spoiler visualizarMarcos 06/03/2024
Irônico e... Fruto de sua época
Swift buscou criticar a situação política da Irlanda com essa livro e os próprios livros de viagens da Era dos Impérios.
Swift faz uso de quatro ilhas, ou melhor, quatro viagens, para abordar suas críticas à filosofia, política, história entre outras. A primeira eu diria que é uma lição de humildade, já que Gulliver se torna prisioneiro e dependente de uma nação de pequeninos. Por mais que Gulliver pudesse destruir o país inteiro sozinho, não valeria a pena porque a quantidade de qualquer grande riqueza para os pequeninos era ínfima para Gulliver.
Na segunda, segue na mesma linha, mas dessa vez dando a perspectiva de "pequenez", pois agora, é Gulliver o pequenino. Na ilha dos Brobdingnag, Gulliver é tão impotente que até mesmo um rato era uma ameaça. O poderia natural dessa nação era tão gigantesco que não seria prudente uma invasão.
Na terceira, o avanço tecnológico de Laputa repelia qualquer chance de ataque vinda do império inglês. Por mais que o avanço de Laputa fosse baseado na matemática, qualquer outra ciência era uma verdadeira maluquice (até parece algumas nações que privilegiam ciências exatas em demérito das humanas e sociais).
Na última, a ilha dos Houyhnhnms, Gulliver encontra seu sonho de civilização (o sonho, na verdade, é de Swift). A nação de cavalos com uma "moralidade superior" me lembra a ideia de nação perfeita de Platão. Claro que que temos os Yahoo, que são a especial humana em sua essência (ao menos da perspectiva de Swift).
Achei interessante como Swift idealizou todas as ilhas, seus idiomas e suas culturas com base nas críticas que queria fazer. Me pareceu que, devido ao desgosto com a humanidade, Swift condenou os seres humanos a escravos de cavalos pela ignorância dos primeiros (e bem, de certa maneira, é justamente o que fazemos com os animais). Recomendo a leitura se tiver interesse em literatura inglesa, já que esse se torna um contraponto aos livros de Verne, por exemplo.