spoiler visualizarCast 09/01/2020
Medíocre e com mensagem perigosa.
Antes, duas ressalvas:
Primeiro, eu não sabia que era um terceiro livro de uma coleção, então anulei uma das minhas criticas quanto ao livro, onde eu dizia que parecia um livro incompleto, que faltava informações.
Segundo, eu até pensei em não escrever essa critica até eu ler os anteriores, mas, cheguei a conclusão que esse livro se sustenta sozinho; já que a história do livro tem um começo, meio e fim bem definidos.
Perdido sem Você é um livro de cunho evangélico sobre um romance e as adversidades que dois jovens enfrentam para preservar seus valores morais ao passo que tentam conciliar suas vidas tão diferentes. Lycia Barros tem uma boa narrativa, sabendo prender o leitor pelas as 200 páginas dessa história.
O desenvolvimento da trama é um pouco falho, com pouca coesão e fator causa-consequência mal construído. Não é bem definido o tamanho do sucesso da banda além de números e situações que só acontecem porque sim na trama. Ao mesmo tempo a autora tenta incluir muitas pequenas situações e acaba não desenvolvendo quase nenhuma: é a banda (pouco explorada), a relação pai e filho, a trama com a secretária, a questão do relacionamento (que envolve tentação, ciúmes e confiança) e, o mais importante, a relação com Deus. É muita coisa para pouca página. Além de que, quase toda a resolução é apressada ou simplesmente posta de lado no meio do livro.
O Dante é um exemplo de protagonista identificável. Perfeitos nas convicções e completamente maduro. Um pingo de imaturidade faria ele 100% mais interessante e tornaria seu arco de desenvolvimento melhor ainda. Mas parece que termina onde começou, tendo um pequeno conflito no caminho (falo em aspectos da personalidade, ao meu ver ele não demonstra mudar nesse sentido, apenas aprendeu com os erros, que nem foram tantos). Ah e ele é viciado em redes sociais, mas eu esqueci, assim como o livro...
A Angelina é difícil definir, já que aos olhos de Dante, ela é a perfeição na terra e não tem nenhum defeito. Não sei sobre os outros livros, mas aqui: falta pluralidade. É uma personagem de um tom só.
Emanuel, o único que não precisava de construção, afinal com alguns parágrafos qualquer um já pode dizer o que ele representa (ou quem). Dito isto, essa é a melhor parte do livro: as conversas a beira do lago são os melhores capítulos, são de aquecer o coração.
Os demais personagens são esteriótipos e figurantes. O pai pastor, o amigo engraçadão (que quase tem um desenvolvimento, mas é só usado como comparação), a jovem interesseira, o ex bonitão e por ai vai.
Como é um livro cristão, vamos a mensagem: como um cristão, virgem e que escolheu esperar assim como o protagonista, posso dizer que ela existe, é boa, mas falha no final do livro.
Quando ocorre o término, com um discurso moral de Angelina, achei que o livro fosse chegar a algum ponto, afinal o protagonista estava preso ao sentimento e idolatria por sua namorada, e quase chega a fazer isso, só que faz de forma incompleta.
Em um trecho, ele se reconecta com Deus e ouve em um sonho “Me adore você primeiro”, e ficou só por isso. O livro da um salto do nada, conta um resumo da turnê e volta pro ponto que ele inicia.
Para ficar fácil de entender, o livro “Perdido sem Você” tem como realização e final o casamento e a lua de mel do protagonista. Sério?! O objetivo principal não é (ou deveria ser) se reencontrar com Cristo, preencher o vazio que só Ele pode ocupar? Não sei se foi intencional, mas a mensagem que ficou no final é que se tu for fiel, tudo vai acontecer do jeito que tu queria, o que é uma mensagem perigosíssima para qualquer jovem sem muito conhecimento bíblico.
A vida cristã é de servidão e obediência. Podemos ser prósperos e realizados, mas não é garantido os nossos sonhos serão cumpridos, e sim o que Deus sonha e deseja para nossas vidas.
Um final mais digno seria Dante se reencontrando com Deus e cumprindo seu chamado, ao mesmo tempo que busca voltar com Angelina e tentar se relacionar aos poucos, agora mais maduro e seguindo a direção de Deus. Afinal, como diz em Mateus 6:33 - “Mas, buscai primeiro o Reino de Deus,...”. Sua atitude no final foi impulsiva e emotiva.
Por fim, é um livro no máximo OK, com boa narrativa e plot, mas desenvolvido de forma ineficaz e mal explorando o principal potencial narrativo: a psique de Dante, além de lhe faltar conflitos internos e um pouco de imaturidade. Além disso, a mensagem do livro que até passa um bom ensinamento na parte final, acaba se perdendo na finaleira com um típico fim de novela completamente irreal, mostrando que a autora tem pouco domínio e competência ao desenvolver seus personagens e trama.
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