Cris 18/09/2020O Relojoeiro e o Anarquista"Desde o início eu tinha estabilidade, uma felicidade palpável, uma vida perfeita. Cada coisa tinha o seu lugar, e cada lugar tinha a sua coisa. Eu sabia meu papel no mundo. O que mais poderia querer?" Pág. 7
A história se passa em Albion, um território administrado por uma autoridade que se intitula como “O Relojoeiro’. Neste mundo aparentemente perfeito, “Tudo tem seu motivo”, “Cada coisa tem o seu lugar e cada lugar tem a sua coisa.”
Assim como o funcionamento de um relógio, o funcionamento de Albion é totalmente cronometrado: as pessoas fazem as suas atividades nos horários determinados e até a chuva tem hora marcada pra cair.
Este mundo é um lugar extremamente estável, as pessoas aceitam seus destinos sem questionar, há uma sensação de segurança, ainda que as pessoas não percebam que este modelo de sociedade lhes roube a liberdade e a esperança.
Nesta história, tudo é misterioso e sombrio. Há um toque de magia, de distopia, steampunk e ficção científica. O Relojoeiro é uma autoridade soberana distante do povo, ninguém sabe exatamente como ele é, se é humano ou não, e como ele conseguiu fazer com que o mundo chegasse àquele ponto. Ele na verdade é uma espécie de Deus - poderoso, inalcançável e temível.
E na outra face da moeda, temos O Anarquista, que é exatamente o oposto do Relojoeiro. O Anarquista é contra o sistema regulado, se dependesse dele, este mundo seria um caos, sem ordem e sem padrões.
Owen é um jovem que cuida de um pomar de maçãs com seu pai, e tudo indica que ele passará seus dias fazendo a mesmo coisa. Porém, às vésperas de se tornar maior de idade, num momento impulsivo, ele embarca em uma grande aventura. A partir daí ele vai para lugares que só conhecia pelos livros, e sente na própria pele as primeiras dores e desilusões, ao mesmo tempo em que se encanta pelo desconhecido e pela novidade.
Este é um livro realmente incrível. O livro foi escrito pelo Kevin J. Anderson (Eu já tinha lido um outro livro dele e gostado bastante), mas a história é baseada no álbum ”Clockwork Angels”, da banda Rush, que tem letras compostas pelo Neil Peart, que era o baterista da banda. Eu fiquei encantada com as descrições e com a narrativa da história. Depois de ler, fui ouvir o álbum, e fiquei encantada com as letras, e como eles conseguiram transformar tudo aquilo em um livro. Além disso, o livro possui ilustrações esplendorosas do Hugh Syme, e temos que destacar o belíssimo trabalho gráfico da Editora Belas Letras.
A história é diferente de tudo o que eu já li. É possível ao mesmo tempo se envolver com a história do Owen e sentir as emoções dele, além da aventura, o livro tem um toque melancólico e reflexivo. Só fiquei um pouco decepcionada com o final, porque eu esperava algumas respostas que não obtive, porém, recomendo demais esta história, vale a pena a viagem!
"Otimismo era um veneno tão traiçoeiro que deixava a pessoa contente sem para saber que havia sido envenenada." Pág. 161
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