Paulinha 08/04/2024Autobiografia do tempo...A escrita de Zweig é magnífica, a forma como ele consegue encaixar fatos pessoais (que são poucos) com os fatos históricos é surpreendente.
Por mais que o título traga "autobiografia" em seu título, nesse livro Zwieg se preocupa em retratar o mundo de ontem, não a vida dele em si. Claro, há fatos pessoais narrados aqui, mas são muito poucos. A forma como a Primeira Guerra Mundial abalou seu emocional molda toda sua vida depois dela. Quando a Segunda Guerra eclode, o autor já está em uma pilha de nervos, depressivo, porque ele sabe que a história vai se repetir. Há um trecho em que ele está na Inglaterra, quando os ingleses declaram Guerra contra a Alemanha, e vê mulheres olhando as vitrines das lojas despreocupadamente, e logo lhe vem e mente as cenas da Primeira Guerra, em que mulheres magras fazem filas quilométricas para conseguir a ração da semana para sua família.
Um homem atormentado pelo passado, e com saudade do passado anterior a Primeira Guerra.
Zweig conheceu os maiores artistas de seu tempo, escritores, pintores, músicos, cantores, várias personalidades conhecidas e desconhecidas nos são apresentadas.
Temos um panorama da vida europeia antes das guerras, durante elas e entre elas.
Esse livro é maravilhoso, conhecemos nele o passado e fazemos paralelos com o nosso presente, tanta coisa se repete. Evoluímos tecnologicamente, mas no grosso, ainda somos os mesmo que os nossos pais, como diz a maravilhosa música de Elis Regina.
Acho que este é o resumo dessa bela autobiografia, não importa o quanto avancemos em tecnologia, sociedade, filosofia, arte, o ser humano sempre cometerá os mesmos erros. O eco das grandes guerras está cada vez mais ruidoso, o tempo em que vivemos está bem similar ao passado.