Refúgio Literário 14/12/2016
Um mundo de alucinações
Sabe aquele livro e aquele autor, que você não sabe o que esperar? Assim foi Rockfeller, assim é Alexandre Apolca. Mas você deve estar se perguntando, por que eu não sabia o que esperar do autor, vou explicar.
Algum tempo atrás, li, na verdade tentei ler, o Livro Legna, o primeiro livro publicado por Alexandre. No quinto capitulo desisti, pensava o que aquele autor (que não conhecia) queria dizer com toda aquela história enrolado, com aqueles diálogos sem nexo. Por isso quando peguei Rockfeller em mãos, recebido do próprio autor, fiquei imaginando o que esperar. Ai foi a minha tamanha surpresa, encontrei um Alexandre mais seguro, um autor que enfim tinha encontrado seu caminho.
Rockfeller traz a história de Beto Rockefeller, um jovem comum, ou quase, que só queria viver a vida, ser cantor de rock e se divertir com seus amigos. A historia começa nos anos 80, 90 onde Beatles, Legião Urbana, Raul Seixas e outros tocavam em todas as rádios. E essa a trilha sonora que acompanha a vida de Beto, um dos pontos fortes do livro, já que em todo o enredo encontramos boas filosofias vividas por Renato e outros de nosso rock nacional.
Beto depois de uma "pequena" confusão com a Polícia de São Paulo, acaba tendo que se mudar apara a cidade de São Thomé das Letras, em Minas. Ai encontrei outro encanto do livro, Alexandre pesquisou sobre a cidade para incluí-la na história, na verdade foi nessa cidade que ele se inspirou para escrever Rockfeller. Me apaixonei por essa cidade, que até mesmo coloquei algumas fotos para vocês verem, afinal ela é cheia de segredos, possíveis "visitas" de seres extraterrestres e outras lendas, como o livro cita a cidade é conhecida como a Machu Pichu (Peru) do Brasil.
Abaixo fotos de São Thomé das Letras:
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Ali Beto inicia um relacionamento com Anita, namorada do seu grande amigo, e que passaria a ser a mulher que mudaria, mudaria mesmo sua vida por completo. A partir dai a vida do personagem se transforma e ele deixa de ser aquele jovem inconsequente, para se tornar um homem que faz tudo, tudo por quem ama. Não vou contar mais, se não sairá muito, muito spoiler.
Entre os assuntos trazidos nos livros temos as rebeldias dos jovens, a síndrome da Mão Alheia (Aquela onde a mão não obedece seu corpo e parece ter vida própria). Mas o principal assunto que me chamou bastante atenção, são os delírios do personagem. Entre todas as suas aventuras e reviravoltas que a vida dá, ele sempre observa um corvo lhe seguindo, e várias alucinações que acontecem junto disso. Para ele tudo de ruim que acontece em sua vida, é trazido por este corvo que sempre está presente. Ai vemos um caso de esquizofrenia, onde Beto parece ter grandes crises de ficção.
Um ponto negativo que deixaria sobre o livro, são as cenas eróticas, não são frequentes, foram 3 ou 4, durante o enredo, mas é algo que realmente não necessitária.
Alexandre se arriscou ao escrever o livro, afinal ele conduz uma história onde tudo pode acontecer, onde Beto é um personagem imprevisível, suas atitudes muitas das vezes não são esperadas. E essa imprevisibilidade de acontecimentos, é o ponto forte que o autor encontrou para surpreender, até chegar a um final que ninguém, ninguém mesmo imaginaria.
O livro narrado em primeira pessoa pelo próprio Beto, me deixou em muitos momentos pensando, se aquele livro era uma obra de ficção ou relatos reais. Acompanhamos Beto de sua juventude, até sua morte. São poucas páginas, cerca de 184, em 39 capítulos curtos. Nada mais, nada menos do que necessário para deixar o leitor aflito, emocionado e muitas das vezes até chocado com tudo que acontece com nosso personagem.
Alexandre conseguiu se renovar, e enfim mostrar ao que veio, encontrou seu gênero, encontrou seu espaço. Não é a toa que o livro ficou muito tempo entre os 10 mais vendidos da Amazon.
Seja bem vindo ao mundo dos jovens roqueiros, seja bem vindo ao mundo de alucinações, seja bem vindo a Rockefeller.
site: http://saotantas.blogspot.com.br/2016/12/resenha-rockfeller-de-alexandre-apolca.html