Final do jogo

Final do jogo Julio Cortázar




Resenhas - Final do Jogo


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underlou 12/08/2022

Com esse volume, Julio Cortazar expõe suas predileções narrativas de iniciante. Paira sobre as histórias, pelo menos na maioria delas, um ar de "l'enfant terrible" ou algo memorialístico, o que pode agradar ou não o leitor ávido por enredos mais adultos; mas já há o indício de brilhantismo que o consagrou como um dos maiorais do gênero, sobretudo nas histórias mais curtas, como "Continuidade dos Parques", "Ninguém Tem Culpa" e "O Rio", tríade que abre o volume.

No geral, também prevalece o tom de estranheza ou quebra da rotina comum, como os intrigantes "A Porta Incomunicável" e "Axolotes". É interessante pontuar, no entanto, que nos contos fabulosos aqui inseridos domina a arte de retratar a maturidade (realmente não há nada contra as memórias de infância, mas as histórias com esse tema parecem matérias prosódicas do trabalho vindouro do autor, ainda que essa edição assuma uma criação não cronológica), como o explícito em "Relato com um Fundo de Água":

"[...] tudo deixa de ser sério para ceder à suja máscara de seriedade que você se deve pôr na cara, e eu agora sou o doutor fulano, e você o engenheiro beltrano; bruscamente nós ficamos para trás, começamos a nos ver de outro modo, ainda que por algum tempo persistamos nos rituais, nas brincadeiras comuns, nas cenas de camaradagem que jogam seus últimos salva-vidas em meio da dispersão e do abandono, e tudo é tão horrivelmente natural (p. 145)".
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crislane.cavalcante 19/06/2022

"A ilusão do romance se apoderou dele logo em seguida"
Demorei meses para concluir a leitura da coletânea de contos "final do jogo" e posso dizer que cada um tem sua peculiaridade e o único ponto em comum entre todos é justamente o insólito. E o conto que mais me marcou dessa coletânea sem dúvidas foi a "continuidade dos parques", que conto meus caros, que conto!
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Laura 22/05/2022

Reflexivo?


Muito bom
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Kelly Albuquerque 30/11/2020

A realidade como ficção
O livro e? composto por um conjunto de contos divididos em tre?s partes constitui?das por ni?veis de dificuldade distintos, do mais fa?cil ao mais difi?cil, de acordo com o esforc?o que se deve fazer para acreditar na trama apresentada. Narrativas de experie?ncias simples que tem o dom de nos fazer questionar a realidade numa perspectiva radical, ou seja, interrogar sobre sua tessitura. Lanc?ar ao real o crivo da du?vida tem efeitos, sobretudo na esfera e?tica. Cortazar, da literatura, assim como Freud e Lacan, da cli?nica psicanali?tica o fizeram, mostra que ilusa?o e realidade na?o sa?o oposic?o?es. Toda verdade tem uma estrutura de ficc?a?o, e? simbo?lica e, por isso, tudo que lhe diz respeito coloca em jogo a relac?a?o do homem com a linguagem e, portanto, com o signo e suas leis. Para conceber a func?a?o realidade, na?o podemos reduzi-la a um prolongamento de uma forc?a de vontade, a um ?eu quero eu posso? a la? coaching. Ora, ha? algo para ale?m disso. E? preciso considerar que a realidade se organiza por uma ordem distinta, enredada a pulsa?o de morte, a lei para ale?m de toda lei, que se estabelece a partir de um ponto de fuga de toda realidade possivel de atingir. Precisamos contestar a realidade seriamente e na?o apenas querer doma?-la. Os contos fazem ecoar: a realidade e? preca?ria, na?o existe em si mesma, tampouco existe enquanto tal para cada um que tenta lhe dar uma medida. Bagatela tudo o mais. Por isso Neruda diz que na?o ler Cortazar e? uma doenc?a grave de fortes efeitos colaterais. Talvez um, podemos dizer, e? estar submetidos a mandamentos morais tira?nicos.
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Mari Fourquet 16/10/2020

Final do Jogo
Eu acho que essa foi a leitura mais longa da minha vida hahahahahahah não porque o livro é ruim, muito pelo contrário, Júlio Cortazar é um dos meus escritores favoritos!!! Simplesmente eu lia um ou dois contos e deixava de lado e seguiu assim por alguns anos!
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Refugios das Letras 20/04/2020

Um livro de contos com um tempero a mais: É dividido em três partes, que aumentam gradativamente a dificuldade de compreender e aceitar o que o autor propõe. Incrivelmente essa mecânica funciona muito bem, despertando a curiosidade do leitor e reações próximas a "pode ficar mais maluco que isso"? Sim, sempre pode.
A regra geral é o tema da morte. Os primeiros textos são mais cômicos, porém revelam a genialidade do autor na arte da escrita, que consegue tanto desenrolar em apenas 3 páginas um suspense quanto enrolar em 10 o simples ato de tentar colocar um casaco. Já na segunda parte somos apresentados a um lado mais misterioso, intrincado e sobrenatural, que leva o leitor a passar por concertos, navios e lutas de boxe. Ao final, estão os contos que mesclam todas essas facetas e ainda adicionam uma grande dose de incredulidade, quase sempre com um final inesperado e com um teor altamente reflexivo que tende a atrapalhar a leitura do início do conto seguinte. O conto final, que não a toa dá o título ao livro, é uma obra prima que surpreende pela forma e inventividade.
Diria que dos 18 contos, apenas 3 não me agradaram e 5 estão entre os melhores que já li, então é um livro e autor que recomendo altamente.

site: https://refugiosdasletras.blogspot.com/2020/04/final-do-jogo-julio-cortazar.html
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mateuspy 11/06/2018

A sensibilidade do Jogo
Que Cortázar é um contista genial não há discussão. Capaz de criar histórias fantásticas em curtos ou médios textos, as histórias são sempre intrigantes. Em "Final do Jogo" porém, alguns dos contos presentes são de uma sensibilidade absoluta. As crianças são sempre uma fonte de autenticidade, e em alguns dos melhores contos do livro, Cortázar as usa para criar narrativas sinceras sobre sentimentos universais. Particularmente fiquei embasbacado com o conto "Uma flor amarela" onde ele utiliza de um pequeno recurso fantasioso para comentar da mortalidade e da vida humana em sua totalidade. Simplesmente leiam Cortázar, e "Final do Jogo" pode ser uma excelente forma de entrada em suas narrativas e perspectivas.
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Cecilia 24/08/2015

Final do Jogo
Sou suspeita para resenhar sobre qualquer obra de Cortázar. Sou fã do estilo, do ritmo, e principalmente, de O Jogo da Amarelinha. Sim, é bem clichê citar essa obra quando se trata de Júlio Cortázar, mas fazer o quê se sou apaixonada por ela?
Bem, voltando ao assunto da resenha, Final do Jogo é meu segundo livro de contos do autor. Li Histórias de Cronópios e Famas há um tempo atrás e tinha ficado absolutamente encantada. Imaginei que Final de Jogo seria tão nonsense quanto, mas não é. Cortázar constrói aqui narrativas mais lineares, mesmo nos contos cuja temática é mais "fantástica".
Confesso que a divisão em níveis de dificuldade para se crer nas narrativas não me pareceu tão bem definida, e que gostei mais de Histórias de Cronópios e Famas, mas o livro é excelente. A escrita é envolvente e peculiar, e alguns contos são espacialmente instigantes. Cortázar é único, e, bem... Como disse, sou um pouco suspeita para falar sobre o autor.
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Bruno 29/07/2014

Foi um bom jogo!
Apesar de ter publicado um clássico como O jogo da amarelinha, o qual ainda estou para ler, Julio Cortázar é bem mais conhecido por sua proficiência como contista. Tendo escrito tanto contos quanto sobre contos (lembro-me de ter lido algo a respeito em Valise de cronópio), pude ver nesse primeiro contato com a prosa do autor que ele sabe a que veio. Um livro já há tempos esgotado no Brasil, Final do jogo, relançado neste mês pela Civilização Brasileira, é um livro e um joguete: divididos em três níveis temos dezoito contos do autor, ordenados mais ou menos por dificuldade.

“Cada nível é medido pelo esforço de compreensão que se deve fazer para crer em cada um dos contos do autor”, explica a orelha. Assim, começamos pelo ‘fácil’ “Continuidade dos parques”, de apenas três páginas mas que já dá o tom da obra e da coleção de Cortázar, com uma proposta simples, uma linguagem nem tanto mas nada muito complicada, e um desfecho que me deixou, ao final, com um belo sorriso. Fui surpreendido.

Sinto que estou tomando um gosto pela leitura de contos, pouco a pouco, desde que os experimentei a sério com Dublinenses. Assim como no livro de Joyce, temos as histórias melhores, as não tão boas, as indiferentes; mas o nível se mantém bom durante toda a coleção, apresentando uma coesão que me manteve na expectativa de ler o próximo e me surpreender positivamente.

É natural que tenhamos nossas preferências durante a leitura de múltiplas histórias curtas como contos, e que uns acabem nos conquistando mais. Na minha última resenha, Geração subzero, isso ficou bem evidente: uns que adorei, outros que desgostei. Não tem problema nenhum que algumas falhem em nos engajar, desde que se mantenha um nível aceitável, uma coesão interna de estilo, trato, nível de história, quiçá gênero. Claramente é mais fácil fazê-lo de maneira convincente em uma coletânea de um autor único, ainda mais quando a seleção e ordem são feitas pelo próprio escritor: quando há um pensamento por trás da obra final.

Seu resultado é visível em Final do jogo. Cortázar, em seus dezoito contos, apresenta-nos histórias que podem ou não nos envolver, com destaques surpreendentes. Vemos o pensamento, a forma estruturada de se desenvolver um conto que o próprio autor aborda em alguns textos de não ficção. Não esconde acreditar que o que se busca na construção de um bom conto é um efeito no leitor, que deve ser construído sem desperdiçar uma palavra. Se o texto não começa a montar seu palco para a entrega desse efeito a partir da primeira frase, para Cortázar, já falha. Ao mesmo tempo, são todos curtos o bastante para serem lidos em uma assentada. Com extensões variando entre três e vinte páginas, é de bom gosto que se leia o conto todo de apenas uma tacada, para que este efeito buscado já seja desenvolvido e entregue sem perder o “fio da meada”, o que com certeza colabora para a melhor experiência de leitura.

Não cheguei a desgostar ativamente de nenhum conto. No máximo, alguns me passaram com indiferença, com um sentimento de que eu não chegava a me envolver ou sentir um “efeito” desejado. Entretanto, a maioria me atraiu, talvez com sua herança latinoamericana do “mágico” na literatura, que temos em grandes nomes como Gabo mas que não necessariamente seguem o mesmo estilo aqui no escritor argentino. Contos em que o assombroso aparece, mas se mantém na tênue linha entre o natural e o sobrenatural, como já definia o “fantástico” de Todorov, a ambiguidade do inexplicável.

A despeito disso, esperava um pouco mais do “lado B”, do aspecto lúdico da proposta da obra. Os níveis são definidos, e há um pensamento por trás deles, mas senti que alguns de seus contos seriam intercambiáveis entre o fácil, o médio e o difícil, não apresentando necessariamente a dificuldade que deles eu esperava. Como, por exemplo, o conto “As Mênades”, sobre uma sessão de orquestra que sai um pouco do controle em seu êxtase de admiração e animação, ainda inserido no nível fácil quando já poderia se encaixar no médio.

Meus destaques, na coletânea, ficam para o primeiro “Continuidade dos parques”, sobre um homem que termina de ler seu romance; “Ninguém seja culpado”, uma situação aparentemente banal que se desenvolve para algo surreal; “O ídolo das Cíclades”, que até mesmo me lembrou um horror mais clássico como Lovecraft ou Chambers; “Axolotle”, sobre os animais mais esquisitos desse planeta; “A noite de barriga para cima”, em que o onírico e o real parecem se mesclar de maneira intercambiável; e o próprio “Final do jogo”, que encerra a coletânea e é a história de meninas, liberdade e crescimento.

Final do jogo me deu vontade de correr atrás agora da demais obra em contos de Cortázar, e serviu no geral para me incentivar a continuar desbravando esse gênero literário. É gratificante terminar uma leitura em uma assentada e, quando o conto é bem escrito, pode nos deixar com um belo sorriso no rosto; ou, ao contrário, perturbado, olhando para o vazio. Mas, daí, também este é o “efeito” que o autor pode buscar, e no qual, com certeza, Cortázar deve pensar bastante.

site: http://adlectorem.wordpress.com/2014/07/26/final-do-jogo/
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Arsenio Meira 18/01/2014

O Apito Final e o Recomeço

Fácil, não é. São curtíssimos, os contos. Algo que eu, como leitor incipiente do Cortázar, não esperava. "Final do jogo" é dividido em três partes, e o espaço/tema é apresentado em seis contos na primeira parte, através de atos cotidianos como: ler, vestir-se, sentir a esposa ao lado, envenenar formigas, ouvir choro de bebê, ouvir música no teatro. Em todos esses contos percebe-se uma atuação maior do espaço interior. Já os sete contos da segunda parte não são tão cotidianos assim: dão-se associados ao sacrifício em prol de um ídolo, à imortalidade, a um “suicídio-assassinato” percebido em um incidente epistolar, uma banda inesperada, um assassinato, mais assassinatos, à morte de um pugilista.

Finalmente, os cinco contos na terceira parte apresentam espaços/temas que ambientam: um sonho que se torna realidade de forma insólita, um passeio com o inonimado, a identificação com o axolotl, dois sonhos se “misturando” e o final de um jogo (atos e fatos que podem ou não ser cotidianos).

Alguns elementos são recorrentes em determinados contos, como por exemplo o tempo cíclico e o sacrifício com sangue que está presente em contos como “A noite boca acima”, “O ídolo das Cícladas”, “Uma flor amarela” e “Relato com um fundo de água”. Nos dois primeiros ainda temos uma invasão do místico e do sagrado antigo. O sacrifício ou a renúncia pessoal estão presentes em “Os venenos” e “Axolotl”, com um revoada de novos sentimentos, e uma troca de “personalidade” que ocorre em “Axolotl” e "A noite boca acima”. A mim, impressionou-me e muito.

Os contos são curtos, mas a simbologia é perene. Há que ler mais Cortázar, coisa que farei para poder escrever algo mais consistente dos que estas linhas, que representam uma tentativa de incentivar o leitor que nunca tomou contato com a obra deste engenhoso argentino, como eu, ante de iniciar-me neste que foi o seu segundo livro.

Merecem destaque os contos "A continuidade dos Parques", "Os Venenos", "Ninguém tem culpa", "Axolotl” e o último, "Final do Jogo". São, em meu parco entender, antológicos.
Regente Deo 21/01/2014minha estante
Excelente e precisa a sua resenha.


Flávio 29/01/2014minha estante
O Cortázar é divinamente maluco e inventivo. Não há espaço vazio em seus escritos. Boa resenha!


Marcos.Azeredo 13/02/2017minha estante
Considerado um dos maiores contistas da literatura universal, Pablo Neruda já disse: " Qualquer um que não leia Cortázar está condenado; não lê-lo é uma doença grave e invisível que, com o tempo pode ter terríveis consequências". É um dos meus escritores preferidos, dele já li Bestiário, e Alguém que anda por aí. Este Final de jogo reúne contos antológicos, como "Os veneno"s, onde tio Carlos chegou com uma máquina de matar formigas.E um dos contos mais aclamados em toda sua obra," Continuidade dos parques".





Jpg 26/08/2011

Vício

Você lê o primeiro conto - com menos de 3 páginas - e já entra na brincadeira. Com o tempo se entende a mecânica do jogo, só as peças é que mudam. A partir daí, parece fácil adivinhar os finais dos jogos, entende-se tudo com ambiguidade e não se consegue parar. Tudo o que pode ser, também pode não ser. Depende de como se interpreta as realidades dos contos, de como você joga.

Afinal, a realidade também é um jogo e é viciante.
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Paulo 04/05/2010

Contos
Contos excelentes, alguns realmente excepcionais, mas o engraçado é que, depois que se leem alguns, os demais vão se tornando meio previsíveis: começa-se a se esperar uma espécie de "inversão de realidade", como no penúltimo conto, "A noite de barriga para cima", em que um motociclista sofre um acidente e é internado, começa a ter delírios de que é um homem de uma tribo em luta, fugindo de ser executado pelos inimigos, e nós já sabemos o que vai acontecer: no final ele é, na verdade, o sujeito da tribo, pronto para ser executado, tendo delírios de que é um sujeito na cidade, que havia se acidentado com uma moto.

Essa natureza temática é dada logo de início com o antológico "Continuidade dos parques". Um conto desses, previsível, é "Axolotes", mas sua significação não para nesse aspecto da inversão, e torna-se muito mais importante: o personagem vê, nos olhos do imobilíssimo axolote (um anfíbio que lembra uma salamandra), todo o desespero existencial humano. Não gosto muito do desfecho, que me pareceu um pouco banal, mas o conto é magnífico.

Outro conto genial é "Sobremesa". É um conto "epistolar", narrado exclusivamente por algumas cartas que são trocadas entre os personagens. É incrível como Cortázar consegue uma dinâmica de mal-entendidos e subentendidos, expressando de forma intensa o conflito. Vale reler.

A não ser por esses, gosto muito dos contos sobre crianças, como "Os venenos", "Depois do almoço" e "Final do jogo".
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