Rangel 15/12/2009
Prática pedagógica de interpretar o mundo
O livro “a importância do ato de ler” do bacharel em direito e doutor em filosofia e história da educação, Paulo Freire, que recebeu o “Diploma de Mérito Internacional” pela International Reading Association, de Estocolmo, Suécia, em julho de 1990, é baseado em uma comunicação sobre as relações da biblioteca popular com a alfabetização de adultos, em uma experiência desenvolvida no país de São Tomé e Príncipe, que dimensiona o compromisso político com a tarefa de recuperar o oprimido na sua dignidade humana. Inicialmente, a obra se refere à prática pedagógica da leitura, que deve envolver a sua própria compreensão como ato, a fim de decofidicar as palavras e interpretar o mundo, nas percepções de texto e contexto, para um olhar crítico da realidade, a fim de realizar práticas políticas de mobilização e organização do povo contra práticas elitistas, colonialistas e exploradoras.
O exemplo da alfabetização de adultos realizada pelas bibliotecas populares, como meios de educação ativa, devem ser utilizadas, no processo educativo de forma não neutra, a fim de proporcionarem interpretação da realidade que não deve ser ingênua e alienada. Os Cadernos de Cultura Popular de Paulo Freire, utilizados para o processo de alfabetização e pós-alfabetização, centralizam reflexões para a participação democrática dos educandos no ato do conhecimento, com o intuito de praticar leitura e escrita da cultura de memória e oralidade em debates, na análise dos fatos para compreender uma reconstrução nacional, tratando de assuntos de interesse do próprio povo. Assim, conforme os cadernos, estudar significa criar e recriar, não repetir a expressão da ideologia dominante, pois a atividade da realidade concreta deve ser a geradora do saber e de caráter social, convergir a unidade, a disciplina, o trabalho e a vigilância de um povo na luta de se construir uma nova sociedade. O jogo de palavras, no ato de ler, deve ser amplamente dinamizado, para reinventar o pensar e o expressar para transformar o mundo que se conhece, principalmente, o produtivo, de forma justa. O trabalho manual deve ser valorizado igualmente ao trabalho intelectual. Todos, numa nação, devem estudar ao trabalhar, transformar a matéria bruta em matéria-prima, que esta pode produzir instrumentos, os meios de trabalho, que, na realidade, são todos meios de produção para se trabalhar. E dessa forma, as forças dos trabalhadores devem ser combinadas com os meios de produção para a produção em si, a fim de que o processo produtivo do trabalho seja de colaboração entre todos e não para competição. Na produção, a cultura do povo deve ser valorizada por ser a forma de se produzir e a maneira de o povo compreender sua relação com o mundo, mas ao mesmo tempo, ser aberta para a interação com outras culturas. Na produção, a cultura do povo deve ser valorizada por ser a forma de se produzir e a maneira de o povo compreender sua relação com o mundo. Na questão de adquirir conhecimento pela leitura, o desafio é pensar certo, observar os verbos da língua não só como panorama de luta, mas também para problematizarem, estimularem, provocarem, transferirem textos e frases para uma participação consciente do povo, na reconstrução nacional, de ação e pensamento, a fim de aprofundar conhecimentos da prática para que o povo se faça sociedade revolucionária e que exija do governo preocupação sistemática com a educação para estimular a produção. Na educação, o estudo da língua e da linguagem não deve ser gramatical, formal e mecânico, mas dinâmico, participativo, que estimule a curiosidade e a criatividade. A prática da educação, da leitura e da escrita deve ser sempre avaliada, analisada e comparada para corrigi-la e melhorá-la, a fim de que as dificuldades sejam superadas. E a importância da leitura para a transformação do meio que vive o educando deve ser crítica, convincente, envolvente, didática, lógica, consistente, promotora de consciência da história, revolucionária de idéias e pensamentos nas questões filosóficas, culturais, sócio-econômicas e políticas, a fim de a educação ser uma práxis libertadora.