Antonio 02/07/2016
Estamos sós
São solitários os que vagueiam pelos catorze contos da coletânea de estreia de Lucas Verzola na ficção, finalista do SESC de Literatura 2013/2014.
Apesar do título, o livro São Paulo depois de horas não encontra seu fio condutor no espaço ou no tempo: o que une cada uma de suas histórias é a angústia da solidão que enfrentam suas personagens - sejam elas filhos de jogador de futebol, jornalistas, professores, empregadas domésticas, sequestradores ou cafetinas.
Há, neste livro, contos que merecem ser guardados na memória - é o caso de Sobre Cigarros e John Coltrane, Amor Fiado, São Paulo Depois de Horas, A História de Jurema e Vésperas.
O projeto gráfico de São Paulo depois de horas, a cargo de Leonardo Mathias, merece destaque: em sintonia com o tom obscuro dos textos (por sinal, muitas das histórias se passam à noite), sua capa (aliás, dura) é o primeiro contato que fazemos com os mundos criados por Lucas Verzola - o pôr do sol só é bonito pra quem é otimista.
Trecho do livro:
"Tenho sonhos estranhos. Figuras assustadoras, como arlequins de carnavais e bailarinas de caixinhas de música, a gargalhar da minha cara. Coros de escárnio. Cirandas de decepção." (p. 47, no conto Amor Fiado)
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