Naty__ 26/01/2015Esse mundo criado pela autora precisa existirAntes de falar sobre a história do livro, quando li a resenha, fiquei surpresa pelo fato de não haver muitas informações a respeito. Na realidade, não tinha informação alguma, porque a sinopse não é exatamente um resumo sobre o enredo, mas apenas um trecho do livro. Não sabia se pulava de felicidade ou se lamentava por não ter conhecimento do que tinha em mãos. O fato é que saber demais acaba prejudicando, então preferi ficar feliz pela autora restringir as informações.
O início da obra já deixa o leitor boquiaberto. Johnny Silva morava em Franca, interior de São Paulo, e foi embora de lá sem se despedir das pessoas que ele tinha contato. Ele é o típico garoto que não se apega a nada e nem a ninguém. É o jovem mais cobiçado da região pelas mulheres, porém, ele não sentia carinho por nenhuma delas. Envolvia-se mais pelo toque e a necessidade de exibição. Johnny jamais poderia perder a fama de mais bonito. Para manter a forma, com frequência, ele se exercitava nos aparelhos da praça. Além de sua preocupação física, o rapaz gostava de frequentar muitas festas e organizava outras tantas em seu apartamento.
Em sua última festa promovida, Johnny estava rodeado com os jovens e iniciaram uma conversa sobre as maiores loucuras realizadas. Um deles comenta que o vizinho ganhou uma passagem para passar uma semana na Flórida, só que os pais dele não o deixaram ir. Até que Johnny indagou para saber os detalhes e descobrir quem era esse vizinho. Ele tinha um plano em mente: já que Geraldo não podia ir até a Flórida, ele iria em seu lugar e faria tudo o que fosse necessário.
“– Querido, nosso mundo é o mesmo, a diferença é que tem uma neblina em volta de Enigma que engana as vistas de quem está do lado de fora. O seu povo tem uma habilidade incrível de destruir a própria Terra. Se descobrirem isso aqui, destruirão tudo em pouco tempo também” (p.48).
Com a passagem em mãos, os documentos falsificados, Johnny embarca para a Flórida. Entretanto, o que o jovem não previa é que uma surpresa mudaria o destino de sua viagem. Ao sobrevoar a Ilha das Bermudas, o avião passa por uma grande turbulência. Esse local é também chamado de Ilha do Diabo, por fazer menção aos desaparecimentos de aviões e navios. Com a trepidação exacerbada, Johnny começa a notar um vento estranho, parecia que o avião estava sendo sugado. Desesperado e com medo de morrer, ele vai até a saída de emergência e decide se jogar.
A história já começa tensa e, no decorrer dela, isso apenas aumenta. Quando Johnny se joga do avião, a obra dá uma reviravolta e passamos a tratar o protagonista como um coitado. Queremos ajudá-lo a voltar para sua casa, mas, ao mesmo tempo, não queremos que ele volte. Afinal, o rapaz é encontrado em um lugar diferente. É chamado de mundo paralelo, onde as pessoas são evoluídas, os equipamentos são de última geração e as roupas são feitas para ajustar a temperatura ambiente com a do corpo. A alimentação é diferenciada e o teletransporte existe. O que eu mais queria era vivenciar essa história para poder viajar em um piscar de olhos.
Ele é encontrado por uma jovem chamada Hera. Johnny perdeu a memória e não lembra seu próprio nome. A moça o leva para casa, passa a cuidar dele e o ensina a viver nesse mundo diferente. Embora seja um lugar que ele não esteja habituado, Johnny gosta da calma e da visão que esse mundo o proporciona. Porém, ele precisa ir embora, precisa voltar para sua casa, para os seus pais, só não sabe como fazer isso.
“– O céu daqui tem mais estrelas e a lua parece maior – refletiu Johnny.
– O fato de se ver menos estrelas em seu mundo é porque existem luzes nas ruas que ofuscam o céu – afirmou Haretom.– E a lua parece menor, porque mesmo que ela caísse na Terra, ninguém a notaria. As pessoas não contemplam o universo – acrescentou Morgana” (p.235).
A obra é recheada de personagens diferentes; é difícil definir exatamente um gênero, pois você pode encontrar muitos dentro dela. Fantasia, romance, suspense, drama. Tudo o que você imaginar nessa obra tem. Bruxas, sereias, anciãos e muito mais.
O que me atraiu, a princípio, foi a capa. Ela é muito bem feita e os detalhes são riquíssimos. O nome é curioso, mas não foi o que me chamou a atenção logo de início. Outro ponto importante é a diagramação, ela é simples, mas é muito bem feita. O espaçamento e a letra proporcionam uma leitura agradável e as páginas amareladas apenas contribuem.
O livro é indicado para todas as idades. Você vai rir, ficar aflito, se descabelar e, o mais importante, vai se encantar com esse mundo criado por Rita Pinheiro. Pudera eu viver nesse lugar pintado por ela. Certamente, você irá se apaixonar pela obra. Embarque nesse novo mundo.
“– Acreditamos que existem seres mais poderosos que nós, como o sol e muitos outros no universo, mas não os culpamos pelos nossos fracassos, nem atribuímos a eles o mérito de nossas conquistas, como faz seu povo” (p.252).