spoiler visualizarNany 788 19/01/2024
– Por que será que o Caramujo chama Caramujo? –Vai ver ele veio de Santos. –Ou então tem acara de mujo. – O que é mujo? –Sei lá. Melhor cara de mujo que cara de mijo.
Super indico a leitura. O livro apesar de contar a história de amor de Ophélia e Araújo, abordar muitos mais assuntos e aprendizados do que se imagina. Fala sobre a importância de vivermos nossas vidas plenamente, mesmos com os “e se...” que criamos. Sobre aprender e amar cada experiência que a vida proporcionou e estarmos sempre abertos as novas, mesmo com as dificuldades que a idade traz. Um livro que faz repensar sobrea definição de velhice, é definida pela idade ou pelo estado de espírito que temos? Este livro mostra sem dúvida que a velhice é definida apenas por números, pois quando seu estado de espírito ainda tem o querer de viver mais a vida, é capaz de fazer isso e mais. Ricardo de Azevedo me fez sentir cada sentimento de Ophélia, como se estivesse falando comigo como uma amiga de longa data, me fez rir com os netos de Ophélia, me fez ter raiva de seu filho André juntamente com a sua superproteção exagerada que ele tinha por ela e me fez ficar deslumbrada com as histórias de Araújo.
Entrando mais em detalhes (com spoiler): Lembro que peguei o livro na minha (Agora antiga) escola, estavam fazendo limpeza nos depósitos e lá tinham vário livros que não foram entregues. Quando eu vi a capa (Sim! Julguei pela capa), logo me interessei. Levei para casa junto com outros livros e mesmo tendo outros livros que tinha de ler, coloquei esse na lista de urgência. Ainda bem que fiz isso, porque meus amigos que livro bom. Nos primeiros três capítulos, fiquei meio perdida com a história, mas logo quando me acostumei, não tive mais intenção de parar.
A história de Ophélia me fez ver os idosos com outros olhos, conseguindo compreender perfeitamente todos os seus sentimentos em cada capítulo que se passava. Seu filho André (Que deus me perdoe e a senhora Ophélia, mas o bixin chato!) tem o pensamento de que idosos precisavam ter muito cuidado, que não podiam se aventurar muito, pois tinham um risco maior de adoecer ou se machucar com mais facilidade. Contudo quando o Araújo (Caramujo, para os mais íntimos) apareceu logo mostrou que o pensamento de estava errado. Sim! Idosos precisam de uma atenção redobrada, mas não são todos que precisam dessa atenção. Não são todos que adoecem com facilidade nem se machucam seriamente com tropeços ou quedas, nem todos tem um ataque cardíaco com notícias de doenças e morte de ente queridos. Alguns, como dona Ophélia, tem uma saúde de ferro e não precisam ser tratados com “o pé na cova” quando não estão. Araújo demonstrou isso a Ophélia, que, mesmo estando deprimida, foi a luta pelo que acreditava e ainda viajou pelo Brasil. Mesmo após o plot twist, Ophélia encontrou sua felicidade novamente.
Falando um pouco de Araújo, digo que me apaixonei pelo personagem, suas ideias e pensamentos me fizeram refletir sobre o mundo que me cerca e sobre meus próprios pensamentos. Apesar do que se passou no decorrer da história, não o deixei de amar, pelo contrário compreendi seus motivos e passei a ter um carinho maior por ele.
Dostoiévki escreveu uma vez “O mistério da existência humana não é apenas manter-se vivo, mas encontrar algo pelo qual viver”, está sem dúvida é frase que eu resumiria o livro. Ophélia e Araújo, apesar de terem suas idades, ainda encontraram algo para viver, nos mostrando que pouco importa a idade, as dificuldades e obstáculos da vida, basta apenas ter força e coragem para viver.
O final do livro sem dúvida me deixou de coração quentinho, a história do príncipe pássaro será uma história que contarei aos meus filhos e netos, junto com a história de Ophélia e Araújo. Quero finalizar com uma frase do livro sobre a vida: “A vida é um voo imenso e encantado, que a gente faz sem saber como começa, pois quando a gente percebe já está em pleno voo, nem como acaba, pois quando a gente vai viver a gente morre. O que interessa na vida é o voo entre o ponto inicial e o ponto final.”