Thiago 10/04/2017Insights do livro Não Me Faça PensarConforme estudamos Marketing Digital e SEO, eventualmente esbarramos nos assuntos Experiência do Usuário (UX) e Usabilidade na web. E é muito comum que a referência para se aprofundar um pouco mais nesses temas seja o livro Não Me Faça Pensar, de Steve Krug.
Não é à toa! O livro traz uma abordagem muito bem-humorada e direta sobre usabilidade, além de alguns insights valiosos que eu vou listar aqui. Acompanhe!
Usabilidade: o que é
Usabilidade se refere ao entendimento das pessoas sobre as coisas que elas usam. Tem a ver com a facilidade com a qual elas usam objetos, ferramentas, sites, aplicativos, etc. Não tem a ver necessariamente com tecnologia.
Definição mais curta de uma coisa usável:
Uma pessoa na média (ou mesmo abaixo dela) será capaz de descobrir como usá-la para desempenhar algo sem obter ônus maiores que os bônus.
Definição mais elaborada de usabilidade:
Uma pessoa com conhecimento e experiência normais (ou mesmo abaixo da média) pode descobrir como usar a coisa [isto é, aprendabilidade] para realizar [efetividade] sem ter mais problemas do que o que valeria a pena [eficiência].
Ou seja, se você perceber que precisa de muito tempo investido para conseguir usar algo, provavelmente não vai usar.
Entendido o conceito de usabilidade, podemos ver os princípios de usabilidade voltados para a web.
Princípios de usabilidade na web—Primeiras impressões
O ponto do autor com o título “Não Me Faça Pensar” é que, na Internet, estamos o tempo todo diante de distrações e escolhas. Então, a melhor providência que os administradores de sites podem tomar a favor da usabilidade é tornar essas escolhas irracionais.
Quando um usuário entra em uma página na web, o ideal é que ele consiga entendê-la sem fazer esforço. Se a página não for autoexplicativa, as chances de o visitante se frustrar são enormes.
Há 4 perguntas que todo site deve responder quando alguém o acessa pela primeira vez. São perguntas que todos fazemos internamente, mas talvez nunca tenhamos nos dado conta:
O que é isto?
O que eles têm por aqui?
O que posso fazer aqui?
Por que devo estar aqui e não em algum outro site?
Se um site não for capaz de responder essas perguntas com facilidade, provavelmente o usuário vai fechar a aba.
Funciona assim: quando entramos em um site, temos um objetivo, e queremos cumprí-lo sem precisar pensar em questões irrelevantes. Mas se o site tiver uma navegação ruim e informações confusas, gastamos tempo e energia com esses problemas desnecessários.
Princípios de usabilidade na web—Clareza das informações
Convenções: convenções são padrões da web que todos já conhecem (logo no canto superior esquerdo da página, texto clicável com cor distinta do texto comum etc.).
Dê nomes óbvios a opções do menu, categorias etc. — nomes engraçadinhos podem confundir. Pode usar a criatividade, mas tem que garantir que os recursos são usáveis.
Hierarquia visual: é fácil entender que certos elementos fazem parte de outros?
Divisão da página em áreas claramente definidas: isso ajuda os usuários a se concentrarem nas partes da página que realmente os interessa, ignorando as partes desnecessárias sem problema. Aqui, o autor até comenta sobre a cegueira de faixa (banner blindness), habilidade consciente ou não em que uma pessoa consegue ignorar áreas que contenham anúncios.
Deixe óbvio quais elementos podem ser clicados: nada de pensar “é só o usuário passar a setinha em cima e ver se vira mãozinha”. Por menor que seja, isso é um esforço. Sem falar que não funciona para quem estiver usando uma touch screen. Use sempre uma cor diferente para o texto dos links e não use essa cor onde não for possível clicar.
Use pistas visuais: as pessoas devem notar rapidamente os elementos que precisam para realizar suas tarefas. Então, use pistas visuais como estilo tridimensional de botões para mostrar que estão ali para serem clicados e contorno em volta de um campo mostrando que ele deve ser preenchido. Não precisam estar na cara, precisam ser visíveis.
Minimize a confusão: elimine todos os elementos desnecessários de suas páginas web. Se algo não for importante, é porque é ruído.
Pense em quem está só de passagem: aqui entram as técnicas de escaneabilidade de um conteúdo. Use intertítulos/cabeçalhos para dividir as seções do texto, evite grandes blocos de texto escrevendo parágrafos curtos, use marcadores (bullet points) e destaque as palavras-chave em negrito*.
*Se você quiser destacar as palavras-chave de um link, não precisa colocá-las em negrito. O link já vai destacá-las.
E para encerrar o assunto clareza, fica a regra:
“Clareza fala mais alto que consistência”
Se você puder deixar algo significantemente mais claro tornando-o levemente inconsistente, não pense duas vezes.
Princípios de usabilidade na web—Navegação
A navegação é parte inerente da web. Tanto que usamos um navegador web para acessar sites na Internet.
Por ser um aspecto tão básico, a navegação é essencial para a usabilidade de um site. Se as pessoas não conseguirem navegar por ele, elas simplesmente vão abandoná-lo.
Antes de montar a navegação do seu site, lembre-se que é ela que dá senso de direção ao visitante, informando-o onde ele está e para onde ele pode ir.
Enquanto alguns usuários preferem navegar pelas opções do menu e links do site (usuários link dominant), outros acham mais prático buscar diretamente o que estão procurando (usuários search dominant). Portanto, não deixe de incluir uma caixa de busca no seu site.
Dito isso, veja quais elementos os usuários precisam identificar facilmente quando entram em uma página:
Identidade do site;
Nome da página;
Navegação global (seções e subseções);
Navegação local (opções dentro do nível em que você está);
Indicador(es) do tipo “Você está aqui”;
Exemplos: destaque na opção selecionada no menu ou migalhas de pão (breadcrumbs)—elemento que mostra o caminho desde a página principal (home) até onde o usuário está.
Pesquisa.
Mobile
O acesso à Internet por meio de dispositivos móveis já superou o desktop no Brasil (EBC) e no mundo (StatCounter).
Em 2016, os aparelhos móveis e tablets superaram o desktop em acessos à Internet. Portanto, é fundamental que o seu site funcione em diversos tamanhos de tela.
Além disso, desde 2015 o Google favorece o posicionamento de sites compatíveis com dispositivos móveis nos resultados das buscas realizadas desse tipo de aparelho.
Qual a melhor solução para isso? Usar um design responsivo.
Nesse cenário, eis a importância da metodologia mobile first: em vez de criar a página web e depois cortar recursos para fazer a versão mobile, faz-se a versão mobile primeiro, com os recursos mais importantes, e depois, adiciona-se mais recursos na versão desktop.
Pode ser que o site mobile acabe sendo mais profundo que a versão para desktop, exigindo mais cliques/toques ou mais rolagem de tela para alcançar certos conteúdos. Mas fique tranquilo. Devido ao espaço mais limitado, isso é totalmente normal.
Lembre-se de sempre fornecer um link para a versão completa/full do site. É preciso dar opção aos usuários, principalmente se a versão desktop tiver mais funcionalidades que a versão mobile.
Acessibilidade
Para que o seu site seja usável por todos, você precisa incluir nele a acessibilidade. Imagine o quanto você pode melhorar a vida de pessoas com incapacidades apenas fazendo alguns ajustes nas suas páginas.
Passos mais importantes para implementar acessibilidade:
Adicionar o atributo alt (texto alternativo) nas imagens para ajudar usuários de leitores de tela;
Use títulos corretamente para facilitar a organização — para o título da página, para os títulos das seções da página, para os títulos das subseções da página e assim por diante;
Usar nos formulários para as pessoas saberem o que digital;
Criar um link “Ir para o conteúdo principal” para o usuário não precisar ouvir a navegação global;
Torne o conteúdo acessível pelo teclado (nem todos podem usar um mouse);
Atenção ao contraste entre o texto e o fundo;
Use um tema do WordPress preparado para acessibilidade.
Você pode ler mais sobre a acessibilidade na web no site da WebAIM ou usar ferramentas como o Acessibility Checker para analisar a acessibilidade do seu site.
As 3 leis de Krug
Para finalizar, ficamos com as três leis de Krug sobre usabilidade, que de certa forma resumem muito bem tudo que vimos até aqui.
1ª lei de Krug sobre usabilidade:
“Não me faça pensar.”
2ª lei de Krug sobre usabilidade:
“Não importa quantas vezes eu tenho que clicar, desde que cada clique seja uma escolha impensada e não ambígua.”
3ª lei de Krug sobre usabilidade:
“Livre-se de metade das palavras de cada página. Depois, livre-se da metade das que restaram.”
site:
https://thiago-xavier.com/insights-do-livro-não-me-faça-pensar-486efbba26bf