Rosoha 22/02/2023
Leve como uma pedra, ou talvez uma pena
"É um livro infantil"
Foi o que me disseram, um diário com imagens.
"É muito engraçado, uma leitura leve."
Sim, é engraçado, mas não é leve, nem um pouco leve.
Talvez seja, depende muito da forma com que você quer ler, do quão profundamente vai mergulhar na história, do quanto quer abrir seus olhos para o que está na sua frente.
O diário do "Garoto da casa 8" é incrível, é tocante e especial.
Chaves marcou minha infância, e a muito tempo eu não o via.
Enquanto lia, lembrei de muitos episódios, de muitas referências, e sorri. Mas também fiquei mal, tive que parar e refletir, refletir que se estava pensando de mais, se deveria sentir tanto por aquilo.
A resposta? Sim, eu deveria.
Eu cresci, minha visão de mundo mudou, então eu deveria sim, me importar com aquelas palavras.
Esse livro é escrito em linhas e entrelinhas.
Mas linhas está a história, as piadas e o flash de nossa infância.
Nas entrelinhas, as frases pesadas que não foram terminadas, a sombra por trás de cada piada, e a dor que faz o peito arder enquanto se lê.
Esse livro é uma lição de moral para quem precisa, mas também é um livro infantil para quem não percebe.
Se quer algo leve? Leia sem pensar muito, apenas deslize pelas palavras e ria das piadas.
Se quer algo pesado? Caia em cada buraco, em cada parágrafo subentendido, e reflita sobre cada piada, cada piada que já perdeu a graça.