio eu já sabia para onde a trama seria levada. Mas é como a canção: O importante não é o destino, e sim o caminho. E a trajetória criada por Katherine Applegate para o seu herói primata foi doce, melancólica e linda. Começar o ano lendo "O Grande Ivan" foi inesperado, sem sombra de dúvidas. Mas também elevou MUITO o nível. Quem dera se todos os autores tivessem este tato incrível, para escrever um livro infanto que não só não subestima o seu público alvo, como tem o poder de cativar qualquer leitor, de qualquer idade. Pois, é isto que ele é: Um livro que todos deveriam ler, não importa quantos anos você tem.
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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