Sah Ollie 16/06/2015Uma ficção nacional excelente!Além da introdução, que diga-se de passagem, prende o leitor no primeiro momento, tem uma cronologia de alguns importantes acontecidos no mundo e principalmente sobre Peter Brose, nosso protagonista e narrador, a partir de 2030 (não estamos longe hein rs), no caso, num futuro que nós desconhecemos até chegar no ano de 2580. Eu achei bem bacana, veja bem essa colocação, como se Peter fosse um fato histórico, e de alguma forma vocês verão que sim. Depois disso, Peter conta quem é, e como é a vida no futuro.
Eu vou tentar resumir um pouco do que é apenas o início, por que são muitas coisas num livro só, e não vai dar pra falar tudo.
Com o crescente avanço na área científica, a expectativa de vida é muito maior no atual futuro, quase 200 anos. E por causa disso, a vida é dividida em quatro infâncias. Na primeira infância, você vive uma vida normal, casa, tem filhos, estuda, se forma... quando chega a segunda infância, geralmente os casais se divorciam e tem outro relacionamento, e começam a dedicar sua vida a outras atividades, como estudar outras áreas.
"O mal tem muitas faces, é traiçoeiro. Quando achamos que o domamos, teima em ressurgir."
É praticamente como se vivesse uma outra vida. Mas é claro, que mudar sua rotina, se reinventar não é obrigatório, isso é mais uma questão de cultura que foi passada através dos anos para a sociedade aproveitar da melhor maneira seus anos, porém há aqueles que ainda preservam um pouco dos costumes antigos, como Peter, que decidiu ficar com a mesma mulher para o resto da vida. Não mencionei antes, mas há uma lei que permite apenas dois filhos por humano. Isso significa que você pode ter eles em qualquer uma de suas infâncias, mas em apenas uma delas.
Prosseguindo, Peter então conta um pouco da infância dele e como se tornou graduado em Investigação Digital e Psicologia Digital. Ou seja, ele é um detetive. Mas com o desenvolvimento tecnológico, os crimes virtuais aumentaram também, pois todo crime "real" deixa seu rastro digital, e é aí que Peter entra com seus conhecimentos, seguindo rastros digitais em pistas que o levem ao criminoso. Mas vamos ao que interessa, o tema principal! A guerra bacteriológica.
Depois da "Guerra Cibernética" o mundo acreditava que estava livre de mais uma catástrofe, mas quando um grupo de geneticistas extremistas criam uma superbactéria capaz de matar seletivamente e destruir centenas de pessoas em pouco tempo, a humanidade passa a enfrentar a maior crise da história da Terra. Ou seja, a bactéria escolhia o indivíduo que iria matar! Como é possível???
"Estamos lutando contra uma bactéria altamente mortal. Mata em menos de 24 horas. São centenas de mortos todos os dias."
Acontece que esse grupo conseguiu identificar a linhagem direta até cem gerações passadas, inclusive se houvesse miscigenação. O intuito desse grupo era eliminar a mistura entre os povos. E é a partir daí que Peter, juntamente com sua esposa Mirtes, que é Phd em virologia e genética, são recrutados a fazer parte de um grupo de cientistas para encontrar a resposta e a cura do bactéria Legionella. Mas há muito mais por trás disso do que imaginam, é uma trama tecida especialmente para surpreender o leitor.
Agora o momento mais importante, os prós e os contras rsrs. Em especial, eu gostei de Peter e sua alma antiga. Vou explicar. O narrador expressa sua experiência, como se nós, leitores, fôssemos habitantes do futuro também e ele quisesse nos mostrar que houve um tempo diferente. Nota-se toda sua admiração pela arte e história do nosso passado. Ele faz questão de nos lembrar como a humanidade um dia já foi. Peter também nos deixa muito familiarizados com a atmosfera futurística, embora sejam apresentados muitos nomes diferentes, o que pode confundir um pouco.
Mas não poderia deixar de deixar meus aplausos para o autor, que acredito que tenha se aprofundado em pesquisas para escrever o livro, pois sim, o livro contém muita informação científica. É muito bem construido e informativo. O ponto que mais gostei do livro, foi a introdução dos Metrovinos. Tenho a impressão que só a história deles, daria um livro a parte, sem ligação com o que aconteceu aqui.
"Não á miscigenação.
A Terra está axaurindo.
Viva a limpeza genética.
Assinado: PPP."
E o mais fascinante de tudo, é a maneira como o autor introduz os acontecimentos da humanidade do futuro, liga impecavelmente os pontos e anos em que aconteceram, que realmente parecem fazer parte dos nossos livros escolares de história!! Quase falei para mim mesma: Ei, isso aí aconteceu em tal lugar não é? Se não, está perto de acontecer... rs
O que me incomodou um pouco foi a maneira como a história foi contada. Parece mais um relato, como se estivesse num documentário. Mas nada que tenha atrapalhado da história fluir.
O fato de alguns fatos importantes no relato de Peter serem jogados no decorrer da história quando de repente surgia uma pista nova, me deixou um pouco incomodada também. Tenho a impressão de que aquilo deveria ter sido contado desde o início para que os leitores entendessem melhor. Minhas críticas são somente essas.
Mas tenho uma sugestão. Ficaria feliz se tivesse um glossário para os objetos do futuro rs, já que tem um para os personagens. Fica a dica haha.
Mas de uma forma geral, é um livro incrível, que desperta o nosso lado reflexivo e nos faz pensar no ser humano em toda sua natureza e do que ele é capaz quando movidos pelo ódio. E o mesmo com essas pequenas coisinhas que me desagradaram eu vou dar cinco estrelas, por que a história é muito bem construída.
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