Sô 19/01/2018Comecei a ler o livro sem ouvir as músicas até perceber que estava perdendo muita coisa, afinal, como é que eu ia entender o que o Hornby queria dizer quando se referia a segunda parte de One Man Guy como algo celestial? Ainda mais considerando que eu não conhecia a esmagadora maioria das 31 músicas que ele cita no livro, foi fundamental escutá-las antes de cada capítulo, o que acabou tornando a leitura diferente e incrível!
Não só fiquei viciada na One Man Guy do Rufus Wainwright, e concordo com tudo o que o Hornby fala no livro sobre ela, como entendi as críticas que ele solta a outras músicas e artistas. Bob Dylan, por exemplo, não tem como negar a sua contribuição para o mundo da música, e ele merece todo o mérito, só que existem músicas que a gente até entende que são boas, mas que simplesmente não te tocam. Chegam ao cérebro, mas não ao coração.
Se a One Man Guy foi uma música maravilhosa de conhecer, a Frankie Teardrop do Suicide foi uma das piores. O Hornby usa essa música para exemplificar esse lance de “música arte” que elimina qualquer tipo de prazer do ato de se ouvir música e parece só querer fazer com que você se sinta intelectualmente inferior. Afinal de contas, se você não gostou é porque é burro demais para entender, certo?
E ele faz muito isso nesse livro, de pegar uma música para ilustrar um determinado assunto. Tipo a Nelly Furtado, que na época que ele escreveu o livro tinha acabado de lançar I’m Like a Bird, e o Hornby estava viciado nela. Ele usa esse capítulo justamente pra falar sobre o preconceito que as pessoas tem com música pop e a besteira que é isso. 31 Songs não é um livro de crítica musical, mas sim alguém falando sobre um tema que gosta muito, usando momentos da sua vida e linkando esses momentos e ideias com as músicas.
Para quem é fã dos livros dele ainda ganha como bônus os momentos que inspiraram muitas de suas obras, como Alta Fidelidade e Um Grande Garoto, que claro, tem relação direta com a música.